Quando pisei no campus da Universidade de Nova York, um turbilhão de emoções invadiu meu peito.
O ar fresco da cidade se misturava com a ansiedade que eu sentia, para uma garota brasileira com sonhos grandes e um coração audacioso, e ali estava eu, determinada a fazer essa bolsa de estudos valer a pena.
Sempre fui a filha mais velha de uma família humilde. Acordava antes do sol nascer para trabalhar na loja de conveniência do meu pai, ajudando a pagar as contas enquanto estudava à noite.
O esforço não me intimidava; eu sabia que era uma questão de tempo até que a vida me proporcionasse uma chance. E, finalmente, essa chance chegou. Com uma bolsa que quase parecia um sonho, eu deixei minha cidade Iraí com menos de 10 mil habitantes e tudo que conhecia para trás, em busca de um futuro melhor.
Minhas roupas eram simples, mas com um toque de estilo. Usava uma blusa branca justa que moldava meu corpo, revelando uma silhueta curvilínea que eu sempre procurei aceitar. Meu cabelo preto, liso e comprido, caía em cascata sobre meus ombros, contrastando com meu tom de pele bronzeado pelo sol. Eu me via no reflexo das vitrines, uma garota forte e decidida, com uma centelha de rebeldia nos olhos verdes. Sempre busquei destacar minha individualidade, mesmo quando a vida parecia querer me fazer abaixar a cabeça.
A primeira aula de Direito Criminal começou com o professor mais enigmático que já conheci. Adam Blake. Desde o momento em que entrei na sala, pude sentir a intensidade que emanava dele. Alto, com cabelos escuros e uma postura que exibia confiança, ele parecia intimidar até os alunos mais experientes. Mas eu não era do tipo que se deixava abalar. Para mim, a vida já me ensinou a ser audaciosa e, se tivesse que enfrentar um professor tão inflexível, que fosse com garra.
Quando ele começou a falar, sua voz era firme e cheia de autoridade. Mas, enquanto todos o ouviam em silêncio, eu não pude evitar fazer anotações rápidas, desafiando-o a notar minha presença. A verdade é que a parte do meu cérebro que queria ser a aluna exemplar lutava contra o espírito rebelde que sempre foi parte de mim. Eu não estava lá apenas para estudar; eu estava lá para deixar minha marca.
A sala estava envolta em uma atmosfera tensa, e o ar parecia pesado à medida que a aula chegava ao clímax. Eu sabia que este era o momento que eu esperava. Levantei a mão com confiança, sentindo meu coração acelerar e a adrenalina pulsar em minhas veias. Era uma oportunidade única, e não poderia deixar passar.
__ Professor Blake — comecei, minha voz firme, mas com um toque de desafio — Como você pode afirmar que a lei é sempre justa se tantas pessoas, como eu, têm experiências que dizem o contrário?
O silêncio que se seguiu era palpável. Eu poderia ouvir a respiração dos meus colegas, a expectativa deles misturada com a minha. A expressão de surpresa no rosto do professor era quase imperceptível, mas um brilho de interesse surgiu em seus olhos. Ele parou por um momento, avaliando não apenas minhas palavras, mas a confiança que eu transmitia. O que era esse impulso que me levava a desafiar um homem como ele, alguém que parecia ter o controle total da situação?
__ E você acha que suas experiências pessoais invalidam a lei? — Professor Blake respondeu, sua voz profunda e controlada. Seus olhos azuis, tão intensos quanto o céu da manhã, fixaram-se nos meus, como se quisesse penetrar minha alma. Essa tensão entre nós era quase elétrica, e eu podia sentir a energia vibrando no espaço entre nós, como se cada palavra fosse uma faísca prestes a desencadear uma explosão.
Mantenho o olhar firme, mesmo que um frio na barriga comece a surgir respondi:
__ Não estou dizendo que invalidam a lei, mas que a lei nem sempre se alinha com a realidade das pessoas. A lei é feita por homens e mulheres, e muitas vezes, ela falha em proteger aqueles que mais precisam. Eu sou uma dessas pessoas — falei lembrando do meu irmão preso injustamente e no quanto meus pais sofreram.
Ele arqueou uma sobrancelha, o que me fez sentir uma mistura de satisfação e nervosismo.
__ E você acredita que sua experiência é mais semântica do que a de outras pessoas que não compartilham da sua perspectiva?
__ Não se trata de relevância, Professor Blake — respondi, buscando nas palavras uma forma de expressar o que sentia. —É sobre a realidade que vivemos. Eu cresci em um ambiente onde a lei parecia ser uma piada, onde as pessoas que deveriam nos proteger falharam miseravelmente. Isso me fez questionar se a justiça é realmente uma opção para todos ou se é apenas uma ilusão para os privilegiados.
O silêncio voltou a tomar conta da sala, mas agora havia uma nova tensão no ar, uma mistura de respeito e desafio. Ele parecia surpreso com a minha audácia, e eu podia sentir que a dinâmica entre nós havia mudado.
__ Você se apresenta como uma defensora da justiça — ele comentou, sua voz agora mais suave, quase provocativa. — Mas você está disposta a lidar com as consequências que isso traz? A busca pela verdade pode ser uma estrada solitária e perigosa.
Aquelas palavras ressoaram em mim. Eu sabia que ele estava certo. A busca pela verdade era muitas vezes um caminho repleto de obstáculos.
__ Estou disposta a enfrentar o que vier — respondi, a determinação brotando de mim — Se não lutarmos por um sistema mais justo, então que tipo de sociedade estamos construindo?
Ele me observou por um momento que pareceu durar uma eternidade, e eu me perguntava se ele estava vendo algo além da aluna insolente.
Havia algo mais ali, um entendimento silencioso que flutuava entre nós.
__ Você tem paixão — ele disse\, finalmente quebrando o silêncio __ A paixão pode ser uma ferramenta poderosa\, mas também pode te queimar se não for bem direcionada. Use-a com sabedoria.
A adrenalina ainda corria em minhas veias enquanto o professor seguia com a aula, mas aquela troca havia mudado algo dentro de mim. A partir daquele momento, não era apenas um desafio à autoridade; era o início de um diálogo que poderia levar a algo mais profundo. O embate com Adam Blake não era apenas uma disputa de ideias, mas a promessa de um confronto que mudaria a forma como eu via não apenas a lei, mas a vida.
A aula seguiu, e a cada interação, eu sentia uma mistura de desafio e atração. O que deveria ser um ambiente acadêmico estava se tornando um campo de batalha emocional. Eu não tinha medo de levantar a voz; afinal, eu havia deixado meu país, meu lar e tudo o que conhecia para lutar por algo que valia a pena. E essa luta estava apenas começando.
Com a determinação de uma verdadeira guerreira, eu me comprometi a lutar não só pelo meu futuro, mas também para mostrar ao professor que ele não poderia me intimidar. Naquela sala, eu não era apenas Isabella, a bolsa de estudos. Eu era uma força a ser reconhecida, e nada me impediria de brilhar na terra das oportunidades.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
Vilma Teixeira Roquete
Bora pra mais uma aventura, começando em 03-03-25...
2025-03-04
4
ʎqǝᗡ 🐝
💐 Isabella foi extremamente audaciosa, entretanto sem resquícios de soberba 👏👏👏👏👏🥂🍾
2025-03-18
0
Mikaele Ramos de Oliveira
começando em 20/03/2025
2025-03-21
1