Ela entrou com um ar confiante, os olhos brilhando com uma determinação inabalável enquanto me entregava uma pilha de papéis:
__ Aqui está o trabalho, professor. A tese que você pediu.
Fingi examinar por alguns segundos, mas mal acreditei que aquilo estivesse realmente pronto. Ela levou apenas dois dias para fazer o que costumo dar no mínimo duas semanas. E o pior, estava tudo perfeitamente argumentado, um trabalho que, contra todas as probabilidades, cumpria as exigências. Havia claramente mais potencial ali do que ela gostaria de demonstrar.
Interessante — murmurei, tentando esconder qualquer sinal de aprovação, mesmo que mínima. Estava longe de ser fácil admitir — Sabe, esperava que você demorasse bem mais. Não que tenha feito algo grandioso — menti, mais para manter o controle do que para desvalorizar.
Grandioso não né, entendi, deve ser difícil alguém tão dominador assumir que discriminou alguém achando que ia me ver humilhada e agora ter que me parabenizar — falou e neguei.
Não se ache demais menina, feito rápido demais tenho que analisar melhor — falei sentando de frente para ela ainda sobre a mesa.
Ela apenas sorriu de canto, aquele sorriso discreto e irritante, o olhar ainda fixo no meu como se dissesse que aquilo era só o começo. Tive que cortar o momento antes que ela se sentisse no comando.
Talvez devesse se preocupar com algo além desse trabalho, afinal. Você sabia que há um julgamento importante na cidade essa semana? Um julgamento de um chefe da máfia que finalmente caiu depois de uma longa caçada.
Os olhos dela brilharam instantaneamente, quase como se aquilo fosse o ápice do que ela esperava de uma aula. Estava claro que queria ir.
__ Seria incrível... Mas tenho que trabalhar, professor — disse, e pude ver o desânimo reluzir em seu rosto.
__ É sério? — Não pude evitar o tom cético — Se quiser ser uma boa advogada um dia, precisará aprender a colocar o estudo e as experiências acima de tudo, inclusive desses 'compromissos adultos' que parece ter.
Ela sustentou o olhar por mais um segundo, talvez considerando minha provocação, mas logo desviou, com uma leve hesitação que mostrava que minhas palavras tinham atingido o alvo. Aquele simples sinal de que eu ainda estava no controle me fez sentir que, por enquanto, a partida estava do meu lado.
Isabella:
Ergui o dedo, sem nem tentar disfarçar a irritação que aquele comentário me causou:
__ Professor Blake, você não tem o direito de opinar sobre a minha vida pessoal. Trabalhar como garçonete não é um 'compromisso adulto' qualquer. É o que me manterá aqui, o que me permite estudar, minha família não é rica e batalhei muito estudando para ganhar a bolsa, jurei aos meus pais que não voltaria de mãos vazias — falei com lágrimas nos olhos, não gostava de demonstrar minha dor e alguma vulnerabilidade, mas ali doeu até minha alma.
Ele me encarou, e por um segundo algo passou pelos seus olhos, uma espécie de alívio, como se fosse esse detalhe que ele precisava saber. Franzi o cenho, sem entender a reação. Ele respirou fundo, cruzando os braços, e então respondeu de um jeito mais... calmo.
__ O dono do lugar onde você trabalha... ele é um amigo meu — disse ele, como se estivesse pensando alto, mas seus olhos não desviaram dos meus — Posso falar com ele, e posso remunerar, pagar seus custos para vir comigo, já que é fora do horário de aula e na outra cidade, se quiser eu resolvo com ele, ele não vai se importar em ver você acompanhada de alguém que ele conhece, e seria bom para você, não?
As palavras eram inesperadas e diretas, e minha reação foi instantânea. Hesitei, sem saber se devia aceitar qualquer oferta que viesse dele. Ele estendeu a mão, oferecendo o que parecia ser uma trégua, um convite estranho vindo de um professor que claramente não me suportava.
Por um momento, pensei em recusar e seguir meu caminho, mas a chance de facilitar meu espaço no trabalho e bem, de evitar mais problemas me fez aceitar.
Minha mão encontrou a dele, e o aperto foi firme, cheio de desconfiança. Ele esboçou um sorriso discreto e calculado, como se já soubesse que eu diria sim. Por um instante, me perguntei o que estava se passando pela mente dele.
Saí da sala com um sorriso que mal conseguia disfarçar. Sentia-me confiante, como se o peso de todos os desafios que tinha enfrentado até agora tivesse diminuído um pouco. No corredor, quase trombei com Luca, que me olhou com uma mistura de surpresa e curiosidade.
__ Isabella... saindo da sala do Blake com um sorriso? Isso é raro — ele comentou, franzindo a testa.
Eu ri, deixando escapar a satisfação que ainda ardia no meu peito:
__ Entreguei o trabalho que ele pediu, e até consegui a oportunidade de acompanhar um julgamento na cidade. Parece que as coisas estão finalmente dando certo.
Luca me olhou como se eu tivesse acabado de dizer que havia visto um milagre:
__ Ele... fez isso por você? Você realmente vai ao julgamento? Ele nunca ofereceu isso para ninguém, sabia?
Fiz que sim com a cabeça, sentindo o orgulho crescendo.
__ Pois é, até ele deve ter que admitir que sou capaz. Vou aproveitar o máximo que conseguir dessa experiência, Luca.
Ele balançou a cabeça, claramente impressionado:
__ Bem, parece que você conseguiu domar a fera. Não sei como, mas... boa sorte. Você vai precisar.
Nos despedimos, mas o sorriso continuou no meu rosto. Saber que eu tinha conseguido me destacar, mesmo com as críticas afiadas e as expectativas baixas do professor Blake, era uma vitória. Estava pronta para enfrentar o que viesse.
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Atualizado até capítulo 72
Comments
Nalu Correa
ISABEL ESTA CONSEGUINDO AMOLECER UM CORAÇÃO DE FERRO CHEIO DE ANGUSTA E MAGOA EU ESTOU ACHAND QUE ELA JA ESTA APAIXONADO VSMOS AGUADAR MAIS CAPITULOS
2025-03-16
4
Márcia Jungken
Adam não conseguiu admitir o quanto ficou impressionado com o esforço e trabalho da Isabella 😁😁🤔
2025-03-23
0
Andréa Debossan
Ele tá caidinho por ela. E tem mais quer ver que ele vai levar ela para o aniversário da mãe kkkk
2025-03-17
0