Zoe

ZOE NARRANDO

Eu estava sentada na poltrona ao lado da cama de Vicenzo quando ele começou a se agitar. Sua respiração ficou pesada, e ele levou a mão ao peito, como se tentasse segurar a dor que o estava invadindo. Eu conhecia aquele olhar de angústia misturado com pânico, já o tinha visto em outras ocasiões, outros pacientes quando a dor tornava-se insuportável.

Sem pensar duas vezes, fui até a maleta de primeiros socorros que mantínhamos por perto para emergências como essa. Meu coração batia rápido, mas minhas mãos estavam firmes. Peguei uma seringa e o frasco com o relaxante muscular que sempre tínhamos em mãos para esses momentos críticos. Esse medicamento era essencial para relaxar os músculos contraídos pela dor e permitir que ele pudesse respirar um pouco melhor. Vicenzo estava lutando contra algo que eu não podia ver, mas que ele claramente sentia.

– Vai ficar tudo bem, Vicenzo – murmurei mais para mim mesma do que para ele, enquanto puxava o líquido para a seringa.

Me aproximei da cama e ajeitei o braço dele para aplicar a injeção. Ele estava suando frio, os olhos semicerrados. Não havia tempo a perder.

– Vai doer só um pouquinho, tá? – avisei, embora soubesse que ele mal conseguiria me responder.

Desinfectei a pele com um algodão embebido em álcool e, sem hesitar, inseri a agulha com precisão. Injetar o líquido foi rápido, e eu esperava que o alívio viesse logo em seguida. Vicenzo estava tão tenso que seus músculos pareciam cordas prestes a se romper.

Fiquei ao lado dele, observando enquanto o remédio começava a fazer efeito. Em poucos minutos, a respiração dele se tornou mais lenta, os músculos relaxando gradualmente, até que ele finalmente cedeu ao cansaço e adormeceu. Um alívio percorreu meu corpo, mas ao mesmo tempo, eu sentia uma tensão crescente. Sabia que aquela era apenas uma pausa momentânea em meio a um turbilhão.

Enquanto ele dormia, peguei o prato de comida que tinha deixado de lado mais cedo. A fome nunca é prioridade quando um paciente está precisando com urgência, mas agora que ele estava mais calmo, consegui comer um pouco. O gosto da comida era quase inexistente para mim; estava apenas tentando manter alguma energia.

Terminei de comer e arrumei os pratos em cima de uma bancada. Olhei ao redor, sentindo a estranha mistura de exaustão e inquietação. O quarto estava quieto, apenas o som da respiração leve de Vicenzo preenchia o espaço. Me sentei novamente na poltrona e observei o rosto dele. Um rapaz jovem, com tanta coisa pra viver.

Não sei o que fazer da vida nesse momento. Eu estava ali, cuidando dele, mas sentia que estava à deriva, sem saber qual seria o próximo passo. Será que um dia vão me deixar ir embora? É como estar em um barco sem remo, sendo levada pela correnteza sem ter controle sobre nada. Esse sentimento de impotência me corroi por dentro, mas eu tento esconder isso de mim mesma. A única coisa que me importa agora era que ele esteja bem.

Enquanto tentava organizar meus pensamentos, ouvi um leve ruído na porta. Levantei o olhar e vi uma mulher entrar no quarto. linda, sofisticada, com uma elegância que denunciava sua origem. Mesmo com o passar dos anos, sua beleza ainda estava intacta. Uma senhora, sem dúvida, mas carregava uma presença marcante que a fazia destacar-se em qualquer lugar.

Ela carregava uma bolsa nas mãos, mas logo um segurança entrou e pegou a bolsa para ela, deixando-a livre para se aproximar. Eu entendi na hora que se tratava da mãe de Vicenzo.

Ela olhou para mim com uma expressão serena e firme.

– Você deve ser Zoe – disse ela, com uma voz suave, mas cheia de autoridade.

– Sou, sim – respondi, me levantando da poltrona para cumprimentá-lo. – E a senhora é a mãe de Vicenzo.

Ela assentiu e deu um pequeno sorriso antes de se aproximar da cama.

– Como ele está? – perguntou, mantendo o olhar fixo no filho adormecido.

– Ele estava sentindo muita dor, mas eu apliquei um relaxante muscular. Agora está descansando – expliquei, tentando manter a calma na voz.

Ela suspirou e tocou o rosto de Vicenzo com carinho.

— Ele sempre foi teimoso, nunca aceita ajuda até que seja tarde demais – disse ela, com um tom de quem conhecia bem aquele comportamento.

– Eu sei – concordei. – Mas ele vai melhorar. Eu estou aqui para cuidar dele.

Ela se virou para mim, com uma expressão mista de gratidão e preocupação.

– Obrigada, Zoe. Sei que ele está em boas mãos.

Houve um momento de silêncio, e eu não sabia bem o que dizer. A presença dela era imponente, mas ao mesmo tempo, senti uma certa vulnerabilidade em seus olhos, algo que me fez perceber que, apesar de toda a sofisticação, ela também estava preocupada, talvez até mais do que eu.

O silêncio foi interrompido por um gemido suave de Vicenzo. Ele estava acordando. Eu me aproximei, enquanto a mãe dele fez o mesmo. Seus olhos estavam pesados, e parecia ter dificuldade em focar. Quando ele me viu, tentou sorrir, mas foi um esforço visível.

– Como você se sente? – perguntei, tentando manter o tom suave.

– Melhor… eu acho – respondeu, com a voz arrastada. – Mas... ainda dói.

Notei que ele estava com dificuldade para falar. Seu peito subia e descia com esforço, e isso me deixou preocupada. Não queria que ele se esforçasse mais do que o necessário.

– Vou colocar você no oxigênio um pouco, tá? – disse, já pegando a máscara de oxigênio que estava ao lado.

Ele apenas assentiu. Coloquei a máscara suavemente sobre o rosto dele, ajustando a cinta atrás da cabeça. Em poucos segundos, o fluxo de ar começou a regularizar a respiração dele, e eu senti um pequeno alívio.

A mãe de Vicenzo ficou ao lado da cama por mais um tempo, observando. Por fim, ela se virou para mim novamente.

– Vou deixá-los a sós agora. Tenho alguns assuntos para resolver, mas volto amanhã – disse ela, com um tom decidido.

– Claro – respondi, percebendo que, apesar do breve encontro, ela confia em mim para cuidar dele.

Ela se aproximou da cama, beijou o rosto de Vicenzo e saiu do quarto, me deixando novamente sozinha com ele.

Voltei a sentar na poltrona ao lado da cama, observando enquanto respirava com a ajuda do oxigênio. Estou cansada, mas não consegui fechar os olhos. Tudo o que conseguia fazer era ficar ali, esperando o próximo momento em que ele precisasse de mim. Eu estaria pronta para agir, já que Vicenzo é o meu único paciente.

Autora!

Olá Amores, desculpa a demora, tive problema com o app. Mas já normalizou.

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Comments

Alvaneide Campos

Alvaneide Campos

Vão se apaixonar logo logo,e vai ser um amor lindo com muitas superações ❤️

2024-12-20

3

Lucia Cezar

Lucia Cezar

História maravilhosa parabéns 👏👏

2024-11-25

0

Leoneide Alvez

Leoneide Alvez

vai se curar e viverem um grande amor

2024-11-22

0

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