Capítulo 11:solidão ou companhia?

O sol mal havia se erguido quando Liz acordou, como que despertando para uma realidade que se tornava mais desafiadora a cada momento. A mansão de Aubrey ainda parecia estranha, apesar de sua beleza imponente. Ela estava sozinha naquele grande quarto, o silêncio pesado preenchendo o espaço. O vento frio da manhã passava pelas cortinas de névoa, mas Liz sentia-se em um estado de torpor, sem saber exatamente como dar o próximo passo.

A noite anterior, com o jantar requintado e as palavras tranquilizadoras de Aubrey, ainda ecoava em sua mente. Mas, apesar de todo o cuidado dele, Liz sentia uma desconexão crescente com o ambiente ao seu redor. A casa era grande demais, implacável demais, e ela... ela ainda estava tentando se encontrar ali.

A campainha tocou, e Liz se levantou com um suspiro, indo até a porta. Era uma das assistentes de Aubrey, com uma pilha de papéis nas mãos. "Aubrey pediu para você se preparar. Hoje é o dia do seu primeiro evento oficial como noiva dele", disse a jovem, sem olhar diretamente nos olhos de Liz, como se a formalidade daquele papel já fosse algo natural.

Liz olhou os papéis com um leve desconforto. O que ela sabia sobre eventos como aquele? Ela não estava preparada para ser o centro das atenções, não estava pronta para ser uma figura pública. Mas não havia escolha. Não mais.

Vestiu-se rapidamente, escolhendo uma roupa sóbria, mas elegante, e desceu até o salão onde Aubrey já a aguardava, vestido com sua impecável confiança. Ele estava de terno, o sorriso no rosto, como se aquela vida fosse tudo o que ele sempre quis. Ela ainda tentava se acostumar com a ideia de ser parte desse mundo.

"Bom dia", disse Aubrey, se aproximando e beijando-lhe a testa, como se fosse um gesto simples, mas que a fez se sentir ainda mais distante. "Pronta para o discurso de hoje?"

Liz hesitou, forçando um sorriso. "Sim... Acho que sim."

Ele a guiou até a saída, onde um carro aguardava para levá-los até a sede da empresa. "Será fácil, Liz", ele disse, como se estivesse falando sobre qualquer outra coisa. "Vamos falar um pouco sobre nosso noivado, e tudo vai se encaixar."

O que ele não sabia era que Liz não estava tão preocupada com o evento em si, mas com o que vinha depois. As câmeras, os olhares, as perguntas incessantes que ela não sabia como responder. Ela só queria desaparecer naquele momento.

Chegaram à empresa, e Liz logo se viu diante de um grande palco, com uma plateia cheia de executivos e jornalistas. Aubrey estava ao seu lado, pronto para brilhar como sempre. Liz sentiu uma onda de insegurança, mas, ao seu lado, Aubrey parecia imperturbável, como se fosse a coisa mais natural do mundo estar ali. Ele pegou sua mão, como sempre fazia, e a conduziu até o microfone.

"Senhoras e senhores, estamos aqui hoje para celebrar nossa união, nosso noivado", começou Aubrey, com sua voz firme e segura, encarando a plateia com uma confiança impressionante. "A Liz e eu estamos muito felizes com o apoio de todos vocês, e queremos dividir esse momento com nossos amigos, familiares e colaboradores."

Liz se sentiu fora de lugar, mas, ao seu lado, Aubrey continuava a falar com naturalidade. Ela tentou sorrir, seguiu suas palavras, mas tudo parecia como um filme distante. Quando chegou sua vez de falar, a plateia a observava atentamente, e ela sentiu a pressão de todos os olhos sobre ela.

"Eu... é um prazer estar aqui", começou, a voz baixa, mas determinada. "Agradeço pelo apoio de todos e espero poder aprender com este novo capítulo da minha vida, ao lado do Aubrey."

Ela sabia que havia dito o suficiente, e, com isso, a atenção se voltou novamente para Aubrey, que tomou a palavra e fez mais alguns comentários sobre a parceria entre ele e Liz, deixando claro que o noivado era parte de um novo passo tanto pessoal quanto profissional para ambos.

Quando o evento finalmente terminou, Liz se sentiu aliviada por poder sair daquele palco e respirar novamente. Aubrey parecia satisfeito com a forma como tudo ocorreu, mas Liz estava exausta. O peso das expectativas parecia ter aumentado. Eles entraram no carro e, no caminho de volta para casa, ela sentiu o silêncio entre eles. Aubrey parecia imerso em seus próprios pensamentos, e Liz... Liz estava perdida em uma mistura de insegurança e desejo de se afastar.

Quando chegaram em casa, Liz entrou na mansão e sentiu o vazio da grande casa mais uma vez. Aubrey estava prestes a sair para um evento de negócios, como sempre, e ela ficou ali, sozinha. O dia inteiro estava à sua frente, com poucas coisas para fazer, além de esperar o retorno dele. Uma sensação de claustrofobia começou a tomar conta dela.

Ela precisava de algo mais. Algo para se distrair.

Decidiu sair. Colocou um casaco e saiu pela porta principal, sem avisar a Aubrey, como se aquele fosse um pequeno ato de rebeldia contra a monotonia que sua vida se tornara. Caminhou pelas ruas da cidade, tentando se perder na multidão. As pessoas iam e vinham, alheias ao fato de que uma jovem mulher, recentemente noiva de um homem influente, caminhava sozinha entre elas. Sentia-se mais próxima de quem ela era antes, mesmo que por um breve momento.

Liz se perdeu na caminhada, sem destino, sem pressa. Ela observava as vitrines das lojas, as ruas movimentadas, as conversas dos passantes. Tudo parecia tão... normal. Como a vida que ela havia deixado para trás. Mas ela não podia voltar. Estava presa em um caminho que, de alguma forma, parecia desenhado por outra pessoa. Ela ainda não sabia como fazer parte desse novo mundo, e talvez nunca soubesse.

Enquanto caminhava, seu telefone vibrou. Era uma mensagem de Aubrey: "Chegando em breve. Onde você está?"

Ela olhou para o celular, hesitou por um momento e, então, decidiu não responder. Às vezes, o silêncio parecia ser a única fuga que restava. Ela continuou andando, enquanto a cidade ao seu redor seguia com sua rotina, alheia à confusão dentro de seu coração.

E naquele momento, no meio da multidão, Liz sentiu pela primeira vez que talvez fosse possível encontrar um pouco de paz em sua própria companhia.

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