Vicenzo Narrando
Eu pedi ao meu pai para deixar Zoe ir embora. Eu sabia que isso era o certo a se fazer, que ela não merecia estar presa aqui, longe da sua família e da sua vida. Mas ele não cedeu. Ela queria falar com a mãe, só uma ligação para dar notícias, mas meu pai não deixou. Nem isso. Ele parecia se alimentar da ideia de ter controle absoluto, de fazer questão de mostrar que quem manda é ele.
Queria poder lutar, pegar aquele telefone da mão da minha mãe e entregar para Zoe, dizer que ela tem todo o direito de falar com quem quisesse. Queria gritar, enfrentar meu pai, mas a verdade é que não tinha forças. Não tenho forças para nada. Senti o ar escapar dos meus pulmões, e a dor no peito me lembrou que eu ainda estava me recuperando da cirurgia. Meu coração começou a falhar, como se estivesse avisando que não aguentaria muito mais dessa tensão.
A respiração ficou pesada, difícil. O peito queimava como se estivesse em brasas, e meus músculos, todos, pareciam se recusar a obedecer. Meus pensamentos ficaram embaralhados, o mundo começou a girar ao meu redor, e a única coisa que consegui pensar foi que não conseguiria mais respirar. A dor aumentou, e por um segundo, pensei que fosse o fim.
Mas então, Zoe se levantou rápido e colocou a máscara de oxigênio no meu rosto. Senti o ar voltar aos meus pulmões, e com ele, a consciência, que eu quase tinha perdido. A visão foi clareando, e a dor no peito diminuiu, mas o cansaço era enorme.
Não demorou muito para que meus olhos pesassem, e eu adormecesse, derrotado pelo meu próprio corpo. Fiquei à mercê das decisões dos outros, enquanto o mundo se apagava ao meu redor.
Quando abri os olhos, o primeiro vislumbre que tive foi dela, ali, ao meu lado. Zoe estava deitada na cama ao lado da minha, o rosto suavemente iluminado pela luz suave que entrava pelas persianas. Eu a observei em silêncio, sem ousar me mover, como se qualquer movimento brusco pudesse acordá-la e acabar com aquele momento de paz. Ela estava tão linda, tão serena, que por um instante me perguntei se ela estava sonhando com algo bom. Seu rosto parecia esculpido em mármore, com os traços delicados que só eram suavizados ainda mais pelo sono. Os cabelos espalhados pelo travesseiro, formando um emaranhado perfeito que caía em torno de seu rosto, destacando sua pele macia e seus lábios entreabertos.
Fiquei ali, admirando-a, deixando o tempo escorrer sem pressa. Cada respiração dela parecia sincronizada com os batimentos do meu coração, me trazendo uma calma que eu não sentia há tempos.
Ver seu peito subir e descer de maneira tão suave me fez esquecer, por alguns segundos, da dor e do desconforto que tomavam conta do meu corpo.
De repente, o som leve da porta se abrindo quebrou o silêncio. Desviei o olhar de Zoe e vi uma enfermeira entrando no quarto, trazendo uma bandeja com o café da manhã. Ela me viu acordado e sorriu, desejando um bom dia com voz tranquila. Zoe se mexeu levemente ao som, um movimento quase imperceptível, mas que me fez prender a respiração, esperando para ver se ela acordaria.
E, de fato, ela acordou. Com uma leveza, Zoe abriu os olhos, piscando lentamente, como se estivesse se ajustando à luz. Ela se sentou na cama e passou as mãos pelos cabelos, tentando arrumá-los.
— Acho que dormi demais — ela disse, a voz rouca pelo sono, e eu não pude evitar um sorriso. Havia algo de incrivelmente encantador na forma como ela dizia isso, como se a maior preocupação do mundo fosse o fato de ter dormido algumas horas a mais.
Ela se levantou da cama e caminhou até o banheiro. Quando Zoe voltou, ela estava mais desperta, com o cabelo arrumado e uma expressão de determinação no rosto. Sem dizer uma palavra, ela veio diretamente até mim, assumindo seu papel de médica.
Ela começou a me examinar com uma atenção tão meticulosa que parecia estar cuidando de algo extremamente frágil, como se eu fosse feito de vidro prestes a se estilhaçar ao menor toque. O jeito que ela movia suas mãos, tocando minha pele com tanta delicadeza, era ao mesmo tempo reconfortante e torturante.
Eu não conseguia desviar o olhar dela, fascinado por cada detalhe os traços delicados de seu rosto, os olhos que brilhavam com uma mistura de preocupação e ternura, o jeito que ela mordia levemente o lábio inferior quando se concentrava.
O perfume sutil que emanava dela, uma mistura de algo floral e doce, me envolvia. Cada vez que ela olhava para mim, havia uma luz em seus olhos que me fazia sentir seguro, mesmo que só por um instante. Eu sabia que, enquanto ela estiver aqui, cuidando de mim, eu estarei bem.
E prometi a mim mesmo, que assim que me recuperar irei pessoalmente levar ela de volta para sua Família.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Sonia Falcão
verdade esses anúncios é chato mesmo aff
2025-02-15
2
F Valeria Feliciano
o q estraga é os anuncios desses jogos chatos um minuto e vc nem tem a opção de pular!! affs
2025-01-18
1
Leoneide Alvez
tá apaixonado
2024-11-22
1