A Conexão Proibida entre o Crime e a Cura
ZOE NARRANDO
Sou Zoe Bittencourt, médica cardiologista, e há anos dedico minha vida a uma missão que, para muitos, parecia impossível. Sou Natural do Equador, cresci na Itália, onde fui acolhida por um país que me proporcionou as melhores oportunidades para estudar e desenvolver minhas habilidades na medicina. A paixão pela cardiologia nasceu cedo, assim como a dor de ver pacientes jovens e aparentemente saudáveis perderem a vida para uma doença que parecia não ter solução.
Quando completei meus estudos, fiz questão de me especializar em doenças cardíacas congênitas, aquelas que afetam o coração desde o nascimento. Durante minha residência, me deparei com uma patologia específica que, embora rara, era devastadora: a Síndrome de Ebstein. A Síndrome de Ebstein é uma malformação congênita grave da válvula tricúspide, onde as válvulas do coração se desenvolvem de forma anormal. Isso causa um fluxo inadequado de sangue, resultando em insuficiência cardíaca, arritmias graves e, em muitos casos, morte precoce.
Ao longo dos anos, vi muitas crianças e jovens adultos lutarem bravamente contra essa condição. Alguns conseguiam resistir às cirurgias, outros, infelizmente, não tiveram a mesma sorte. As opções de tratamento eram limitadas, e cada vez que via um paciente sucumbir à doença, sentia um peso enorme no peito. Era como se cada uma dessas perdas fosse minha responsabilidade. Isso me impulsionou a seguir um caminho que, por vezes, parecia não ter fim.
Durante seis longos anos, dediquei todas as minhas forças, minha energia, e minha fé para encontrar uma solução. Pesquisei incansavelmente, passando noites em claro nos laboratórios, revendo cada detalhe, testando inúmeras hipóteses e analisando cada dado com uma minuciosidade quase obsessiva. Houve momentos de desespero, em que pensei em desistir, mas a lembrança dos rostos daqueles que haviam perdido a batalha contra a Síndrome de Ebstein me deu forças para continuar.
E então, finalmente, a resposta surgiu. Não foi um momento glorioso, daqueles que se veem em filmes, mas um processo gradual, onde cada pequena descoberta me levava um passo mais perto da cura. Desenvolvi uma técnica inovadora de reparo valvar, combinada com um tratamento farmacológico específico que não apenas corrige a malformação da válvula, mas também fortalece o coração, permitindo que ele funcione normalmente.
Quando os primeiros resultados positivos começaram a aparecer, me emocionei de uma forma que não consigo descrever. Lembro do primeiro paciente que recebeu o tratamento e que, após anos de sofrimento, conseguiu viver uma vida plena, sem limitações. Ver a alegria nos olhos dessa pessoa, e de seus familiares, foi o momento que mais me marcou. Aquele instante, para mim, foi a maior recompensa que poderia receber.
Hoje, ao olhar para trás, vejo que todo o sacrifício valeu a pena. A cura para a Síndrome de Ebstein não é apenas uma conquista médica; é uma vitória da perseverança, da ciência, e da vontade de não aceitar que algo seja impossível. Sou grata por ter tido a oportunidade de dedicar minha vida a essa causa, e por poder, finalmente, dar esperança às famílias que enfrentam essa doença. Cada vida salva é uma lembrança de que a medicina, quando feita com paixão e dedicação, tem o poder de mudar o mundo.
Eu estava ali, no meio de toda aquela confusão, sem entender direito como minha vida tinha chegado a esse ponto. Não era nada disso que eu esperava quando decidi me dedicar à medicina, mas parece que o destino tem uma forma estranha de pregar peças na gente. Nunca gostei muito de holofotes, sempre preferi trabalhar nos bastidores, fazendo o que realmente importa: salvar vidas. Só que, de repente, me vi no centro de uma verdadeira zorra, tudo por conta de uma coletiva de imprensa convocada pelo diretor do hospital.
Ele é aquele tipo de pessoa que adora uma boa oportunidade para aparecer. Acho que ele vê isso como parte do trabalho, algo necessário para manter o hospital em destaque. Talvez seja verdade, mas me incomoda profundamente. Naquele dia, ele resolveu que seria uma ótima ideia me colocar no meio de uma dessas exibições públicas, como se eu fosse algum tipo de herói que merecesse ser celebrado. A verdade é que tudo aquilo me dava um certo nojo.
Lembro bem de como tudo aconteceu. O diretor chegou até mim com um sorriso que parecia colado no rosto, daqueles que são mais falsos que o próprio Judas. Ele me contou que havia organizado uma coletiva de imprensa para anunciar algo "muito especial" em meu nome. Mal tive tempo de perguntar o que era antes de ele sair apressado, como se estivesse indo resolver algo de extrema importância. Claro, fiquei curiosa, mas ao mesmo tempo, uma sensação de desconforto tomou conta de mim. Eu sabia que aquilo não ia terminar bem.
Quando cheguei ao local da coletiva, havia jornalistas por todos os lados, câmeras, microfones, um verdadeiro circo montado para registrar cada detalhe. A luz dos refletores me cegava, o barulho dos flashes era ensurdecedor, e o murmúrio das vozes me deixava ainda mais ansiosa. O diretor, com aquele mesmo sorriso forçado, me chamou ao palco, como se eu fosse uma atração principal.
Eu mal conseguia prestar atenção no que ele dizia. Meu foco estava em como sair daquela situação o mais rápido possível. Ele começou a falar sobre o "extraordinário trabalho" que eu vinha realizando, sobre como eu era um exemplo para todos no hospital e para a cidade inteira. Ele falava com uma empolgação que não tinha nada a ver comigo. Só queria que tudo aquilo acabasse logo.
Então veio o auge da cerimônia: ele anunciou que eu receberia a chave da cidade, e o título de cidadã italiana, uma honra concedida por "minhas contribuições excepcionais para a comunidade". E ali, no meio de aplausos e câmeras que não paravam de registrar cada segundo, ele me entregou a chave, como se fosse algum troféu.
Segurei aquele pedaço de metal nas mãos, mas tudo o que eu sentia era uma mistura de frustração e desprezo. Não que eu despreze a Itália, pelo contrário, é o país onde construí minha carreira, mas aquela chave... aquele título... não significavam nada para mim. Nada. Eu não entrei na medicina para ganhar prêmios, para ser aplaudida em pé ou para ter meu rosto estampado nos jornais. Eu fiz isso porque queria ajudar as pessoas, salvar vidas, e no fim das contas, era só isso que importa para mim.
Depois que a coletiva acabou e as câmeras foram desligadas, o diretor se aproximou de mim, ainda com aquele sorriso forçado, esperando que eu demonstrasse algum tipo de gratidão. Mas eu simplesmente agradeci de forma educada e saí dali o mais rápido que pude. Voltei para o hospital, troquei de roupa e fui para a sala de cirurgia. Porque era ali, naquele lugar simples e sem glamour, que eu realmente fazia a diferença. E é ali que eu sempre vou querer estar, longe dos holofotes, focada no que realmente importa. O resto, para mim, é irrelevante.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Dulce Gama
obrigada autora querida parabéns essa história começou com um desafio muito grande duas áreas medicinas que é um desafio desafiador é sobre o coração e o cérebro curto muito e fico muito emocionada vamos ver pra frente
2024-11-11
4
Leoneide Alvez
maravilha salva vidas parabéns
2024-11-13
0
Simone Silva
parabéns autora pelo seu livro ❤️ 📖 ❤️
2024-11-13
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