Capítulo 16

Bruno.

Desci do telhado, deixando-a ali parada, refletindo sobre o que eu havia dito e também me perguntando por que aquele beijo me deixou tão empolgado. Entrei no primeiro banheiro que encontrei à frente e segurei a borda da pia com toda a força, fazendo com que as articulações dos meus dedos ficassem pálidas.

A respiração pesada ecoava dentro do banheiro pequeno e abafado. Eu olhei para o reflexo no espelho, tentando processar tudo que acabara de acontecer. O beijo, as palavras, o medo e a atração que pareciam lutar uma contra a outra dentro de mim. O que eu tinha feito? Eu não deveria ter deixado aquilo acontecer. Mas, ao mesmo tempo, uma parte de mim não conseguia negar a urgência que sentia.

Ela ainda estava lá, no telhado, pensando, talvez se perguntando o que realmente estava acontecendo entre nós. Ou pior, talvez achando que eu era mais uma distração em sua vida, mais um cara para ser descartado.

O problema é que não queria ser isso. Não queria ser só mais uma lembrança para ela.

Minha cabeça estava a mil, e o silêncio ao redor só parecia intensificar o caos que eu sentia por dentro. Tinha sido só um beijo. Mas para mim, naquele momento, parecia muito mais.

— Oi. – Arthuro adentrou o banheiro. – Algum problema?

— E aí, cara, tudo tranquilo. – soltei a pia e me virei para ele.

— Certo. O Hamilton está chamando os agentes para a sala de reunião.

— Reunião de emergência?

— Isso mesmo.

— Beleza. Vamos.

Saí do banheiro e desci as escadas. Embora houvesse elevador, não queria perder tempo esperando. Ao chegar no andar da reunião, percebi que alguns agentes já ocupavam suas cadeiras.

Sentei-me em uma das poltronas, a maioria já estava presente, mas a loira não se encontrava ali. Alexia não estava na sala e, ao olhar para fora, também não a vi. Será que ainda estava lá em cima?

Hamilton começou a reunião e um assento permanecia livre, o dela. Depois dessa reunião eu iria procurar saber qual a rixa entre ela e o Peter Hamilton, porque tenho certeza que tem alguma coisa.

— Josh vai ser liberado. – Hamilton anunciou, e eu o encarei rapidamente.

— Por quê? Ele tem que pagar por ter traído o FBI. – falei com raiva.

— Exatamente. – Lia comentou, franzindo a testa. – Mas por que isso agora?

— A Interpol também está envolvida no caso, ele ficou detido por 48 horas. Não podemos mais mantê-lo sob custódia.

— Que história é essa agora? Ele apagou dados cruciais do FBI, Peter. Do FBI. Ele tem que pagar por comprometer um caso tão importante quanto esse.

— Calma aí, calma aí. Se controla, agente Lacerda. Vou redigir uma petição e encaminhar para o Ministério Público.

— Agora virou advogado? Pelo amor de Deus, né? Passei horas do meu dia e a maldita noite toda acordado pra esse desgraçado ser solto? – Levantei-me. – A reunião acabou pra mim.

Saí da sala e segui para o meu escritório. Alexia também não estava lá. Mas, naquele momento, o que mais me importava era encontrar provas suficientes para deixar aquele inútil atrás das grades. Ele não ia destruir minha operação e ficar assistindo tudo de braços cruzados. Não mesmo.

Liguei o computador e comecei a vasculhar tudo. Quando estava imerso nas pesquisas, alguém bateu na porta e entrou. Era Yuri. Só de vê-lo, uma raiva enorme tomou conta de mim, sabendo que ele e Alexia tinham passado a noite juntos.

— Ah, Lacerda. Esses documentos são para você, Josh Mangne.

— Valeu, pode deixar na mesa.

— Ok.

Ele colocou os papéis sobre a mesa e, ao virar-se para sair, deixou cair uma caixinha pequena que se abriu, mas o anel não escapou.

— Ei, Yuri. Acho que isso é seu. – apontei para o objeto.

— Ah, cara, ainda bem que você falou. – Ele recolheu a caixinha verde e a fechou. – Obrigado. Vou pedir minha namorada em casamento.

Franzi a testa, mas procurei não demonstrar nada. Ele tinha uma namorada e, ainda assim, dormiu com outra mulher? Que tipo de homem sem princípios era esse, que trai a própria companheira?

Ele saiu e eu voltei a me concentrar nas pesquisas, determinado a encontrar algo novo que pudesse levar Josh para a cadeia.

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