Capítulo 18

Bruno

— Prontinho, terminei. – A médica, que eu descobri que se chamava Karoline, finalizou a sutura na minha testa. – Tem um pessoal do FBI lá fora. Imagino que você seja um deles, não?

Assenti com a cabeça.

— Ótimo. Vou pedir para que entrem.

— Ei. E a Alexia? – perguntei, ansioso.

— Sua namorada? – Ela me olhou antes que eu pudesse corrigir, “minha parceira”, mas continuou. – Ela está em cirurgia, pelo que sei. Vou procurar mais informações e trago para você. Descanse.

Karoline saiu do quarto, e eu me ajeitei na cama, olhando fixamente para o teto branco de gesso. Minutos depois, meus colegas do FBI entraram: Alanes, Ashley, Arthuro, Lia, Ozias e Hamilton.

Cumprimentei todos com um movimento de cabeça, ajustei a cama conforme a médica orientou – bastava apertar um botão no controle – mas senti uma leve dor na costela e fiz uma careta.

— Ei, vai com calma. Você acabou de sofrer um acidente, cara. – Ozias falou, preocupado.

— Como você está? – Hamilton se aproximou.

– Péssimo. E a Alexia?

— Ela está na cirurgia, ainda não temos muitas informações.

— Eu quero vê-la.

— Nada disso. Vai terminar de tomar o soro primeiro. – Ashley interrompeu, séria. – Você sofreu um acidente, Bruno!

— A Alexia também. Eu preciso saber se ela está bem...

— A médica vai vir falar com você assim que terminar. – Lia disse com sua voz suave e acolhedora.

Não havia muito o que fazer. Tive que me conformar e ficar aguardando enquanto o soro ia sendo lentamente administrado. Uma hora depois, todos precisaram sair para esperar na recepção. Eu acabei adormecendo, mas acordei algum tempo depois com alguém mexendo no meu soro. Abri os olhos lentamente e vi uma mulher de jaleco, mas não era Karoline.

— Senhor Lacerda, que bom que acordou. Sou a doutora Nathalie Kendricks, residente em cirurgia geral e a médica da sua namorada. O caso dela foi delicado, mas ela está estável. Os sinais vitais estão bons, mas ela não está respondendo.

Ouvi sua voz suave e, ao erguer os olhos, vi uma mulher com cabelos castanhos e olhos azuis que sorria para mim. A primeira coisa que pensei foi que ela era incrivelmente bonita.

— Eu posso vê-la? – Perguntei, ansioso.

— Não agora, pelo menos. Ela está na UTI. Se tudo correr bem, amanhã ela será transferida para o quarto e, aí sim, você poderá vê-la.

— "Está estável" significa que está bem? – Perguntei, ainda buscando alguma esperança em suas palavras. Sua boca se contraiu levemente.

— Não exatamente. "Estável" significa que o quadro não piorou nem melhorou. Está numa balança, onde nada sobe nem desce.

— Mas ela vai ficar bem? – Insisti.

— Vamos ver como ela reagirá ao resto da noite. Se houver melhora, traremos ela para você ver.

— E eu? – Perguntei, mas ela não parecia estar muito preocupada comigo.

— Você fraturou duas costelas e teve um pequeno ferimento, mas vai ficar bem. – Ela começou a mexer no meu braço, ajustando o acesso intravenoso. – Desculpa, isso pode doer um pouco.

Ela retirou o acesso, mas a dor física parecia nada comparada à angústia de não saber como a pessoa que eu mais me importava estava. Nathalie colocou o oximetro no meu dedo e saiu do quarto, prometendo que voltaria no dia seguinte.

Eu não conseguia dormir. Eu precisava vê-la, eu precisava saber que ela estava bem para poder ficar bem também.

Karoline entrou de novo no quarto, dizendo que ia trocar o meu soro. Mas naquele momento, uma ideia surgiu em minha cabeça, e não parecia tão absurda assim.

— Sabe onde a Alexia está? – Perguntei, tentando parecer calmo.

— Na UTI, por quê? – Karoline me olhou, desconfiada.

— Preciso que me leve até ela.

— Não posso fazer isso, Bruno. Isso é proibido.

— Ninguém vai saber se você não contar. Por favor, eu preciso vê-la. Ela precisa de mim.

Karoline hesitou, olhando ao redor, como se ponderasse a situação. Então, finalmente se deu por vencida.

— Você vai na cadeira de rodas. – Ela apontou para uma ao lado da cama, e eu assenti rapidamente.

O importante era que eu estaria indo ver a minha loirinha. Eu precisava falar para ela que tudo ficaria bem.

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