DANTE DEVOR
Era final da tarde, acordo lentamente, piscando os olhos contra a luz suave de um fim de tarde dourado. O céu está tingido de laranja e rosa, como se o sol estivesse pintando seu adeus no horizonte. Sinto a areia morna sob minhas mãos, fina e úmida, enquanto o som rítmico das ondas quebrando à distância ecoa nos meus ouvidos, também ouço sons de estalos e alguns gemidos de esforços.
Olhei ao redor e vi Hanna com folhas de palmeiras e galhos nas costas, ao seu lado havia um pequeno abrigo, ela estava vestida, começo a achar que o que vi antes de desmaiar foi apenas uma alucinação, mas... Porque eu imaginaria ela nua?
Me sentei com dificuldades levando a minha mão até a testa, havia um curativo, ao meu lado havia uma seringa, e algodões ensanguentados.
Ela cuidou de mim...
-Ah! Caramba ! -Exclamou ela levando o polegar na boca, havia espetado o dedo em um dos galhos.-
-Hanna...-A chamei e ela logo deixou os galhos no chão e se aproximou.-
-Você está bem ? Consegue me ouvir bem ? Como está a visão? Não mecha muito a cabeça... Eu... Digamos que eu esperei várias vezes a sua cabeça com uma seringa. -Ela disparou em palavras.-
-Hanna...
-Eu fiz isso porque o senhor estava com coágulos, eu fiquei assustada então tentei tirar, eu assisti dr. House e então eu achei que, bom, funcionou... Temporariamente.
-Hanna cala a boca! -Exclamei e ela me olhou assustada.- Eu estou bem, ok? Eu estou bem. -Ela suspirou aliviada, Hanna ainda estava machucada, sua perna ainda sangrava, seus lábios estavam pálidos.- E você? Está bem? Porque ainda está com esses cipós na perna ?
-Ah, não se preocupe com isso senhor. -Ela forçou um sorriso.-
-Sou seu chefe, deve acatar as minhas ordens Hanna, responda. -Soei ríspido, para que ela falasse.-
-Bom, não tinha tantos medicamentos, nem gases para um curativo descente... Eu estava preocupada com... você...-Ela parecia envergonhada.-
Levei a mão nas têmporas não acreditando no que estava ouvindo.
-Porra Hanna qual o seu problema ?
-Não entendi senhor...
-Tire a calça. -Ordenei.-
-Não... Eu estou bem.
-Hanna, foi uma ordem. Se apresse, quero ver a sua perna.
-Não! Eu já disse que estou bem senhor.
-Pelo menos me diga qual a cor da sua perna, ainda está normal ou está roxa ? Por acaso ela está ficando preta ?
-Eu... não sei...
-Hanna como diabos você não sabe diferenciar a cor da sua perna ? -Limpei a garganta, dando uma pausa.- Ande, tire. -Me aproximei a segurando pela cintura ela se debatia.- Se continuar assim vai acabar me machucando gravemente. -Ela parou e me olhou.- Só estou tentando retribuir Hanna, não tenho nenhuma interesse em você, então pare com essa birra, e me deixe ajudar.
Ela balançou a cabeça em concordância então entramos no pequeno abrigo que ela estava construindo, ela estava hesitando em tirar a calça, então com calma comecei a retirar, a medida que despia um arrepio corre por toda extensão de minhas espinhas, as penas de Hanna haviam grandes manchas e cicatrizes de queimaduras, era tudo queimado, agora entendo o sua hesitação em retirar a calça, eu agora entendo o porquê dela não saber diferenciar a cor de sua perna... Ela era realmente vermelha e tinha detalhes marrons e roxos.
-Hanna...
HANNA STARK
Senhor Devor estava olhando as minhas pernas, suas mãos passaram por minhas cicatrizes, ele levava suas mãos até minha barriga levantando calmamente a minha blusa, retirando com cuidado... Seus olhos percorriam pelo meu corpo e a insegurança me deu uma surra.
