Capítulo 6: Sem Escapatória

Liz estava no balcão da loja, atendendo a uma cliente regular, quando ouviu a campainha da porta. Olhou rapidamente, reconhecendo a silhueta de Aubrey à medida que ele entrava, com a postura inconfundível de alguém que sabia exatamente o que queria. Era como se ele fosse o centro do universo, e todo o resto ao seu redor se ajustasse automaticamente às suas necessidades. Naquele momento, Liz sentiu o peso de sua presença. Ele vinha com um propósito claro, e, no fundo, ela sabia que o que ele tinha a dizer não seria fácil de ignorar.

Ela respirou fundo, tentando manter a compostura, mas os olhos dele a encontraram instantaneamente. Ele começou a andar na direção dela, e a tensão no ar cresceu. Liz tentou desviar o olhar, mas era impossível. O magnetismo de Aubrey, sua autoridade silenciosa, fazia com que fosse quase impossível ignorá-lo, mesmo que ela quisesse.

“Bom dia, Liz”, ele disse, com aquela voz profunda e calma. “Como está?”

Ela forçou um sorriso, tentando esconder o desconforto. “Bom dia, Aubrey. Tudo bem, e você?”

“Estou bem. Mas acho que isso não importa agora, certo?” Ele deu um pequeno sorriso, que mal tocou os cantos de seus lábios. “A questão é que precisamos falar. De novo.”

Liz sentiu o estômago revirar. Ela sabia o que ele queria. Ela sabia que ele não viria ali para conversar sobre o tempo ou fazer uma visita social. Ele estava ali para pressioná-la, mais uma vez. Ele estava ali para cobrar uma resposta. Ela olhou para ele, tentando manter a calma, mas a verdade é que ela já estava começando a se sentir acuada.

“Eu pensei sobre o que você disse... sobre a sua proposta”, Liz disse, tentando soar firme, mas a dúvida em sua voz denunciava o quanto ela ainda estava dividida. “Mas, ainda assim, não sei se posso tomar uma decisão assim, tão rapidamente.”

Aubrey não respondeu imediatamente. Ele apenas deu um passo à frente, ficando mais perto dela, mais próximo do que ela gostaria. Liz recuou um pouco, tentando manter a distância, mas ele continuou avançando, até que, sem que ela percebesse, estava contra a parede.

Ela olhou para ele, surpresa e, ao mesmo tempo, intimamente desconfortável. Os olhos de Aubrey estavam fixos nos dela com intensidade, como se ele pudesse ver além da sua máscara de controle e entender as dúvidas que a atormentavam. Ele não estava mais sorrindo. O que ele tinha a dizer agora não era mais uma sugestão. Era uma imposição.

“Eu estou te dando uma chance, Liz”, ele disse, sua voz suave, mas cheia de firmeza. “Estou me humilhando para que você se case comigo. Tudo o que você tem que fazer é dizer ‘sim’. Não é complicado. Você sabe que é a escolha mais lógica.”

Liz engoliu em seco. O tom de Aubrey era direto, mas não de uma maneira arrogante. Ele parecia genuinamente frustrado, e, ao mesmo tempo, resoluto. Ele não estava fazendo jogo sujo. Ele estava falando com a clareza de quem sabia exatamente o que queria.

“Eu escolhi você, Liz. Eu quero você. Só você. Não estou interessado em mais ninguém, não estou aqui para me casar com qualquer outra pessoa, por mais que seja conveniente. Eu quero que você seja a minha noiva. Você.” Seus olhos penetraram os dela, fazendo com que ela sentisse como se estivesse sendo avaliada, medida em cada milímetro de sua alma.

O silêncio que se seguiu foi pesado. Liz podia ouvir o som da respiração dele, suave e controlada, misturado ao batimento acelerado do seu próprio coração. Ela não sabia o que dizer. Não sabia como reagir. Ele estava tão próximo que podia sentir o calor da presença dele, e a pressão era sufocante. Ela sentia-se paralisada, como se as palavras estivessem presas em sua garganta.

Aubrey deu um passo mais perto, seus olhos fixos nos dela, sem desviar. O olhar dele não tinha mais paciência, mas também não tinha raiva. Ele estava simplesmente... determinado. “Você pode me dar todas as desculpas que quiser, mas a realidade é simples, Liz. Eu já fiz tudo o que você pediu. Envie presentes. Seja paciente. Eu estou aqui, todos os dias, esperando que você tome uma decisão. E agora, você não tem mais desculpas.”

Liz estava tremendo por dentro, mas tentou manter a postura. Ela respirou fundo, sentindo o peso da situação aumentar. Ela sabia que ele não estava apenas pedindo. Ele estava exigindo. Ele estava exigindo uma resposta. E, no fundo, ela sabia que ele não iria embora até tê-la.

Aubrey inclinou-se ligeiramente para frente, seus olhos fixos nos dela, e, com uma voz mais suave, quase como um sussurro, ele disse: “Eu não estou te pedindo para me amar, Liz. Eu só estou pedindo que você aceite o que estou oferecendo. A oportunidade de uma vida sem preocupações. Segurança. Estabilidade. Você não vai encontrar nada disso em nenhum outro lugar. Eu sou a sua chance.”

Liz fechou os olhos por um momento, como se tentasse encontrar algum espaço para pensar, mas não havia mais. Ela estava cercada. Não havia mais como escapar daquela pressão. A ideia de recusar parecia absurda, porque ele estava certo sobre uma coisa. Ele estava oferecendo uma vida de conforto, um futuro sem os pesadelos financeiros que ela conhecera durante a vida toda.

Quando ela abriu os olhos novamente, Aubrey estava ali, esperando, fixo como uma rocha, com a mesma expectativa. Liz olhou para ele, sentindo que estava sendo observada de forma tão intensa que mal conseguia respirar.

Ela engoliu seco, sentindo a dor da decisão que estava prestes a tomar. Não havia mais como fugir, nem mais tempo para pensar. A pressão que Aubrey estava colocando sobre ela era insustentável. A escolha estava clara.

Com a voz baixa, quase como se estivesse se rendendo a algo que ela não queria, Liz finalmente disse: “Eu aceito.”

As palavras saíram como um suspiro, e Aubrey, como se soubesse que ela diria isso, deu um passo atrás, mas não tirou os olhos dela.

“Excelente decisão, Liz”, ele disse, um sorriso frio surgindo em seus lábios, mas com um brilho de satisfação nos olhos. “Agora, podemos seguir em frente.”

Liz sentiu um peso cair sobre seus ombros, uma mistura de alívio e tristeza. Ela sabia que, de agora em diante, sua vida não seria mais a mesma. E, no fundo, algo dentro dela se perguntava se ela teria realmente feito a escolha certa.

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