Enquanto o professor Blake retomava a aula, um burburinho sutil começou a se espalhar pela sala. Eu podia sentir os olhares dos colegas em mim, uma mistura de admiração e surpresa. Aquela breve interação tinha despertado algo dentro deles, e a atmosfera estava carregada de energia. Alguns alunos sussurravam entre si, trocando comentários sobre o desafio que eu havia feito, o professor claramente incomodado com os risos finalizou a aula e saiu.
__ Uau, você realmente conseguiu deixar o professor sem palavras — comentou uma garota ao meu lado, com um brilho nos olhos — Ninguém nunca teve coragem de questioná-lo assim!
__ Você viu a expressão dele? — disse um rapaz, rindo — Achei que ele fosse explodir. Boa sorte com isso! Ele pode não ser muito gentil com quem o desafia.
A adrenalina ainda pulsava em minhas veias, mas eu também sentia um leve frio na barriga. Era verdade que eu poderia ter colocado meu futuro em risco, mas a satisfação de ter me levantado para defender o que acreditava parecia valer a pena. Mesmo assim, o murmúrio de advertências e comentários não me deixava completamente à vontade.
Quando finalmente começamos a sair da sala, um garoto de cabelos castanhos e olhos claros se aproximou de mim. Ele parecia nervoso, mas determinado:
__ Oi, sou Lucas — ele disse, oferecendo um sorriso amistoso — Eu estava na aula e, uau, você realmente foi incrível. Não posso acreditar que teve coragem de falar com o professor assim! Você se importaria de tomar um café? Seria legal discutir isso mais a fundo, e talvez eu possa te ajudar a se adaptar à universidade.
Fiquei surpresa com a oferta, mas também intrigada com a fama que carregava o professor:
__ Claro, seria legal, e eu sou a Isabella — respondi, tentando esconder um sorriso. A ideia de ter alguém para conversar sobre a nova vida na universidade me parecia promissora. Mas antes que eu pudesse responder mais, Gisa, minha amiga, apareceu.
Ela estava saindo da sala, com a expressão de quem havia ouvido toda a conversa.
__ Ei, não me diz que você foi a desaforada que questionou o professor Blake? — ela perguntou, com uma mistura de incredulidade e preocupação — Você sabe que ele pode facilmente reprovar você, não sabe?
Senti um nó na garganta.
__ Sim, eu sei — respondi, tentando manter a compostura — Mas eu não podia simplesmente ficar calada. A injustiça me incomoda.
Gisa cruzou os braços, parecendo indecisa entre apoiar minha coragem e alertar sobre os riscos:
__ Olha, eu admiro sua coragem, mas o professor é conhecido por ser implacável. Não quero que você se coloque em apuros logo no começo.
Lucas me olhou, sorrindo de forma encorajadora.
__ Não se preocupe, Gisa. A Isabella é mais do que capaz de lidar com isso. Afinal, essa universidade precisa de pessoas que desafiem o status de implacável dele, mas ele que não me ouça — finalizou rindo e logo o professor passou por nós, seu olhar deixou claro que a afronta não passaria batida, eu precisaria ter cuidado, não poderia deixar que minha dificuldade em abaixar a cabeça me levasse de volta para o Brasil.
Gisa balançou a cabeça, mas não parecia convencida.
__ Apenas tome cuidado, ok? Não vale a pena se meter em encrenca logo de cara.
__ Vou tomar cuidado — prometi, sentindo-me dividida entre a empolgação da nova amizade e a preocupação de Gisa. Mas, enquanto caminhávamos juntos para a cafeteria, uma sensação de alívio tomou conta de mim e não me importei com muita coisa.
A cafeteria da universidade era um lugar vibrante, cheio de risadas e conversas animadas. Assim que Lucas e eu encontramos uma mesa, eu me senti um pouco mais relaxada. O cheiro de café fresco e doces assados preenchia o ar, e a atmosfera parecia promissora.
__ Então, Isabella — Lucas começou, inclinando-se para mais perto. Seu olhar era curioso, e uma pitada de malícia brilhava em seus olhos — De onde você é?
