Alexia.
O som suave de um monitor cardíaco foi a primeira coisa que consegui identificar. Era reconfortante e, ao mesmo tempo, inquietante. Meu corpo estava pesado, como se eu não fosse capaz de mover uma perna sequer, e a sensação de desorientação era opressiva. Abri os olhos devagar, tentando me acostumar com a luz suave do quarto. Mas algo não estava certo.
Eu sentia uma dor abafada na cabeça, uma pressão que não parecia querer ir embora. Olhei ao redor, tentando reconhecer o ambiente. Era um quarto de hospital. Eu sabia disso. Mas por que eu estava ali? O que havia acontecido?
Tentei me lembrar, mas a minha mente estava em branco, como se uma camada de neblina cobrisse todas as minhas lembranças mais recentes. A última coisa que conseguia distinguir era uma sensação de movimento rápido, algo acontecendo ao meu redor… e depois nada. Apenas um vazio profundo.
Respirei fundo, tentando me forçar a pensar, mas a dor na cabeça piorou. Fechei os olhos por um momento, buscando alguma resposta dentro de mim. Então, a porta se abriu com um leve rangido, e uma voz conhecida cortou o silêncio.
— Alexia... — a voz estava trêmula, como se estivesse segurando algo muito grande dentro de si.
Eu não sabia quem era. O medo começou a crescer dentro de mim, como uma sensação de pavor que eu não sabia explicar. Não me lembrava do rosto, não me lembrava do nome. O que eu sabia era que essa pessoa parecia se importar muito, e isso me trazia uma sensação estranha de conforto.
— Alexia, por favor, não se assuste. — A voz disse novamente, mais perto agora. A mão dele tocou a minha, e eu a segurei sem pensar. Mas, mesmo assim, tudo parecia tão distante.
Eu o olhei com confusão. Ele tinha os olhos vermelhos, como se tivesse chorado. Seu rosto estava tenso, angustiado, e isso me deixou ainda mais perdida. Eu queria entender, queria saber o que estava acontecendo, mas não conseguia encontrar uma pista sequer.
— Quem... quem é você? — minha voz saiu rouca e baixa, quase um sussurro, e me senti fraca por não conseguir me lembrar.
Ele parecia surpreso, como se a pergunta fosse um soco no estômago. A expressão dele mudou, e pude ver a dor que se formava em seus olhos. Ele apertou minha mão com mais força, mas não disse nada de imediato. Ficou me olhando como se quisesse me contar algo, mas hesitasse, temendo me ferir ainda mais.
— Eu sou… sou o seu parceiro, Bruno. — Aquelas palavras, tão simples e diretas, me confundiram ainda mais.
A sensação de vazio na minha cabeça era aterrorizante. Como eu podia não saber disso? Como eu não me lembrava de quem ele era?
Olhei para ele, tentando encontrar algo que me ajudasse a entender, mas o vazio era tão profundo que parecia impossível preencher. Ele estava ali, tão perto de mim, mas era como se fosse um completo estranho. Eu deveria conhecê-lo, eu queria conhecê-lo, mas o que restava era uma tela em branco.
— Eu não me lembro... — falei baixinho, tentando esconder a dor que estava sentindo por dentro. Mas ele parecia entender. Ele não ficou chateado, ao contrário, seu olhar estava carregado de uma tristeza silenciosa. – Desculpa.
— Não se preocupa, Alexia. Eu vou estar aqui, sempre que você precisar. — ele disse com tanta convicção que me senti, de alguma forma, um pouco mais segura, mesmo sem saber por que ele estava tão certo.
A porta do quarto se abriu e uma médica entrou. Com cabelos pretos, olhos azuis, um nariz pequeno e afilado, e lábios bem contornados, e a pele incrivelmente branca. Ela usava um pijama cirúrgico azul escuro e um jaleco branco. Era o tipo de mulher que naturalmente chama a atenção de todos os homens.
O nome bordado em seu jaleco era Dra. Nathalie Kendricks.
— Oi, Alexia. Você se lembra de mim? Sou a doutora Kendricks, sua médica. – disse ela com um sorriso. Sua voz tinha um leve tom rouco e era bastante agradável. – Isso pode ser um pouquinho desconfortável.
Ela direcionou a luz de uma lanterna para o meu olho, o que me fez fechar os olhos rapidamente, mas logo os abri novamente.
— Onde você está, Alexia?
— No hospital...?
— Isso mesmo. Você se recorda do motivo de estar aqui?
— Não...
— Você sofreu um acidente e teve um traumatismo craniano. Realizamos duas tomografias e notamos que seu cérebro estava ligeiramente inchado e havia um coágulo que já se dissolveu. Não será necessário abrir sua cabeça, o que é uma boa notícia.
— Eu não lembro de nada...
— Isso é completamente normal. Você passou por um trauma, e a perda de memória recente muitas vezes acompanha essa situação quando o paciente acorda.Mas vai passar, logo você vai se lembrar de tudo.
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Atualizado até capítulo 37
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