VICENZO NARRANDO
Desde que abri os olhos, vi a Doutora Zoe não consegui parar de encará-la. A pergunta me veio de imediato:
— Como você veio parar aqui? — Ela respondeu calmamente, com aquele tom profissional e frio, que meu pai a contratou. Mas eu sei que é mentira. Sei muito bem do que meu pai é capaz, e tenho certeza de que ele a sequestrou. Mas, por enquanto, vou deixar essa mentira de pé e ver até onde ela consegue sustentar essa história.
Zoe começou a me examinar, e eu simplesmente observei seus movimentos. Ela tentava puxar conversa, mas decidi que seria melhor não me aproximar dela. Não quero criar nenhum tipo de vínculo, porque conheço meu pai muito bem. Se ele sequer desconfiar que estou tentando protegê-la, não faço ideia do que seria capaz de fazer com ela.
Ela continuava sua avaliação, analisando todas as pilhas de exames que estavam espalhadas pela mesa. Eram montes e montes de papéis, laudos, imagens... Zoe olhou tudo atentamente e, em seguida, me disse que começaria a fazer os exames pré-operatórios. Foi nesse momento que ela esboçou um sorriso de canto de boca, e eu notei algo que ainda não havia percebido: ela tinha uma covinha na bochecha. É muito linda e jovem.
Enquanto eu estava perdido em pensamentos, meu pai entrou na sala, com aquele ar dominador de sempre, perguntando como eu estava. Zoe não perdeu tempo e começou a falar sobre a operação, mas logo pediu para falar com ele a sós. Isso me deixou bastante curioso, mas fingi desinteresse.
Os minutos passaram como se fossem horas. Quando Zoe voltou para o quarto, percebi algo diferente em seu olhar. Seus olhos estavam marejados, e sua expressão, mais pesada.
— O que está acontecendo? — perguntei, tentando esconder a preocupação na voz.
— Está tudo bem — Ela respondeu, mas eu sabia que era mentira.
Olhei fixamente para ela, e depois de um silêncio tenso, perguntei com firmeza:
— Você descobriu que foi sequestrada, não foi?
Ela hesitou por um instante, mas finalmente balançou a cabeça, confirmando.
— Sim... — respondeu ela, com a voz baixa, quase um sussurro.
— Eu sinto muito. — Minhas palavras saíram sinceras, ainda que um pouco amargas. — Eu não queria que isso tivesse chegado a esse ponto.
Ela permaneceu em silêncio, com os olhos presos aos meus por alguns segundos, que pareceram eternos. Não havia mais nada a ser dito naquele momento. Nós dois sabíamos que estávamos presos a um jogo perigoso, e o pior é que eu não sabia qual seria o próximo movimento de meu pai. O que eu sabia, com certeza, é que ele não é do tipo que aceita ser desafiado, e isso me deixava ainda mais apreensivo sobre o futuro de Zoe.
Eu sei que ela foi capturada para me ajudar, mas se ela não conseguir. Sei bem o que vai acontecer.
Pedi para ela pegar o meu celular no armário.
Ela se aproximou de mim com o celular em mãos. Peguei o aparelho de suas mãos, e sem pensar duas vezes, disquei o número da minha mãe.
— Mãe? — minha voz saiu fraca, quase um sussurro. A resposta veio do outro lado da linha, carregada de preocupação e urgência.
— Vicenzo! O que aconteceu? Você está bem? — A voz dela estava trêmula.
— Mãe, eu preciso que você venha até o hospital — pedi, sentindo um peso no peito. — Traga algumas roupas e produtos de higiene para a doutora Zoe. Ela vai precisar.
Houve uma breve pausa do outro lado da linha, antes de minha mãe responder com firmeza.
— Estou a caminho, meu filho. Não se preocupe, estarei aí com tudo o mais rápido possível.
Desliguei o telefone e o coloquei debaixo do travesseiro. Zoe me olhava, seus olhos cansados, mas ela sorriu de leve, um sorriso que não chegou a iluminar seu rosto.
— Obrigada, Vicenzo. — Ela disse suavemente, e eu apenas assenti, sentindo o cansaço tomar conta de mim.
Mal tive tempo de reagir quando uma enfermeira entrou no quarto com a bandeja do almoço. Ao mesmo tempo, a porta do quarto se abriu completamente, e eu pude ver, por um breve momento, a quantidade de soldados do lado de fora. Não era brincadeira, meu pai estava realmente determinado a garantir que a doutora não fuja.
Peguei minha bandeja, mas meu apetite simplesmente não existia. Cada garfada era um esforço, e o cansaço parecia drenar a pouca energia que eu tinha. Zoe notou meu estado rapidamente.
— Você precisa comer, Vicenzo. — Sua voz era doce, mas carregada de um tom autoritário que não me deu espaço para argumentar.
— Eu sei, mas estou sem fome. — Admiti, sentindo um peso sobre os ombros que ia além do cansaço físico.
Ela me observou por alguns segundos antes de suspirar e se levantar, pegando uma pequena seringa com medicação.
— Vou te dar algo para ajudar a descansar. — Ela disse enquanto preparava a medicação.
Eu apenas assenti, permitindo que ela fizesse o que achava necessário. Em poucos minutos, a exaustão começou a se transformar em um torpor, e senti meus olhos pesarem. Zoe se aproximou da cama, ajustou o travesseiro sob minha cabeça e, em um gesto carinhoso, tocou levemente minha testa.
— Descanse, Vicenzo. — Ela sussurrou.
Eu queria responder, dizer a ela que já estou acostumado com isso p, mas minhas pálpebras estavam pesadas demais, e em questão de segundos, me rendi ao sono.
Quando acordei, a primeira coisa que percebi foi o som de vozes. Pisquei algumas vezes, tentando clarear a mente ainda entorpecida pelo sono. A conversa, inicialmente baixa, foi ganhando clareza, e logo reconheci as vozes.
— Doutora, como ele está? — era minha mãe, e a preocupação em sua voz era palpável.
— Ele está estável, senhora — respondeu Zoe, com um tom profissional, mas também delicado. — Mas precisamos estar atentos. A idade dele já é bem avançada, o que torna tudo mais delicado. Estou tomando todas as precauções possíveis, mas a cirurgia será um desafio. Vou fazer de tudo para que seja um sucesso.
— Confio em você, doutora. Ele é tudo que eu tenho. — A voz de minha mãe se quebrou um pouco, e eu podia imaginar as lágrimas que ela estava segurando.
— Não se preocupe, senhora. Vou fazer o possível e o impossível para que ele saia dessa. — Zoe respondeu com suavidade.
Eu continuei de olhos fechados, não querendo interromper a conversa. Sentia uma espécie de paz em saber que finalmente Alguém vai me ajudar de verdade.
Elas continuaram conversando, discutindo detalhes do procedimento que Zoe iria realizar. Havia termos médicos que eu não compreendia completamente, mas a essência da conversa era clara: Zoe estava disposta a fazer o que fosse necessário para me salvar, e minha mãe estava ao lado dela, pronta para dar todo o apoio.
E eu espero sair vivo dessa cirurgia, me recuperar o mais rápido possível. Para poder ajudar ela a sair dessa enrascada.
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Atualizado até capítulo 42
Comments
Marly G Vieira
muito interessante tô gostando muito.
2025-03-26
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Victoria Santos
livro lindo, mas a próxima atualização está pra 11/12 é isso mesmo?
2024-11-15
1
Ana Karol Campos
tô amando a estória 🥰🥰🥰
2024-11-14
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