A madrugada estava silenciosa e fria, com a lua iluminando parcialmente os corredores da mansão. O clima na casa estava tenso e opressor, como se o ar estivesse pesado com os pensamentos não ditos. Liz estava encolhida debaixo das cobertas, o corpo ainda tenso, os olhos marejados pela noite tumultuada que acabara de viver. Ela se sentia exausta, mas não conseguia dormir, como se a insônia fosse um reflexo da inquietação interna. As palavras de Aubrey, o beijo forçado, o tapa… Tudo isso girava em sua mente, cada pedaço do quebra-cabeça mais confuso do que o anterior.
Aubrey, por sua vez, também estava longe de encontrar paz. Ele estava em pé, no meio do corredor, parado em frente à porta do quarto de Liz. O silêncio entre eles parecia mais insuportável a cada segundo, e ele sabia que precisava fazer algo. Ele não podia deixar tudo ficar assim. A briga deles, as palavras não ditas, a ferida aberta… Ele estava frustrado consigo mesmo, mas mais do que isso, ele sabia que o que acontecera entre eles era mais do que uma simples discussão. Algo maior estava em jogo, e ele precisava entender o que sentia, o que Liz sentia, e o que eles ainda podiam construir juntos, ou se estavam irremediavelmente quebrados.
Aubrey hesitou por um momento, observando a porta de Liz. Ele sabia que ela estava lá dentro, se afastando dele, mas a necessidade de resolver as coisas o fez agir. Em silêncio, ele se afastou da porta e desceu até o pequeno móvel ao lado da entrada, onde sabia que guardava uma chave reserva para o quarto dela. Ele a pegou com a mão trêmula, respirando fundo antes de voltar para o corredor e, com um movimento suave, destrancar a porta.
Dentro do quarto, Liz estava deitada, o rosto enterrado no travesseiro, tentando evitar os pensamentos que teimavam em invadir sua mente. Ela ouviu o som suave da porta se abrindo, mas não se mexeu. Não queria ver ninguém. Não queria ver Aubrey, não depois de tudo. Porém, a presença dele no quarto era inegável. Ela levantou a cabeça, seu olhar encontrando o dele com um misto de surpresa e cansaço.
Aubrey entrou devagar, sem dizer uma palavra, os olhos fixos nela. Liz sentiu um calafrio percorrer sua espinha ao vê-lo ali, mas não o desafiou. Ele parecia… diferente. Mais vulnerável. Talvez até mais humano. Ela não sabia o que pensar.
"Você entrou aqui sem pedir permissão", Liz disse, sua voz áspera, ainda carregada de raiva e confusão. “Você não tem o direito de fazer isso, Aubrey.”
Aubrey fechou a porta com cuidado e deu um passo em direção à cama, olhando para ela com uma intensidade que ela não conseguia ignorar. "Eu sei", ele respondeu, a voz suave, mas carregada de frustração. "Eu não queria te magoar, Liz. Eu sei que fiz tudo errado, e eu… eu preciso falar com você."
Liz se sentou na cama, ainda de olhos fixos nele. Sua raiva havia se transformado em algo mais complexo — uma mistura de desconforto, mágoa e… incerteza. Ela não sabia o que estava acontecendo com ela. "Falar sobre o quê, Aubrey? Você me beijou sem nem ao menos me perguntar o que eu queria. E depois você me gritou, como se eu fosse obrigada a fazer tudo o que você manda. O que você quer de mim?"
Aubrey deu um passo à frente, seus olhos agora mais suaves, mas ainda carregados de uma dor profunda. "Eu… eu sinto algo mais por você, Liz. Algo que não sei explicar. Desde o começo eu só tentei fazer o certo, seguir o acordo, mas a verdade é que eu me importo com você. E isso está me destruindo porque eu não sei como lidar com isso."