-Tire...-Ele sussurrou olhando assustado para cada detalhe de meu corpo que ele despia.-
Levantei meus braços e deixei que ele tirasse, a essa altura lágrimas escorriam de meus olhos silenciosamente enquanto eu segurava os soluços mordendo os lábios.
- Eu sei que é nojento... -Sussurrei.-
-Posso perguntar que houve ? -Disse ele voltando ao foco da minha perna.-
-Não... Por favor... -minhas palavras saíram embargadas, a minha respiração se acelerou só de pensar em tudo o que vinha enfrentando desde aquele maldito ensino médio.-
- Sua perna está infeccionando... Espero não ficarmos tanto tempo aqui...-Ele parecia desconcertado.-
Após me acalmar, decidi terminar o abrigo, era minúsculo, mas foi o que consegui fazer.
Senhor Dante me ajudou no abrigo, o céu estava escuro, parecia que iria começar a chover, porém o frio já havia se estabelecido, indicando o início do inverno.
Havíamos passado dois dias na ilha, e ainda não comemos nada além de beber da água potável que peguei na lancha, durando o mergulho, também havia alguns crustáceos, e eu pretendia pegá-los na manhã seguinte.
[...]
A brisa congelante que fazia, me deixava feliz e triste ao mesmo tempo, por um lado não sentia dor, ou coceira e por outro poderíamos morrer por hipotermia.
Aproveitei um pouco da brisa enquanto massageava a minha pele por cima da blusa.
-Me perdoe Loki... -Sussurrei olhando as estrelas, melhor ir para o abrigo.-
Envergonhada por ter que dividir um lugar tão apertado com Dante, me deixava extremamente incomodada, nunca havia ficado tão próxima de um homem sem ser Oliver, meu ex namorado e cunhado do Dante.
-Não acendeu a fogueira... -Digo entrando.-
-Se eu acendesse você não dormiria no seu abrigo. -Ele disse em um tom simples.-
[...]
Estava tarde, não faço ideia de que horas são, mas não preguei os olhos, estava tremendo de frio, e meu corpo tremia, eu sinto que vou morrer...
-Senhor...-Sussurrei.-
-Hm?
Hesitei, pedir para que ele se aproximasse era o início de algo terrível em minha mente. Isso não dará certo.
-Estou congelando... -Mencionei, ele demorou de responder, então me virei para olhá-lo, então bruscamente ele me puxa pela cintura para mais perto, me abraçando.- S-senhor... -Gaguejei-
Suas mãos gentilmente passivam nas minhas costas.
-Monstrinha... -Ele sussurrou enquanto voltava a dormir.-
"Monstrinha" ?
Ele me apertou com uma certa força, seu corpo estava quente, apenas fiquei ali quieta, a minha perna estava pintando, coçando e eu tentava alcançar, mas meus abraços estavam inutilizados devido seu aperto.
-O que foi?... -Sua voz soou cansado e rouco, o que me fez tremer.-
-A-a minha perna... -Gaguejei.-
Ele afrouxou o abraço e eu pude coçar freneticamente a minha perna, um suspiro de alívio escapou de meus lábios, mas logo minha mão foi segurada por Dante que puxou a minha mão até seu peito.
Suas mão direita desceu até minha perna, com a mão aberta ele acariciou as minhas pernas.
-Se usar as unhas, irá se machucar... -Ele resmungou ainda de olhos fechados.-
E foi assim, que meu coração começou a pular no peito, suas mãos eram pesadas e firmes.
-Senti sua falta... -Murmurou ele.-
Senti o impacto de suas palavras.
-A minha falta ?... -Levei os meus olhos até os seus, que estavam vagos.-
Ele me abraçou mais forte.
-Angélica... -Sussurrou ele dormindo.-
Então era isso... Ele estava tendo alucinações devido a contusão, mas não pude deixar de aproveitar seu abraço, me aconcheguei e ali mesmo dormi.
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Comments
Iracema Rosa
Affffff! Eu morreria deixando ele morrer tbm
2024-10-24
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