ZOE NARRANDO
Vicenzo estava pronto para ser levado ao bloco cirúrgico, e eu sabia que cada segundo era precioso. Quando a equipe de cardiologia entrou na sala, todos se moviam com uma eficiência treinada, quase como uma coreografia ensaiada. O som dos aparelhos sendo ligados e o murmúrio das vozes dos enfermeiros preenchiam o espaço, criando uma atmosfera que misturava pressa e precisão.
Eles começaram a preparar Vicenzo, e eu observava cada movimento, cada detalhe, tentando não deixar nada escapar. Mas meu corpo já estava dando sinais de cansaço. Uma cirurgia como essa exigiria minha total concentração, e eu sabia que não poderia me dar ao luxo de vacilar.
— Preciso de um café — falei, mais para mim mesma do que para alguém em particular. Minha voz saiu baixa, quase um sussurro, mas uma das enfermeiras mais próximas ouviu e assentiu. Eu podia sentir o peso da responsabilidade nos ombros, mas também sabia que precisava de uma pausa, nem que fosse por alguns minutos.
Enquanto os enfermeiros continuavam a preparar Vicenzo, me virei para um dos seguranças que estava na porta.
— Avise à família que estamos iniciando os primeiros preparativos — pedi, tentando manter a calma na voz. Era importante que eles soubessem que estávamos fazendo tudo o que podíamos, mas também era crucial que eu mantivesse a cabeça no lugar. O segurança apenas assentiu e saiu em direção à sala de espera.
Uma das enfermeiras, uma mulher jovem de olhar determinado, aproximou-se de mim.
— Doutora, posso acompanhá-la até o refeitório?
Eu concordei, sentindo que realmente precisava daquele apoio, mesmo que fosse apenas para um trajeto curto. O caminho até o refeitório não era longo, mas a cada passo, meu coração parecia bater mais forte. Não era só a cirurgia que me preocupava; era também o fato de que cada decisão minha poderia ter consequências irreversíveis.
Quando chegamos ao refeitório, o cheiro de café fresco me envolveu, trazendo uma sensação momentânea de conforto. Pedi um café preto, forte, sem açúcar. Precisava do amargor, do impacto direto da cafeína, para me despertar, para me lembrar do que estava em jogo.
— Um café preto, sem açúcar — repeti, como se reforçasse a decisão dentro de mim mesma. A enfermeira apenas observava, respeitando meu silêncio. Eu a agradeci com um aceno de cabeça quando ela me entregou a xícara.
Me sentei em uma mesa próxima à janela, e por um momento, observei o movimento lá fora. As pessoas iam e vinham, alheias à intensidade que estava prestes a acontecer no bloco cirúrgico. Tomei o café em goles rápidos, sentindo o calor percorrer meu corpo, me revigorando, trazendo de volta a clareza de pensamento que eu tanto precisava. Era como se cada gole estivesse despertando não só meu corpo, mas também minha mente, me lembrando da importância de manter o foco.
Assim que terminei, me levantei rapidamente, sentindo a determinação crescer dentro de mim. Eu sabia que cada segundo contava, e não podia me dar ao luxo de desperdiçar mais tempo. A enfermeira me seguiu de volta pelos corredores, o som de nossos passos ecoando nas paredes brancas e frias do hospital. A tensão aumentava a cada passo, mas eu estava pronta.
Quando chegamos à porta do bloco cirúrgico, parei por um momento, tomando uma respiração profunda. A equipe já estava em posição, esperando minha chegada. Vicenzo estava lá, pronto para ser operado, e a responsabilidade que pesava sobre mim nunca pareceu tão real.
— Vamos começar — disse, ajustando minha máscara e colocando as luvas cirúrgicas.
Meus olhos se encontraram com os de Vicenzo por um breve momento, antes dele ser sedado. Havia uma confiança silenciosa ali, uma crença de que eu faria o que era necessário. Isso me deu a força que eu precisava. Eu não podia decepcioná-lo.
Quando o anestesista aplicou a anestesia geral em Vicenzo, senti um misto de responsabilidade e determinação. O efeito foi quase imediato; em poucos minutos, ele estava completamente adormecido, e a sala de cirurgia se preparava para a intervenção complexa que eu tinha pela frente.
A cirurgia cardíaca que eu realizava em Vicenzo era para corrigir a síndrome de Ebstein, uma malformação congênita que afeta as válvulas cardíacas. Sabia que a operação não seria simples, mas a equipe estava bem coordenada, e a precisão era crucial. Trabalhar com um coração que estava em pausa controlada nos permitia focar na correção das anomalias sem o risco de comprometê-lo ainda mais.
As horas se arrastaram e, ao longo das oito horas de operação, cada passo exigia atenção e cuidado extremos. O ambiente estava carregado de tensão, mas eu e minha equipe mantivemos a calma e a concentração necessárias para enfrentar o desafio.
Quando finalmente terminei a cirurgia e anunciei que tudo estava concluído, um alívio momentâneo me invadiu. Sabia que o trabalho agora era de paciência: era hora de esperar Vicenzo acordar e monitorar sua recuperação. A parte crítica estava feita, e o que restava era acompanhar os próximos passos com cuidado, garantindo que o meu paciente respondesse bem ao procedimento e ao tratamento pós-operatório.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Neca Lopes
Foi uma corrida ganha ,parabéns zoa
2025-03-25
0
F Valeria Feliciano
vai lá Meg arrasa!! ops quiz dizer Zoe... kkkkkkkkkkk
2025-01-18
1
Andréa Karlla Silva Farias
Dra Zoe, a cardiologista top de linha 🤜🤛
2024-11-19
3