capítulo 9

A governanta concordou silenciosamente e se afastou, deixando Teresa sozinha no hall. Ela subiu as escadas com passos decididos, mas a mente fervilhava de perguntas.

Ao chegar ao escritório, uma pequena sala decorada com móveis antigos e prateleiras repletas de livros, ela avistou o envelope exatamente onde a governanta havia deixado.

O envelope era simples, sem marcações externas, mas ao pegá-lo, Teresa sentiu um leve peso, como se contivesse mais do que apenas papel. Com cuidado, ela abriu o lacre e puxou o conteúdo para fora.

Dentro da caixa, havia uma única folha de papel e algo mais — um pequeno medalhão antigo, semelhante aos que Teresa reconhecia de séculos atrás. No papel, uma mensagem escrita em uma caligrafia elegante, mas desconhecida: “Eles estão mais perto do que você imagina. Confie apenas em quem conhece sua verdadeira história.”

O aviso era enigmático, mas o peso das palavras fez o coração de Teresa acelerar. Ela pegou o medalhão, observando-o com atenção, e logo percebeu um pequeno vão quase imperceptível em sua estrutura. Com delicadeza, colocou o bilhete de lado e tentou abrir o medalhão. Para sua surpresa, ele se abriu facilmente, revelando dois símbolos gravados e outro bilhete dobrado com cuidado dentro dele.

As palavras no novo bilhete eram ainda mais perturbadoras: “Patética, patética, patética... A líder da nossa família manchou o sangue puro ao se unir ao líder repulsivo que causou o desequilíbrio.”

Teresa leu cada palavra com atenção, sentindo o peso do passado se manifestar em cada frase. A mensagem carregava uma ameaça velada, e ela sabia que isso tinha algo a ver com a antiga rivalidade entre sua linhagem e a de seu marido. Quando seus olhos recaíram sobre os dois brasões gravados no medalhão, a confirmação veio como um golpe.

Um dos símbolos era o brasão de sua antiga família, os Lázár, a linhagem que ela um dia liderou. O brasão dos Lázár era marcado por uma lua crescente prateada sobre um campo de estrelas, com uma espada atravessada no centro, simbolizando a astúcia, a resiliência e o poder oculto da família. A lua representava o domínio sobre as sombras e o controle sutil que exercia por trás das cortinas da sociedade. O outro símbolo, perturbadora mente familiar, era o brasão da família de seu marido, os Demir, com sua fênix imortal cercada por correntes quebradas.

Esse confronto que ela pensou ter deixado para trás, agora estava ressurgindo. As palavras do bilhete ecoavam em sua mente, e a conexão entre os símbolos revelava que algo mais profundo e sombrio estava em jogo. Teresa sabia que precisaria se preparar para o que estava por vir.

Teresa pegou os bilhetes e o medalhão e os levou até o cofre do seu escritório. Fechando a porta do cofre com um suspiro, ela lembrou-se da promessa que tinha feito.

Com um propósito renovado, dirigiu-se à cozinha, onde foi imediatamente recebida por sua chef de cozinha. “Boa noite, senhorita,” disse a chef, fazendo uma breve reverência. “O que deseja?”

”Hoje, vou preparar o prato de Leonor,” respondeu Teresa, de maneira simples, mas determinada. A chef deu passagem sem questionar, reconhecendo o tom firme em sua voz. Teresa entrou no ambiente familiar da cozinha e tirou seu paletó, revelando uma blusa social branca. Com gestos precisos, subiu as mangas da camisa e se dirigiu à pia, onde lavou as mãos com a água fria que corria suavemente.

Observando de longe, a chef se aproximou com cautela. “Deseja ajuda, senhorita?” Teresa terminou de lavar as mãos, secando-as com um pano de linho.

“Obrigada, mas hoje prefiro fazer isso sozinha.” Havia um raro toque de suavidade em sua voz, embora a determinação fosse clara.

A chef assentiu em silêncio, respeitando o desejo de Teresa e recuando para permitir que ela continuasse. Com movimentos precisos e cuidadosos, Teresa começou a selecionar os ingredientes frescos: ovos, queijo, presunto, e alguns vegetais. Sabia exatamente o que fazer para agradar a filha, preparando uma omelete recheada, o prato favorito de Leonor. Simples, mas feito com todo o carinho.

Enquanto mexia os ovos na tigela, seus pensamentos, inevitavelmente, voltaram ao medalhão e às palavras do bilhete. A inquietação continuava ali, latente, mas naquele momento, Teresa se concentrou no que estava à sua frente.

Havia algo quase terapêutico em preparar a comida, como se o ato de cozinhar-lhe desse uma pausa temporária das preocupações.

Baixar agora

Gostou dessa história? Baixe o APP para manter seu histórico de leitura
Baixar agora

Benefícios

Novos usuários que baixam o APP podem ler 10 capítulos gratuitamente

Receber
NovelToon
Um passo para um novo mundo!
Para mais, baixe o APP de MangaToon!