Liz o olhou com um misto de surpresa e incredulidade. O que ele estava dizendo não fazia sentido. Ela o conhecia, sabia quem ele era, sabia o que ele queria. "Aubrey, o acordo entre nós não falava de sentimentos. Nós dois sabíamos disso. Não havia lugar para isso. Não era para ser assim. Não era para ser mais do que um contrato."
Ele olhou para ela, os olhos agora escurecendo com a intensidade de suas emoções. "Eu sei, mas isso não muda o que eu sinto. Não muda como as coisas mudaram entre nós. Eu pensei que… que eu poderia controlar isso, que poderia te manter distante, mas não consegui. Você entrou na minha vida de um jeito que eu não planejei, Liz. Eu não planejei me apaixonar por você."
Liz sentiu um nó apertado na garganta. As palavras dele a atingiram, mas ela não sabia o que fazer com elas. Ela não sabia o que sentia por ele, e não sabia como se sentir sobre isso. Era tudo tão confuso, tão errado. Ela respirou fundo, tentando manter o controle, tentando não ceder à vulnerabilidade que ele estava despertando nela.
"Eu não sei o que sinto, Aubrey." Sua voz estava mais baixa agora, mais fraca, como se ela estivesse quebrando em pedaços. "Eu só sei que o acordo entre nós não dizia nada sobre sentimentos. Era um contrato, apenas isso. Eu não… não entendo como chegamos aqui. Como você começou a sentir algo por mim. Como… como isso se tornou tão… complicado."
Aubrey ficou em silêncio por um momento, absorvendo suas palavras. O peso daquelas palavras fez seu coração apertar, mas ele não queria desistir. Ele não podia desistir, não agora que finalmente admitira a verdade para si mesmo. "Eu sei que você não entende, Liz. Eu também não entendo. Mas… mas eu preciso tentar. Não posso mais fingir que nada disso significa alguma coisa. Porque significa. E… e se você não sentir o mesmo, tudo bem. Mas eu precisava te dizer."
Liz olhou para ele, os olhos piscando de confusão e dor. Ela não sabia o que responder, não sabia como lidar com o que estava acontecendo. O que ele estava dizendo parecia tão distante de tudo o que ela esperava, tão distante do acordo que haviam feito. E, no fundo, ela não sabia o que ele esperava dela agora.
"Eu não posso prometer o que você quer, Aubrey." Ela disse, a voz falhando um pouco. "Eu não posso te dar uma resposta agora, não posso te dizer que sinto o mesmo. Não posso. Eu só sei que… isso tudo é muito para mim. Muito rápido, muito intenso. Eu não sei o que fazer com isso."
Aubrey, embora ainda com a dor visível em seus olhos, deu um passo atrás, respirando fundo. "Eu entendo, Liz. Eu não quero te forçar a nada. Eu só… só precisava que você soubesse."
Liz sentiu o peso das palavras dele caindo sobre ela, mas, ao mesmo tempo, havia um alívio estranho. Talvez fosse a primeira vez que ela se sentia realmente ouvida, mesmo que não soubesse como se sentir sobre ele. Ela olhou para ele, a expressão suave, mas cansada.
"Eu… preciso de tempo, Aubrey. Não posso dar uma resposta agora."
Aubrey a observou em silêncio por um momento, antes de finalmente acenar com a cabeça. "Eu vou te dar o tempo que precisar. Mas, por favor, saiba que estou aqui. E vou esperar o tempo que for preciso."
Liz deu um suspiro profundo, ainda sem saber o que faria. Ela não tinha respostas, não agora, mas uma coisa era certa: as coisas haviam mudado. E ela não sabia como seguir em frente.
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Atualizado até capítulo 22
Comments
Marli Baldoino pinto
não entendi muito bem o que ela quer e espera dessa relação pois ele está pior que uma menina mimada não estou gostando de sua postura autora ela não sabe o que quer da vida
2024-12-04
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Lélia Braga
como assim ela não gosta dele
2024-11-21
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