“Querida,” disse a voz grossa, mas ao mesmo tempo suave, do outro lado da linha. Foi o suficiente para Teresa abaixar a guarda. Ela sentiu todo seu ser relaxar instantaneamente, o peso que carregava nos ombros parecendo diminuir apenas ao ouvir aquela voz.
Ficou alguns segundos em silêncio, contemplando a cidade abaixo, onde as luzes começavam a brilhar na noite que se aproximava. Mas o silêncio não durou muito.
“Querida? Aconteceu algo?” A voz tornou a perguntar, agora com uma leve preocupação.
Teresa piscou, recompondo-se, tentando recuperar sua postura habitual.
“Sim,” disse, voltando à sua voz firme, mas ainda com um leve tremor. “Oi... como você está?”
“Você está bem?” repetiu ele, com uma mistura de carinho e inquietação.
Teresa continuou a olhar para as pessoas pequenas nas ruas lá embaixo, movendo-se como formigas em seus próprios mundos. “Não, só... me deu saudades de você,” disse ela, a voz levemente trêmula. Ele era o único que conseguia deixá-la desconcertada.
A falta dele estava pesando, e essa nova situação só tornava as coisas piores.
Do outro lado da linha, ela ouviu uma risada suave. “Você me ligando para dizer que está com saudades? Isso é novidade. Geralmente, Teresa Ferreira está sempre no controle. Até briga comigo quando eu ligo.”
Teresa esboçou um sorriso, ainda que pequeno. “É, bom... talvez eu precise de você mais do que gosto de admitir.” Ele percebeu o tom vulnerável que raramente aparecia.
“Vou voltar o mais rápido possível. Leonor também deve estar sentindo minha falta, não é?”
“Sim, ela pergunta de você o tempo todo,” respondeu Teresa, a voz mais suave agora. “E eu também.”
“Eu sinto muito por estar longe por tanto tempo. Já são duas semanas. Mas estarei de volta antes que perceba, eu prometo. Até lá, tente manter tudo sob controle, como só você sabe fazer.”
“Eu vou tentar. Só... não demore, tá?”
“Não vou. Fique bem, Teresa. Eu te amo.”
“Eu também te amo,” respondeu ela, desligando em seguida, enquanto seu olhar continuava a vagar pela cidade abaixo, desejando que ele estivesse ali com ela.
Teresa rapidamente reprimiu o lado vulnerável que havia surgido, deixando sua frieza habitual tomar conta.
Enquanto contemplava a cidade iluminada pela noite, sua mente voltava-se para a mulher desacordada em seu escritório. Ela estava profundamente imersa em pensamentos, calculando cada possibilidade com precisão, até que foi interrompida pela voz hesitante de sua assistente.
“Senhorita?” a assistente chamou, com cautela.
Teresa permaneceu em silêncio por alguns instantes, ainda perdida em suas reflexões. Seus olhos fixos nas luzes da cidade, sua mente criava cenários e estratégias. Finalmente, ela suspirou, como se tivesse chegado a uma decisão inevitável.
Virando-se para a assistente, Teresa caminhou até sua mesa, pegou suas coisas e, ao se aproximar da porta, parou ao lado da assistente, com a voz fria e controlada. “Leve-a até o armazém. Ninguém deve vê-la. Quero que descubram tudo sobre ela e todos que se aproximaram de Leonor nos últimos três meses. Nada deve ser deixado de lado... quero detalhes minuciosos, até os mais insignificantes.”
Ela fez uma pausa, refletindo por um breve momento, antes de continuar. “E faça isso discretamente. Não quero erros.”
Com isso, Teresa atravessou a porta, seu semblante determinado, cada passo carregando a firmeza de quem já havia traçado o destino de todos os envolvidos.
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Atualizado até capítulo 51
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