Teresa parou em frente ao elevador e apertou o botão, mas a espera começou a incomodá-la. Seus olhos voltavam insistentemente para o relógio em seu pulso, e a impaciência, sempre controlada, estava à beira de transbordar.
O elevador parecia não dar sinal de vida, e o silêncio no corredor só tornava a espera mais irritante.
Foi então que um senhorzinho da limpeza apareceu, empurrando seu carrinho de produtos. Ele a viu de pé ali, com seu semblante firme e uma aura de autoridade inconfundível.
“Senhorita Teresa?” chamou ele, aproximando-se com cautela.
Teresa o olhou de relance, sem desviar muito a atenção da porta do elevador. “Sim?” respondeu com um tom neutro.
“Ora, a senhora está esperando o elevador?” perguntou o senhorzinho, agora já ao lado dela, com um sorriso simpático.
“Sim,” respondeu ela, mantendo o olhar fixo na porta metálica. O senhorzinho soltou uma risada leve, quase constrangida. “Ah, então... A senhora pode esperar, mas o elevador não vai chegar,” disse ele, apontando com o polegar para trás, avia uma placa na parede. “O elevador entrou em manutenção agora à tarde. Ninguém me avisou que a senhora estava aqui.”
Teresa fechou os olhos por um segundo e respirou fundo, sentindo a frustração borbulhar por dentro. O dia já estava repleto de contratempos, e isso era apenas mais um para somar à lista.
“Obrigada por avisar,” respondeu com um tom controlado, mas claramente irritado, enquanto ponderava sobre o que fazer a seguir.
Teresa seguia para o único caminho existente agora, a escada ela abriu a porta de acesso para a escada e logo as luzes acenderam revelando um grande lance de escada.
“Ótimo” disse Teresa iniciando sua decida.
Teresa desceu os cinquenta e seis lances de escada até o segundo andar. Foram cerca de sete minutos de descida até que avistou uma porta com a placa indicando “Segundo Andar”.
Ao abrir a porta, avistou uma garotinha sentada em um banco, com uma expressão de poucos amigos. Teresa a reconheceria a quilômetros de distância.
Era Leonor. Ela balançava os pés de forma entediada, com os olhos fixos no chão. Teresa achou aquela cena simplesmente adorável e se aproximou da menina, um leve sorriso surgindo em seu rosto.
“Vamos?” disse Teresa, quebrando o transe de Leonor.
A garotinha levantou o olhar para a mãe e esboçou um sorriso breve, mas o brilho em seus olhos desapareceu tão rapidamente quanto havia surgido. Ela desviou o olhar, fixando-o em um canto qualquer, evitando encarar Teresa diretamente.
Teresa suspirou internamente. Sabia que aquilo era birra, mas, mesmo assim, não conseguia evitar achar a cena adorável. Havia algo na maneira como Leonor se retraía, ainda que com teimosia, que sempre fazia seu coração se derreter, apesar da firmeza que tentava manter.
“Que foi?” disse Teresa, aproximando-se e sentando ao lado de Leonor.
Os funcionários ao redor observavam a cena com curiosidade. Ver sua chefe em um momento tão íntimo com a filha era algo raro.
“Eu tenho uma mãe que quebra promessas”, resmungou Leonor, emburrada.
“Mas a mamãe não quebrou nenhuma promessa”, respondeu Teresa, fingindo estar ofendida.
“Quebrou, sim”, insistiu Leonor, cruzando os braços de forma resoluta. Teresa achou a atitude engraçada, especialmente quando Leonor começou a balançar os pés novamente.
Teresa olhou para frente e percebeu os olhares dos funcionários. Soltou um suspiro alto e cansado. Ao verificar o relógio, viu que já passava das oito horas. Para alguém que prometeu sair mais cedo, estava bem atrasada.
“Olha, talvez... só talvez, a mamãe tenha esquecido uma parte da promessa”, admitiu Teresa, encostando as costas na parede fria. “Mas a segunda parte ainda está de pé.”
“Qual é a segunda parte?” perguntou Leonor, curiosa, enquanto seus olhos buscavam respostas no rosto da mãe. Teresa sorriu suavemente, inclinando-se um pouco mais perto. “Ora, ainda dá tempo de preparar o seu prato favorito,” respondeu, com a voz calorosa e afetuosa. Seus olhos brilharam ao ver o semblante de Leonor suavizar um pouco.
“E eu tenho certeza de que você está com fome, não está?”
Leonor hesitou por um instante, como se ponderasse, mas então passou a mão na barriga, seu sorriso surgindo timidamente. “Bom, talvez eu esteja,”
confessou, tentando esconder a fome. “Então, está decidido,” disse Teresa, desencostando da parede e se levantando, enquanto estendia a mão para Leonor.
O som dos sapatos dela ecoou levemente pelo corredor vazio. “Vamos para casa. A mamãe vai fazer o seu prato favorito, e depois você vai direto para a cama, porque está com uma carinha de sono que não engana ninguém.”
Leonor, agora um pouco mais animada, pegou a mão da mãe. A sensação do toque familiar e reconfortante fez seu pequeno mundo parecer mais feliz. Enquanto elas caminhavam em direção à saída, os olhares curiosos dos funcionários acompanharam a dupla, mas Teresa não se importou. Tudo o que importava naquele momento era cumprir sua promessa e garantir que Leonor terminasse o dia com um sorriso.
Teresa abriu a porta, revelando o lance de escadas à frente. Sem hesitar, pegou Leonor no colo e começou a descer. A cena era impressionante: uma mulher em salto alto, carregando sua filha nos braços, descendo com firmeza e elegância. A cada passo, o equilíbrio impecável de Teresa chamava atenção, destacando sua força e determinação.
No caminho, encontraram alguns funcionários que ainda estavam na empresa. Leonor, buscando o conforto e a segurança da mãe, afundou o rosto no pescoço de Teresa, ignorando os olhares curiosos. Teresa continuou seu percurso sem desviar a atenção, focada em levar a filha para casa.
Ao abrir a última porta, um estacionamento subterrâneo se revelou diante delas. As luzes automáticas se acenderam, iluminando os carros e motos dos funcionários. Teresa passou por eles com passos decididos, a imagem de uma mãe determinada a cumprir sua promessa era incrível.
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Atualizado até capítulo 51
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