O café da manhã foi servido na grande mesa de vidro da cozinha, com uma vista deslumbrante do jardim imaculado da mansão de Aubrey. Liz estava sentada à frente de uma xícara de café fumegante, mexendo a bebida sem pressa, enquanto Aubrey, do outro lado da mesa, comia em silêncio. O ambiente estava silencioso, exceto pelo som suave da porcelana batendo delicadamente contra os talheres.
Ela não conseguia parar de pensar na noite anterior. O beijo. A proximidade. As palavras não ditas. Mas Aubrey não parecia ter a menor intenção de tocar no assunto. Ele estava calado, com os olhos fixos nela, como se esperasse algo. Liz podia sentir seu olhar observando-a atentamente, mas ela não sabia como reagir, então se concentrou no café, tentando não mostrar a inquietação que crescia dentro de si.
"Você dormiu bem?", perguntou Aubrey, de repente, quebrando o silêncio. Sua voz era suave, mas havia uma leve tensão nela, como se ele estivesse medindo suas palavras, como se estivesse tentando entender algo nela.
Liz levantou os olhos, encarando-o por um breve momento antes de responder. "Sim, eu... dormi." Ela não sabia se deveria adicionar mais alguma coisa. Queria perguntar, queria entender o que ele pensava sobre a noite passada, mas algo a impedia de fazer isso. Talvez fosse o medo de ouvir a resposta. Ou talvez fosse o medo de perceber que, para ele, o beijo não significava nada.
Ele continuou com a comida, mas seus olhos nunca deixaram de observá-la. Liz sentia uma pressão crescente, como se estivesse sendo avaliada em cada movimento. Era desconfortável, mas ela tentou se manter tranquila, mesmo que a mente estivesse em um turbilhão de dúvidas e perguntas não respondidas.
"Como está se sentindo, Liz?" Aubrey perguntou novamente, com um tom mais sério agora. "Você parece um pouco... distante."
Liz hesitou antes de responder, encarando sua xícara. Ela não sabia como explicar a sensação de vazio que a invadia. "Eu só... estou tentando me acostumar com tudo isso." Ela deu de ombros, tentando soar mais confiante do que realmente se sentia. "É muita coisa de uma vez."
Aubrey se inclinou ligeiramente para frente, os olhos fixos nela. "Eu entendo que a mudança seja difícil, mas você não está sozinha, Liz." Ele fez uma pausa, e sua expressão parecia mais suave, mas havia uma intensidade no olhar dele que a fazia se sentir exposta. "Eu quero que você saiba disso. Que você tenha o espaço e o tempo que precisa, mas eu... eu realmente quero que você esteja comigo. Eu posso te ajudar a lidar com tudo isso."
Liz sentiu seu estômago apertar com as palavras dele, mas não sabia se estava mais assustada ou aliviada. Ele parecia genuíno, mas algo nele também parecia exigir demais. Ela não estava pronta para dar todas as respostas que ele queria ouvir, mas sentia que não tinha escolha senão enfrentar o que ele estava oferecendo.
"Você não precisa ficar em casa sozinha o dia inteiro, Liz", continuou ele, sem desviar o olhar. "Eu pensei que poderia ser uma boa ideia você ir comigo à empresa hoje. Eu vou ficar lá a maior parte do tempo e posso te mostrar o que estou fazendo, conversar sobre os projetos. Isso vai te dar uma distração, e assim você não precisa ficar sozinha em casa."
Liz sentiu um leve nó na garganta. Ele estava sugerindo que ela o seguisse para a empresa. Não era só sobre ficar com ele, mas sim sobre se integrar ainda mais à sua vida, à sua rotina. Era mais uma forma de ela se afastar de sua própria identidade, de sua própria autonomia.
"Eu... acho que seria bom", Liz respondeu lentamente, o coração apertado. "Não sei, mas talvez seja melhor fazer algo, sair de casa." Ela olhou para o lado, tentando evitar o olhar constante de Aubrey.
Aubrey a observou com intensidade, como se estivesse avaliando cada palavra, cada movimento. Ele parecia calmo, mas seus olhos brilhavam com uma confiança que ela não sabia como lidar. "Eu quero que você se sinta confortável, Liz. Quero que você saiba que, a partir de agora, você não vai mais estar sozinha. Eu quero que você fique comigo, que faça parte do meu mundo. E isso inclui ficar perto de mim todos os dias."
Liz não sabia como responder a isso. A proposta dele era tentadora, mas ao mesmo tempo ela se sentia ainda mais perdida. Ela queria encontrar um equilíbrio, mas não sabia como fazer isso sem se perder ainda mais no mundo de Aubrey.
"Eu posso ficar com você à noite, todos os dias", ele disse, como se estivesse tentando tranquilizá-la. "Nós vamos dormir juntos, a partir de hoje. Quero que você saiba que, de agora em diante, tudo o que você precisar, eu estarei lá. Você vai se acostumar com a ideia, e com o tempo, vai se sentir em casa."
O tom dele era firme, mas acolhedor, como se ele realmente acreditasse que o que estava propondo era o melhor para ela. Liz sentiu um frio na barriga. Ele não estava falando apenas de companheirismo; ele estava falando de controle. Aubrey queria que ela fizesse parte de sua vida de uma forma total, sem reservas. E, ao mesmo tempo, ele parecia genuíno, como se estivesse fazendo tudo isso para que ela se sentisse segura, confortável, protegida.
"Eu não sei se consigo me acostumar tão rápido", Liz disse, sua voz tremendo ligeiramente. "Tudo está acontecendo muito rápido."
Aubrey finalmente relaxou na cadeira e olhou para ela, seus olhos suavizando. "Eu entendo. Não precisa se apressar. Mas, Liz, eu quero que você saiba que você pode contar comigo. Eu quero que você se sinta à vontade para ser quem você é, para fazer parte do que estamos construindo. Não há pressa."
Liz deu um suspiro profundo, tentando processar tudo o que ele havia dito. Ele parecia sincero, mas as palavras dele estavam começando a soar como promessas que ela não sabia se podia confiar. Ela sabia que precisava de tempo, mas sabia também que Aubrey estava impaciente, como se estivesse esperando que ela se encaixasse nesse mundo perfeito que ele queria criar.
"Eu... preciso de tempo, Aubrey", disse Liz, mais firme agora. "Eu só preciso de mais tempo para entender tudo isso."
Aubrey a observou em silêncio por um momento, como se estivesse avaliando suas palavras. Então, finalmente, ele assentiu. "Claro, Liz. Eu vou te dar o tempo que precisar. Só quero que saiba que estarei aqui, em cada passo do caminho."
Liz sentiu um alívio momentâneo, mas a dúvida ainda pairava no ar. Ela sabia que estava se afastando de algo dentro de si mesma, mas ainda não sabia se conseguiria encontrar o caminho de volta. A proposta de Aubrey era tentadora, mas algo nela resistia. Ela não podia se entregar totalmente a essa vida, a esse amor que ainda não conseguia entender.
Enquanto o café da manhã continuava, Liz se viu perdida em seus pensamentos, tentando entender como seria possível equilibrar sua vida com a de Aubrey. Eles estavam em mundos diferentes, e ela sabia que, por mais que ele quisesse mantê-la perto, ela ainda precisava encontrar seu próprio espaço. Mas, por enquanto, tudo o que ela tinha era aquele momento, aquele olhar fixo e aquela promessa silenciosa de que ele estaria ao seu lado, para o bem ou para o mal.
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Atualizado até capítulo 22
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