capítulo 15

“As bruxas foram extintas. Não tem como ela voltar se todas estão mortas,” disse ele, mas sua voz, que antes era firme, agora vacilava com uma sombra de dúvida.

 

“E se uma delas conseguiu escapar? Não podemos descartar essa possibilidade,” a mulher respondeu, sua voz agora carregada de uma calma calculada. Ela sabia que estava mexendo em uma ferida profunda, e estava fazendo isso de propósito.

 

“Isso seria impossível...” Dimitri balançou a cabeça, sua voz mais baixa, como se falasse consigo mesmo. “Elas foram as culpadas por quase levar o mundo ao fim. Nenhum ser ajudaria uma delas se soubesse quem ela realmente é.” Ele parou, tentando juntar as peças. “A mulher no hotel era uma transformada, não uma bruxa.”

 

“Exato,” a mulher concordou, a tensão em seus olhos suavizando um pouco, mas ainda havia algo mais ali. Algo que ela não estava dizendo. “Ela é uma transformada. E você sabe que, hoje, é proibido vampiros transformarem humanos desde 1680. As mentes deles não suportam a imortalidade. Eles se tornam instáveis... loucos.”

 

Ela deu um passo à frente, aproximando-se mais de Dimitri. Seu tom era agora quase conspiratório, como se estivesse prestes a compartilhar um segredo. “Você sabe que nem todos os vampiros gostam de Dimitri Demir, certo?” Suas palavras estavam carregadas de insinuações, jogando uma sombra sobre o poder que Dimitri achava que tinha.

 

“Você sabe o porquê, não sabe?” Ela o encarou diretamente, forçando-o a confrontar uma verdade que talvez ele preferisse ignorar.

 

Antes que Dimitri pudesse responder, Josh se intrometeu mais uma vez, seus olhos brilhando com uma hostilidade mal contida. “Bom, tecnicamente, não foram só às bruxas” ele provocou, sabendo exatamente o que estava fazendo. Ele queria ferir Dimitri.

 

Dimitri inspirou profundamente, sua paciência se desgastando perigosamente. Ele estava a um passo de calar a boca de Josh com suas próprias mãos, mas a mulher o deteve antes que as coisas saíssem do controle.

 

“Josh, cala a boca,” disse ela, sua voz afiada como uma lâmina. Josh ergueu as mãos em sinal de rendição, mas o leve sorriso em seu rosto mostrava que ele já havia conseguido o que queria.

 

O ar ao redor deles estava carregado. Dimitri sentia o peso do nome “Lecia” ecoando em sua mente, alimentando uma tempestade de pensamentos. Como ela pode estar viva? Ele tentou se concentrar, mas o medo de que algo maior estivesse se formando o deixou inquieto. Ele quase parecia desconectado da realidade, imerso em uma batalha interna.

 

“Senhor Dimitri?” A voz da mulher o trouxe de volta ao presente.

Dimitri fixou o olhar na mulher à sua frente, seus olhos transbordando uma confusão de emoções. Havia raiva ali, uma fúria controlada que ameaçava romper a superfície, mas também medo – um tipo de medo que ele raramente permitia que outros vissem. E, além disso, uma angústia sutil, quase imperceptível, mas presente em cada linha de seu rosto. A tensão interna era clara, refletida no brilho perturbado de seu olhar.

 

Ele fechou os olhos por um momento, tentando se recompor. Respirou fundo, enchendo os pulmões como se buscasse, naquele simples ato, algum vestígio de controle sobre a situação. Quando soltou o ar, o fez lentamente, como quem expulsa não apenas o ar, mas também os pensamentos indesejados.

 

Dimitri abriu a boca para falar, as palavras se formando em sua mente, quando o toque repentino de seu celular quebrou o silêncio tenso. O som cortou o ar, deslocando a atmosfera carregada, e Dimitri, com o rosto rígido de frustração, apertou os lábios antes de enfiar a mão no bolso para atender.

O celular vibrava em sua mão enquanto Dimitri levantava um dedo, sinalizando para a mulher que esperasse. Ele atendeu sem pressa, mas não disse uma palavra, aguardando a voz do outro lado da linha se manifestar.

 

“Senhor, acabei de lhe enviar o código. O avião parte à meia-noite,” informou o assistente, a voz firme e direta, como alguém acostumado a lidar com situações delicadas.

 

Dimitri escutou em silêncio por um momento, seus olhos ainda fixos na mulher à sua frente. “Certo,” respondeu ele com frieza. “Cuide de todo trabalho restante.” Suas palavras eram calculadas, sem espaço para dúvidas.

 

Sem mais delongas, Dimitri encerrou a chamada, voltando sua atenção imediatamente para a mulher, como se nada tivesse interrompido o diálogo.

“Vamos nos encontrar em Saint Claire. Algo me diz que você ainda tem muito a dizer,” disse Dimitri, dando uma olhada rápida em seu relógio e percebendo que já estava atrasado.

 

A mulher acenou com a cabeça, um leve sorriso brincando nos lábios.

 

“Diga-me seu nome,” ele pediu, encarando-a.

 

“Agente Helena Fontaine,” respondeu ela, mantendo o olhar firme.

 

“Nos veremos em Saint Claire, em três dias,” afirmou Dimitri, virando-se para partir.

 

“Claro, senhor Dimitri,” respondeu Helena, com o tom formal de sempre.

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