Vicenzo Narrando
Depois que senti os lábios da Zoe encostando nos meus, foi como se uma onda avassaladora me atingisse. O calor do corpo dela contra o meu, a suavidade do toque dela, tudo isso só fez uma coisa ficar ainda mais clara na minha cabeça: eu estou completamente apaixonado por essa mulher. Só sei que agora, mais do que nunca, tenho certeza de que quero ficar com ela. Quero proteger, cuidar, quero ela do meu lado em tudo.
Eu já vinha sentindo isso há um tempo, mas foi hoje, nesse momento, que me atingiu de verdade. Não é só uma atração ou uma questão de momento. É profundo. Real. E eu não posso mais deixar passar. Preciso fazer algo sobre isso. E rápido.
Quando saí do quarto dela, ainda com o gosto do beijo na boca e a sensação da pele dela na minha, seu cheiro ficou grudado em mim, uma coisa era certa na minha cabeça: eu vou tirar ela daqui. Custe o que custar. Mas antes, eu tenho que falar com ela. Entender o que ela pensa, o que ela sente. Não é só sobre mim. Eu preciso saber se ela também quer isso.
Andando pelo corredor da casa, minha cabeça fervilhava de ideias. Minha família não vai gostar nada disso, já sei. Meu pai vai achar arriscado, como ele sempre acha tudo que fuja do controle dele. Minha mãe, bem, minha mãe provavelmente vai tentar me fazer ver “razão”. Mas e daí? Pela primeira vez, eu tenho a certeza de que vou lutar por algo que realmente importa pra mim. E Zoe, com cada sorriso, cada olhar, me mostrou que ela é esse algo.
Entrei na sala de jantar decidido. Meus pais já estavam à mesa. Meu pai, como sempre, com aquele semblante sério, olhando o jornal e tomando o café preto, sem açúcar. Minha mãe, delicada e suave, espalhando geleia no pão, mas com o olhar atento em cada movimento que eu fazia.
— Bom dia — falei direto pro meu pai, sem muita cerimônia.
Ele respondeu com um resmungo qualquer, sem desviar os olhos do jornal. Caminhei até a minha mãe e dei um beijo rápido no topo da cabeça dela.
Sentei à mesa e comecei a me servir. Eu sabia que Zoe viria logo em seguida. Ela sempre aparece um pouco depois de mim, e meu coração já acelerava só de pensar em como seria essa manhã. Assim que ela apareceu na porta, não pude deixar de admirar. O jeito dela, mesmo simples, me prendia toda vez. Ela têm uma aura diferente, algo que me atraía como um ímã.
Eu olhei para ela e falei o que estava decidido desde o momento em que deixei o quarto dela:
— Arruma suas coisas. Vou te levar de volta pra casa.
Ela congelou na hora. O olhar dela me dizia tudo. Eu vi o medo, a surpresa, a dúvida. Claro, eu já esperava isso. Ela sabia que sair daqui não era uma decisão simples, que ia ter riscos, consequências. Mas eu não podia mais fingir que nada disso me afetava. Eu tenho que fazer o que sentia ser certo.
Meu pai, como previsto, foi o primeiro a se pronunciar. Ele largou o jornal na mesa e me encarou com aquele olhar que só ele tem, meio entre o desdém e a preocupação.
— Vicenzo, você sabe que isso é arriscado. Essa mulher sabe mais do que deveria. Ela apetecer assim, de repente pode atrair atenção desnecessária.
Eu já esperava esse tipo de reação dele. Ele sempre pensa primeiro nos riscos, nos problemas. Nunca naquilo que realmente importa. Mas o que ele não sabia era que, dessa vez, eu estava mais certo do que nunca sobre o que eu queria fazer. Eu não ia deixar o medo me paralisar.
Olhei de volta pra Zoe. O medo ainda estava lá, estampado nos olhos dela, mas também vi algo mais. Vi esperança, uma faísca de confiança em mim, talvez. E isso me deu força pra continuar.
— Eu sei dos riscos, pai. Mas eu não posso deixar Zoe aqui por mais tempo. Já privamos ela o bastante.
Minha mãe finalmente entrou na conversa, como sempre tentando ser a voz da razão, mas de um jeito mais suave.
— Vicenzo, tem toda razão, Zoe curou o nosso filho, agora está na hora de devolver a liberdade dela.
O meu pai falou sobre os riscos, ele claramente não confia na Zoe, no mundo em que vivemos confiança é algo raro. Eu sei que ela não vai fazer nada para nos prejudicar, mas também não posso depositar 100% da minha confiança.
Nesse momento, Zoe finalmente se pronunciou. A voz dela estava baixa, hesitante, mas firme.
— Vicenzo, você sabe que eu confio em você. Mas eu não quero causar discórdia, Eu quero ir para casa, eu juro que não vou falar nada a ninguém. Eu posso dizer que estava muito cansada e fui para um retiro, algo assim, todos vão acreditar.
Eu me aproximei dela, olhei nos olhos dela e falei com toda a convicção que eu tinha dentro de mim.
— Eu confio em você.
Ela me olhou por alguns segundos, avaliando minhas palavras, e então, lentamente, assentiu com a cabeça.
Meu pai, claro, ainda não estava convencido.
— Isso é loucura, Vicenzo. Você está colocando tudo em risco por uma...
Antes que ele pudesse terminar, eu o interrompi.
— Sim, eu estou. E vou continuar colocando tudo em risco por ela. Porque ela vale a pena. E essa é a única coisa que importa pra mim agora. Devolver a vida dela, a vida que roubamos.
O silêncio que se seguiu foi pesado. Meu pai me encarou por alguns segundos, e eu sabia que ele não gostava da ideia, mas também sabia que, no fundo, ele entendia. Entendia que, dessa vez, eu não ia mudar de ideia.
E assim, o café da manhã terminou, e eu me preparei pra fazer o que precisava ser feito. Devolver a vida a Dra. Zoe.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 42
Comments
Gilvanise Azevedo
Homem mal agradecido 😡 Zoe salvou o filho dele e agora não quer deixar ela voltar a vida dela. Cara escroto.
2025-03-22
0
Sandra Maria de Oliveira Costa
estou maravilhada com essa história parabéns pelo trabalho magnífico
2025-03-11
0
Giovânia Calunga De Oliveira
Deixa ela livre para tomar qualquer decisão que quiser
2025-02-22
0