capítulo 16

Enquanto caminhava, Dimitri parou de repente e lançou mais um olhar para a dupla.

“Ah, e leve seu cãozinho com você,” disse ele, referindo-se a Josh com um sorrisinho provocador. “Ele ainda precisa de adestramento. Pode ser perigoso deixá-lo solto por aí.”

A provocação deixou Josh visivelmente irritado, mas ele se conteve enquanto Dimitri se afastava, ainda com aquele sorriso no rosto.

“Eu vou acabar com ele,” disse Josh, com a raiva fervendo em sua voz, o que fez a mulher lançar-lhe um olhar de dúvida.

“Você sabe quem ele é?” perguntou ela, fixando o olhar no homem, claramente duvidando da sua noção de realidade.

“Quem não conhece Dimitri?” respondeu Josh de forma simples, como se fosse óbvio.

A mulher suspirou, balançando a cabeça. “Sua resposta só reforça que você não o conhece o suficiente,” retrucou, voltando seu olhar para a silhueta de Dimitri, que agora se afastava, entrando em um táxi.

“Só existe uma pessoa ainda viva que eu conheço capaz de pará-lo, se ele decidir destruir tudo,” comentou ela, sem tirar os olhos da direção em que o táxi desaparecia.

“Quem?” questionou Josh, a curiosidade crescendo. “Eles são inimigos ou algo assim?” tentou sondar, intrigado.

A mulher apenas balançou a cabeça em negação, virando-se para seguir seu caminho. “Um dia, já foram inimigos mortais,” começou ela, a voz ficando mais distante enquanto caminhava. “Dizem que a luta deles durou três dias e três noites.”

“Três dias e três noites?” Josh a seguiu, claramente mais curioso agora. “Quem seria capaz de igualar o poder de Dimitri Demir?” Sua voz carregava uma mistura de fascinação e incredulidade.

A mulher parou por um momento, virando-se para encará-lo. Fez uma breve pausa, deixando o suspense pairar no ar antes de responder.

“Seu nome,” ela disse, com um olhar firme, “é Teresa Lázár.”

Josh a observou por alguns segundos, atônito, incapaz de processar o que acabara de ouvir. Sua expressão era de pura incredulidade, os olhos ligeiramente arregalados. “O quê?” exclamou, sua voz carregando choque. “Você está me dizendo que a única pessoa que pode pará-lo... é a esposa dele?”

Helena apenas assentiu, com um olhar sério. “Sim, exatamente. Bom, tecnicamente, não só ela, mas Teresa com certeza é uma das mais poderosas.”

Josh tentou absorver essa nova informação enquanto Helena ficava pensativa, seus olhos vagando pela rua. A noite estava fresca, o vento gentilmente soprando, trazendo uma sensação quase relaxante em contraste com a tensão que sentiam.

“Ela é uma das,” continuou Helena, retomando o passo lentamente. “Também existem os lobos... mas não sei muito sobre eles.” Seu tom era distante, como se o pensamento sobre os lobos fosse secundário diante da presença esmagadora de Teresa.

Josh seguiu Helena pela calçada movimentada, mas parecia completamente alheio ao movimento ao redor. Carros passavam, faróis brilhando ao longe, enquanto pedestres cruzavam de um lado para o outro, imersos em suas rotinas noturnas. Josh, no entanto, estava absorvido em seus próprios pensamentos, a brisa suave apenas ampliando sua confusão. Teresa Lázár, a mulher de Dimitri, a única capaz de enfrentá-lo... Isso parecia surreal.

Ele parou de repente, o que fez Helena olhar por cima do ombro. “Espere,” disse Josh, a voz baixa, mas carregada de uma curiosidade inquieta. “Existe alguma chance... de eles voltarem a ser como eram antes? Inimigos?”

Helena virou-se completamente para encará-lo, seus olhos brilhando levemente sob as luzes da rua. Por um momento, ela ficou em silêncio, analisando-o, medindo o peso da pergunta. “Você realmente não entende, entende?” Ela suspirou, dando um passo à frente. “O que eles têm... é algo muito mais complicado. A devoção de Dimitri por ela não é algo que simplesmente desaparece. Ele a vê quase como um... deus.”

Josh franziu o cenho, surpreso. “Sério?”

Helena não respondeu de imediato. Ao invés disso, ela pegou seu celular, os dedos deslizando pela tela até encontrar uma imagem. “Veja você mesmo,” disse, mostrando a foto de um evento beneficente em que Dimitri e Teresa estavam presentes. Ambos trajavam roupas elegantes — ele em um terno preto impecável, ela em um vestido vermelho deslumbrante. Mas não eram as roupas que importavam. Helena indicou a expressão de Dimitri.

Na foto, ele observava Teresa com uma intensidade quase reverente. Seus olhos, cheios de admiração, capturavam cada detalhe dela como se estivesse diante de algo sagrado.

“Isso,” Helena apontou, “não é apenas admiração. É devoção.”

Josh encarou a imagem por um momento, absorvendo a cena. “Então... é impossível que voltem a ser inimigos?”

Helena apagou a tela do celular e guardou o aparelho, caminhando mais uma vez pela rua iluminada. “Dificilmente,” murmurou ela. “O tempo muda as coisas... mas a história entre eles? É profunda demais para ser simplesmente esquecida.”

Josh, perdido em pensamentos, observou enquanto ela se afastava, o eco das palavras dela se misturando ao som distante da cidade ao redor.

Josh suspirou profundamente e apressou o passo até alcançar Helena, que já avançava pela rua com a mesma tranquilidade calculada de sempre. “Estamos ferrados, não é?” disse ele, em um tom que misturava resignação e um toque de humor sombrio.

Helena lançou um olhar de lado, um sorriso sem humor brincando em seus lábios. “Ferrados é pouco,” respondeu ela, com uma voz tão fria quanto a brisa noturna. “Pra não dizer que, se algo der errado, estamos mortos.”

O comentário pairou no ar por alguns segundos, pesado e inescapável. A movimentação da cidade ao redor, o barulho distante de carros e conversas abafadas, tudo parecia distante e irrelevante diante da gravidade do que enfrentavam.

Josh deu um riso seco, sem emoção. “Então, basicamente, sem margem para erro.”

Helena apenas continuou andando, os olhos fixos à frente, como se já estivesse planejando a próxima jogada em um tabuleiro invisível.

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