DANTE DEVOR
Eu sabia que não poderia adiar mais. A verdade estava me corroendo por dentro, e, por mais que temesse sua reação, eu precisava contar tudo a Hanna. Ela merecia saber. Eu a amava profundamente, de um jeito obsessivo e intenso, e a ideia de continuar escondendo quem eu realmente era não me deixava em paz.
Naquela noite, sentei-me ao lado dela, a respiração pesada, o coração batendo forte contra o peito. Hanna estava tranquila, ainda sem saber o que estava por vir. Olhei para ela por alguns segundos, tentando absorver a imagem dela antes de jogar a verdade sobre nós dois, sabendo que poderia mudar tudo para sempre. Eu enlouqueceria se ela me rejeitasse... Morreria.
-Hanna, eu preciso te contar uma coisa. Algo que você não sabe sobre mim… — comecei, a voz saindo mais trêmula do que eu esperava.—
Ela virou-se para mim, curiosa, mas com uma pitada de preocupação no olhar, ainda segurando a minha mão e fazendo carinho em meu braço, era bom pra caralho.
-O que foi, Dante? — sua voz era suave, mas havia um traço de incerteza.—
Respirei fundo, tentando encontrar as palavras certas. Mas como dizer algo assim da forma "certa"? Não havia como amenizar.
-Eu… Eu estive perto de você por muito mais tempo do que você imagina. Antes mesmo de começarmos a conversar, de nos conhecermos realmente. Antes mesmo de você fazer faculdade ou trabalhar para mim. Eu... sempre estive te observando.
Hanna franziu a testa, claramente confusa.
-O que você quer dizer com isso?
Meu estômago se revirava, mas já havia ido longe demais para voltar atrás.
-Eu fui... Eu fui seu stalker por anos, Hanna. Desde a escola. Eu te seguia, sabia onde você morava, assistia você voltar para casa. Até… até te observava enquanto dormia. —As palavras saíram de uma vez, quase num sussurro, mas eu sabia que ela tinha ouvido. O ar ficou pesado, e eu pude ver o choque estampado em seu rosto.—
Hanna recuou ligeiramente, seus olhos arregalados. Sua expressão era uma mistura de incredulidade e medo. Ela levantou-se lentamente, como se tentasse processar o que acabara de ouvir, afastando-se um pouco de mim.
-Você... o quê? — Sua voz saiu trêmula, como se as palavras não fizessem sentido.
-Eu sei que parece insano, e é, mas... desde o primeiro dia que te vi, eu fiquei obcecado por você. Eu nunca consegui me afastar. Eu precisava te proteger, precisava estar perto de você, mesmo que você não soubesse. —Me levantei, tentando me aproximar, de joelhos na cama, mas ela deu um passo para trás.
-Você me vigiava? Todo esse tempo? — Ela estava assustada, e com razão. Seus olhos estavam cheios de incertezas, como se de repente tudo o que ela conhecia estivesse em questão.—
-Sim, mas nunca foi para te machucar. Eu só queria te proteger... eu amo você, Hanna. Sempre amei. Desde o começo, desde o primeiro dia em que te vi. — A angústia em minha voz era evidente, e eu sabia que soava como o louco que ela provavelmente estava enxergando agora.—
Hanna levou a mão ao rosto, claramente atordoada. Era como se ela estivesse tentando juntar as peças, entendendo que tudo o que achava que sabia sobre nós era uma farsa. Eu podia ver o conflito em seus olhos, o medo misturado com a compreensão. Ela estava apavorada, mas algo a impedia de fugir de mim.
-Eu não sabia como me aproximar de você de outra forma, Hanna. Cada decisão que tomei foi para estar perto de você. Eu criei oportunidades, manipulei situações... até agora, mas depois da ilha, tudo ficou diferente, eu nunca te colocaria em uma lancha pra te fazer mal, aquilo foi realmente um acidente. Eu sei que deveria ter te contado antes, mas tive medo de te perder. — Minha voz quebrou, e eu saí da cama dei mais um passo em sua direção, sem saber se ela permitiria que eu chegasse mais perto.—
Ela me encarou, ainda em choque, mas algo mudou na sua expressão. Talvez fosse o amor que eu sabia que, de alguma forma, ela sentia por mim também. Um silêncio denso se instalou entre nós, e ela baixou os olhos, respirando fundo.
-Você... você fez isso por tanto tempo... — ela sussurrou, como se estivesse tentando entender o motivo. — E você me ama? Mesmo depois de tudo isso?
Eu assenti, meu coração batendo com força. Cada parte de mim estava vulnerável, esperando que ela me rejeitasse. Mas ao invés disso, Hanna deu um pequeno passo à frente, hesitante.
-Eu não sei como me sentir sobre isso, Dante... — ela continuou, sua voz suave e tensa. — Mas, de algum jeito... eu sei que você não faria nada para me machucar. Eu sinto isso...
Ela estava mais próxima agora, olhando nos meus olhos, ainda confusa, ainda lutando contra o medo. Mas havia algo mais ali. Um reconhecimento de que, por mais doentia que fosse a obsessão, meu amor por ela era real. E talvez, de uma maneira estranha, ela também soubesse que havia algo entre nós que não poderia ser simplesmente ignorado.
— Eu… não sei o que pensar ainda — ela disse, mais calma, mas com um peso na voz. — Mas eu sei que... eu te amo também, Dante, pelo menos eu acho, eu não tenho certeza total de meus sentimentos... E isso é o que torna tudo mais confuso.
Eu não conseguia acreditar. Hanna estava ali, depois de saber de tudo, ainda me aceitando. Ela deu mais um passo e se aproximou, deixando-me envolver seus braços ao redor dela. O alívio que senti foi esmagador.
— Eu vou te provar que esse amor é verdadeiro, Hanna. Eu nunca vou te deixar. — Apertei-a em meus braços, sentindo seu corpo relaxar aos poucos. Ela ainda estava assustada, mas a verdade é que o laço entre nós era forte demais para ser quebrado tão facilmente.
Eu finalmente a tinha. Hanna era minha, e nada poderia mudar isso, matarei todos aqueles que ousaram machucar Hanna.
Começando por Angélica.
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