( O Regresso do Rei )

Era uma vez, em um reino distante conhecido como Valedora, onde os mares se encontravam com penhascos escarpados e a magia permeava o ar, um rei chamado Bartolomeu. Ele era amado por seu povo, um homem digno e justo, cuja devoção à sua esposa, Lídia, não conhecia limites. Com um coração generoso, ele acreditava que o amor era um vínculo sagrado. No entanto, o que Bartolomeu ignorava era que suas noites de sonho eram apenas sombras do que a realidade se tornara.

Lídia, uma beleza enigmática, escondia um segredos obscuros sob suas longas vestes. Em vez de retribuir o amor veraz de Bartolomeu, ela se entregara à paixão avassaladora por Raul, o guarda do castelo. Juntos, eles tramaram a traição mais odiosa: acabar com a vida do rei para que pudessem viver seu amor livremente.

Numa tarde ensolarada, Lídia convidou Bartolomeu para um piquenique nas margens de um penhasco, onde o mar batia feroz contra as rochas, levando consigo os sussurros do vento. O rei, alheio ao que estava prestes a acontecer, preparou uma cesta cheia de iguarias e flores de campo, sonhando com momentos de felicidade ao lado de sua amada.

Quando chegaram ao local, ambos contemplavam a vastidão do oceano. Em um momento de pura inocência, Bartolomeu comentou sobre as cores vibrantes da água, enquanto Lídia, com um sorriso disfarçado, deu um gesto discreto. Era o sinal para Raul. O guardião, que esperava nas sombras, ele emergiu com um brilho ameaçador nos olhos, pronto para cumprir a traição.

Em um ardiloso movimento, Raul empurrou Bartolomeu, que mal teve tempo de reagir. O rei caiu em direção ao abismo, e, antes de tocar o fundo, sentiu uma dor cortante em seu coração. A risada dos amantes ecoou pelo ar, mas rapidamente foi engolida pela fúria dos elementos.

O mar, testemunha muda da traição, começou a dançar em revolta, enquanto a essência mágica de Bartolomeu se dissipava nas profundezas, unindo-se ao poder ancestral que habitava aquelas águas. O rei, agora um espírito, jurou vingança.

Duas semanas após o assassinato, Lídia e Raul se casaram, celebrando sua nova vida sob os aplausos do reino, agora sob o domínio do novo “rei”. No entanto, a noite de núpcias trouxe consigo mais do que apenas promessas e devotamento. Assim que Raul e Lídia se entregaram aos prazeres da carne, Bartolomeu apareceu diante deles, envolto em uma luz etérea e poderosa.

Os amantes sentiram um arrepio percorrer suas espinhas. A presença de Bartolomeu era palpável, e, com um olhar profundo e hipnótico, ele sussurrou palavras que pareciam perfurar suas almas. Em um instante, Lídia e Raul viram-se de frente um para o outro, em um transe irresistível, posicionaram adagas afiadas um no coração do outro e cravaram a lâmina até chegarem ao cabo, selando assim seus destinos trágicos. O riso que antes preenchia o ar agora se transformou em um lamento silencioso.

No entanto, Bartolomeu, liberto de sua dor, encontrou-se em um novo plano de existência, onde a dor e a traição cediam lugar ao amor verdadeiro. A tristeza que havia carregado por tanto tempo começou a se dissipar quando conheceu Aurora, uma jovem linda e amável de alma pura, que vivia em um vilarejo próximo. Ela trazia consigo a luz que Bartolomeu pensava ter perdido para sempre.

O amor entre eles floresceu como um campo coberto de flores silvestres na primavera. Pela primeira vez, Bartolomeu soube o que era ser amado incondicionalmente. Ao lado de Aurora, ele não só ressurgiu como um ser mágico, mas também como um homem pleno, capaz de reconhecer que a verdadeira força reside na capacidade de amar e perdoar.

Com o tempo, eles se casaram em uma cerimônia mágica, cercados por seres encantados que dançavam sob a luz da lua cheia. Nunca mais Bartolomeu seria apenas um rei, mas sim um homem que encontrou um amor genuíno, vivo e vibrante. Juntos, ele e Aurora governaram Valedora, espalhando bondade e justiça, quebrando o ciclo da traição que havia marcado seu passado.

E assim, sob o encantamento do amor verdadeiro, Bartolomeu e Aurora viveram felizes para sempre, mostrando que mesmo as feridas mais profundas podem ser curadas quando se tem coragem para amar novamente.