gostinho de vitória

Assim que entrei na faculdade, senti o alívio e a energia do novo dia me renovarem, como minha aula começava mais tarde sentei na cafeteria e fui pesquisar mais um pouco para esfregar...digo entregar ao professor, logo já entendi que o prazo de duas semanas era mais que suficiente e eu daria conta sim.

 Avistei Gisa vindo na minha direção com um sorriso animado, mas com uma expressão um tanto preocupada:

__ Amiga, estou feliz por você ter conseguido a vaga no bar da boate — ela disse, me abraçando — mas preciso perguntar: você tem certeza de que isso é uma boa ideia? Aquilo lá é… sabe, frequentado por uns tipos não muito confiáveis, não são os pobres perigosos e sim os ricos assustadoramente perigosos — falou e me vi rindo, encontrar o professor lá entre os clientes era no mínimo estranho.

Revirei os olhos, dando uma risadinha:

__ Gisa, vou para trabalhar, ganhar meu dinheiro. Não misturarei as coisas, além disso, é uma oportunidade boa e dá para conciliar com a faculdade, né? Vou dar conta.

Gisa balançou a cabeça, um pouco cética, mas sorriu ao ver minha determinação:

__ Você é impossível, sabia? Mas se é o que você quer, estou aqui para o que precisar.

Nesse momento, Lucas apareceu, nos cumprimentando com um aceno e logo se juntou a nós, puxando conversa sobre a aula daquele dia. O caminho até a sala foi leve, com risos e piadas, principalmente porque ele parecia todo interessado em ficar ao meu lado.

Quando entramos na sala e meus olhos se encontraram com o professor Blake, senti o olhar intenso e frio que ele lançou para nós. Ah, ele estava ali, provavelmente pensando em formas de me dar ainda mais trabalho. Senti a tensão no ar, mas fiz questão de sorrir, e, apenas por provocação, ri um pouco mais alto, como se a presença de Lucas fosse a coisa mais animadora do meu dia.

__ Sentem todos, um tema interessante para nossa aula de Direito Criminal é “A Doutrina da Defesa Pessoal e o Princípio do Stand Your Ground” . Esse assunto explora o conceito de autodefesa e as condições em que um indivíduo pode usar força, até letal, para proteger a si mesmo ou a outros, abordando a legislação dos estados que adotam a doutrina do Stand Your Ground, então cada um no seu lugar que no final dessa aula quero um estudo de caso de diferentes problemas que trarei hoje — falou ele e acabei bufando, como vou dar conta de tanto trabalho assim como vou conciliar a vaga lá na boate?

A primeira aula terminou sem grandes embates. Foi um esforço enorme da minha parte para me conter e não responder nenhuma das provocações sutis do professor Blake. Eu sabia que ele tinha poder suficiente para me sobrecarregar com ainda mais trabalho se eu ousasse desafiá-lo mais uma vez, e, por enquanto, preferia evitar.

Quando saí da sala, decidi que almoçaria sozinha. Assim, poderia aproveitar o tempo para avançar no trabalho que ele exigiu com tanta arrogância. Escolhi um canto isolado da cafeteria, pedi um sanduíche e espalhei meus papéis sobre a mesa. Comecei a escrever, deixando as ideias fluírem, e, conforme o tempo passava, o texto parecia se construir de uma forma tão natural que até eu fiquei impressionada. Cada argumento que surgia parecia encaixar-se perfeitamente, e, quando dei por mim, havia preenchido muito mais páginas do que o planejado.

Espantei-me ao perceber o tanto que tinha feito. De alguma forma, transformar aquela raiva em foco e produtividade parecia ser minha nova habilidade. Revisei tudo rapidamente, revisando uma última vez, e decidi que era hora de entregar aquilo ao próprio Blake.

Ele não imaginava que eu seria capaz de terminar o trabalho em tão pouco tempo, e a simples ideia de vê-lo surpreso me deu forças para levantar e atravessar o corredor em direção à sua sala.

Meu coração batia mais rápido enquanto me aproximava da porta. Ele estava lá dentro, folheando alguns papéis, sério, concentrado, aquele olhar implacável, como sempre. Respirei fundo, bati duas vezes, e entrei, pronta para entregar o que ele tanto queria e provar que nada me faria desistir.

Adam:

  Durante a manhã meu pensamento girou em torno da festa da minha mãe, no mesmo final de semana vai ter um julgamento interessantíssimo e gostaria de aparecer mesmo que para isso tenha que enfrentar o encontro maldito que terei ali, na aula Isabelle se mostrava perfeita, isso fere minha ética, e qualquer principio que eu tenha, mas é impossível resistir, ela movimenta minha cabeça e faz gritar em mim algo que estava apagado, fiz algumas provocações, mas nada que a instigasse a responder e me deixar ter outro encontro que a fizesse se dobrar a mim e a minha autoridade.

Quando a aula terminou, confesso que fiquei um pouco surpreso. Esperei, com uma certa curiosidade mal disfarçada, que ela respondesse algumas de minhas provocações, uma ocorrência que qualquer aluno insolente como Isabella geralmente não deixaria passar. Mas ela manteve-se quieta, atenta e, mais do que isso, controlada. Para mim, isso era claramente um jogo de poder, e não ceder era a sua forma de me enfrentar em silêncio.

Durante o almoço, tentei fugir da Isabella que dominava minha cabeça e me concentrei no trabalho. Mas, no fundo, minha mente continuava voltando para aquela quietude dela, para a sensação de que ainda estávamos em um campo de batalha, mesmo que ela não dissesse uma palavra, ela entende que posso colocá-la em meu domínio sempre que me desafiar e já entendeu que posso fazê-la comprovar sua inteligência, mesmo que para mim já esteja claro a sua esperteza, seus argumentos já deixaram claro isso.

Ela não estava disposta a baixar a cabeça, e isso se tornava óbvio cada vez que tentava encontrar uma linha divisória entre nós. Como se fosse ela a definir as regras, o que, claro, era um papel que não pretendia dividir.

Foi então que uma batida na porta me tirou do foco. Quando mandei entrar, lá estava ela, parada no umbral. O olhar dela carregava aquele convencimento irritante, uma certeza silenciosa de que ela tinha tudo sob controle. Era óbvio que ela estava pronta para mais um debate, e não pôde evitar um encontro agora.

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