__ Sou do Brasil — respondi, um sorriso involuntário surgindo em meu rosto — a bolsa foi uma oportunidade que não pude recusar. Estou aqui para me esforçar e aprender tudo que posso. E você? O que te trouxe a este lugar?
__ Ah, só um garoto comum tentando se destacar — ele disse, piscando de forma galanteadora — Mas agora que conheci você, minha vida universitária está prestes a ficar muito mais interessante.
Eu ri, achando graça em sua confiança. Lucas era charmoso e engraçado, e sua presença estava tornando meu dia muito melhor. Era um alívio estar longe do estresse da sala de aula e poder relaxar um pouco.
__ Isso é verdade? — perguntei, querendo manter a conversa leve, mas sem possibilidade alguma de envolvimento sexual com alguém — E como você planeja tornar minha vida mais interessante, Lucas?
Ele deu um sorriso largo, inclinando-se mais perto, como se estivesse prestes a revelar um segredo:
__ Bem, para começar, posso te apresentar os lugares mais legais da cidade. E quem sabe um dia, você e eu possamos explorar juntos.
A conversa fluía naturalmente, e eu me sentia cada vez mais à vontade. Mas, de repente, uma mesa próxima começou a chamar nossa atenção. Um grupo de meninos e meninas se aproximou, e logo suas risadas e comentários cortaram o ar.
__ Olha só quem está ali! A bolsista que desafiou o professor Blake! — uma menina exclamou, seus olhos brilhando com desprezo — Você deve estar se sentindo muito corajosa hoje, não é, Isabella? Acha mesmo que ele vai deixar você passar, vai te fazer voltar com o rabo entre as pernas?
A atmosfera alegre se desfez instantaneamente, e eu senti meu rosto esquentar. Olhei para Lucas, que parecia tão surpreso quanto eu. Ele não havia mencionado que eu poderia ser alvo de piadas.
__ É melhor você ter cuidado, Isabella — disse outro rapaz, rindo — O professor Blake não é brincadeira, e ele não hesitará em te reprovar se você não se comportar.
__ Cale a boca, vocês — Lucas disse, sua voz cheia de determinação. Ele se virou para mim, um olhar de apoio em seu rosto — Não ligue para isso. Eles só têm inveja porque você é corajosa o suficiente para se destacar.
__ Corajosa ou estúpida — a mesma menina retrucou, cruzando os braços com desdém — A verdade é que muitos aqui estão aqui para garantir um futuro, enquanto você está aqui para brincar de estudante.
Eu respirei fundo, tentando controlar a raiva que fervia dentro de mim.
__ Acho que é mais fácil criticar do que fazer algo significativo com a própria vida — respondi, tentando não deixar que as palavras dela me afetassem.
Olha, se vocês acham que atacar alguém com palavras vazias faz de vocês superiores, isso diz mais sobre vocês do que sobre ela — Lucas se intercalou, com firmeza.
O grupo trocou olhares e murmurinhos, mas não parecia disposto a se afastar tão facilmente.
Acho que devemos nos lembrar de quem é quem aqui — a menina disse, lançando um último olhar de desprezo para mim antes de se afastar, acompanhada pelos outros.
Lucas me olhou, um sorriso leve em seus lábios.
__ Não se preocupe com eles. Eles só são barulho — ele falou, mas, por dentro, eu ainda sentia a tensão daquela interação, como se as palavras dela fossem ganchos que se cravavam em minha autoestima.
E assim, enquanto ríamos e trocávamos histórias sobre nossos sonhos e ambições, uma sensação de alívio tomou conta de mim. As palavras maldosas ainda ecoavam em minha mente, mas a conexão com Lucas parecia estar construindo um espaço seguro onde eu poderia ser eu mesma, sem medo de ser julgada. E, quem sabe, isso poderia ser apenas o começo de uma nova jornada—não apenas na universidade, mas na vida.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
Andrea Batista
para uma bolsista ela e muito amostrada na primeira aula ele está se achando.
2025-03-28
0
Cida Pereira
coitado esse Lucas, acho que ele não é quem vc pensa, fica de olho.
2025-03-20
0
Lucilia Rodriguis
na minha faculdade a professora insentiva muito a participação o diálogo
2025-03-08
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