Vicenzo

Vicenzo Narrando

Eu não sabia se tinha tomado a decisão certa quando mandei a Zoe ir arrumar as coisas dela. Eu sentia o peso de tudo aquilo nos ombros, e algo me dizia que essa história estava longe de terminar em paz. Assim que ela saiu da sala de jantar, já ouvi o barulho da cadeira do meu pai sendo empurrada bruscamente. Nem precisei olhar para saber o que estava por vir.

— Se essa garota abrir a boca para falar da organização, ou qualquer outra coisa que ela tenha visto aqui, eu mesmo mato ela com as minhas próprias mãos! — a voz dele ecoou pela sala, cheia de raiva, sem nenhum resquício de dúvida.

Me virei sem conseguir controlar o impulso de responder na mesma intensidade. Eu sabia que ia dar merda, mas a cada segundo que passava, tinha a certeza de que eu não ia deixar o meu pai tocar na Zoe só aumentava.

— Fica longe da Zoe, pai. Não encosta um dedo nela! — soltei, firme, sabendo que aquele confronto era inevitável. Eu já estava farto de viver à sombra das decisões dele, do jeito bruto com que tratava tudo e todos.

Ele levantou da cadeira de uma vez, os olhos dele pegando fogo, e o ar ao redor da gente ficou pesado, quase insuportável. Cada músculo do meu corpo estava tenso. Aquelas discussões entre nós dois sempre iam longe demais.

— Você acha que pode mandar em mim, Moleque? — ele berrou, a voz grossa e cheia de desprezo. — Eu sou o don dessa porra! Você é só o capô! Você não tem ideia do que está em jogo aqui! Essa mulher não é nada, você tá agindo como um moleque apaixonado, e eu não vou aceitar essa fraqueza!

Eu senti o sangue subir. Fraqueza? Era isso que ele via? Só porque eu não sou tão cruel quanto ele? Eu nunca quis essa vida, e ele sabe disso. Mas, agora que eu tava dentro, não ia deixar ele destruir o que eu julgava certo.

— Eu tô pouco me fodendo pra sua hierarquia de merda, pai! A Zoe tá aqui pra me curar, e ela fez o trabalho dela como uma boa médica. Ela não tem mais por que ficar presa nesse inferno! — gritei, sentindo o corpo quente de raiva. — Eu disse que ela é minha responsabilidade, e é isso que vai ser! Não vou deixar você tocar nela!

Meu pai me encarou, as veias do pescoço dele saltando, e por um momento eu achei que ele fosse avançar pra cima de mim. O que ele não sabia, ou talvez até soubesse, é que eu não ia recuar. Não dessa vez.

— Você acha que essa mulher merece sua proteção? Você tá enfraquecendo, Vicenzo. Ela vai nos trair no primeiro momento que tiver! Se você deixar, ela vai ferrar tudo o que construímos! — os gritos dele estavam cada vez mais altos, e cada palavra era como se ele estivesse tentando me provocar, me testar.

Mas eu não ia cair. Não mais. Respirei fundo e continuei encarando-o, não me permitindo vacilar, mesmo sabendo que essa briga podia custar caro. Eu vou proteger a Zoe, não importava o que ele dissesse.

— Ela não vai falar nada. E mesmo se falasse, isso não é problema seu. Eu sou o capô, e ela tá sob minha responsabilidade! Fica longe da Zoe! — minha voz estava firme, cada palavra carregada de uma fúria contida.

Foi então que minha mãe entrou na discussão, a voz dela cortando o ar com uma urgência que só ela têm, em todas as nossas brigas, minha mãe sempre entra para resolver.

— Chega! Os dois, parem agora mesmo! Vocês são pai e filho, e isso aqui não vai terminar bem se continuarem assim! — ela gritou, com o rosto tenso, os olhos cheios de uma mistura de medo e frustração.

Eu respirei fundo, tentando manter o controle. Eu sabia que, se a coisa escalasse mais, alguém ia acabar saindo machucado. E não era só fisicamente. Minha mãe sempre foi o equilíbrio da casa, o ponto de conexão entre o meu temperamento explosivo e o autoritarismo do meu pai.

Foi nesse momento que a Zoe apareceu, carregando uma pequena mala nas mãos. O silêncio que tomou conta da sala era quase palpável. Eu olhei pra ela, tentando demonstrar que tudo estava sob controle, mesmo que por dentro eu estivesse uma pilha de nervos. Andei até ela, passei o braço por cima dos ombros dela, num gesto de proteção que dizia tudo sem precisar de palavras.

— A Zoe é responsabilidade minha, pai. E eu não vou deixar nada acontecer com ela. — reforcei, sem tirar os olhos dele.

Meu pai ficou imóvel, com o olhar cortante, mas não disse nada. Ele sabia que, por mais que discordasse, eu não ia ceder. A Zoe me olhou de lado, e eu pude sentir o alívio em seus olhos. Ela sabia que, por enquanto, estava segura.

Antes de sairmos, Zoe foi até minha mãe, que a recebeu com um abraço. Minha mãe, apesar de estar sempre do lado do meu pai, tinha uma humanidade que às vezes parecia faltar nele.

— Obrigada por tudo, Dona Antonella. — Zoe disse, baixinho, enquanto as duas se despediam.

Minha mãe acariciou o rosto dela e respondeu com um sorriso triste.

— Cuide-se, querida.

Eu e Zoe saímos da casa sem mais uma palavra. Quando entramos no carro e passamos pelo portão de saída, notei Zoe respirando aliviada, como se finalmente tivesse tirado um peso das costas. Ela olhou pela janela, o rosto dela relaxando aos poucos.

Eu sabia que aquilo ainda não estava acabado. Meu pai não vai deixar isso passar assim tão fácil. Mas, pelo menos por agora, Zoe estava segura. E isso é tudo que importa.

Eu acelerei pela estrada, sentindo a tensão aos poucos diminuir. E, apesar da tempestade que ainda estava por vir, naquele momento eu só conseguia pensar em uma coisa: eu fiz o que era certo.

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Comments

Claudia

Claudia

desejo que esse velho imbecil tenha uma AVC poderoso!!!!! que ponha ele inválido e sem condições de melhorar!!!! ridículo!!!!

2025-03-22

1

Teresinha Vasconcelos Martins

Teresinha Vasconcelos Martins

velho escroto ela salvou a vida do filho e não quer deixar ela ir

2025-03-03

1

Rosa Pinto

Rosa Pinto

esse velho chato tinha q agradecer muito a Zoe,ela salvou a vida do filho dele o Vicenzo.

2025-03-02

4

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