Alexia.
O departamento do FBI costumava ser como um segundo lar para mim, mas depois que Isaac se foi e Peter tomou seu lugar, cada parte deste lugar me deixava enojada. A presença aqui me fazia sentir impura.
Tinha em mãos a árvore genealógica da família de Clayton e um dos primos dele chamou minha atenção. Lionel Clark teve quatro passagens pela polícia e cumpriu uma pena breve por homicídio em São Francisco, após agredir sua ex-namorada, sendo liberado 11 anos depois por bom comportamento.
Na noite anterior, ocorreu uma tentativa de assassinato e a família da vítima estava em peso em cima do FBI, sem querer sair do departamento. A vítima estava no hospital e, em breve, iria prestar depoimento. Temos uma sobrevivente. Mais um avanço dado.
— Oi, a minha filha... o que aconteceu com ela? Ela cometeu algum crime? Por que está no hospital? O que querem com ela?
— Senhor Thompson, eu compreendo sua preocupação, mas no momento não posso falar muito, exceto que sua filha foi vítima de uma tentativa de assassinato.
— E quando os resultados dos exames dela serão divulgados? Por que tentaram matá-la? O que ela fez?
— Senhor, por favor, mantenha a calma. Não posso informar nada agora, pois também não tenho essas respostas. Sua filha precisa de você; fique com ela, tudo bem?
— Tudo bem... desculpe-me por me apressar.
Sorri enquanto ele se afastava no elevador acompanhando um menininho. Quando me virei, me deparei com Ashley me fitando a poucos passos. Ela balançou a cabeça em sinal de negação e soltei um suspiro.
— Você deveria ser honesta.
— Tem pessoas que preferem manter seus segredos.
— É verdade. Deve ser por isso que você não quer que ninguém descubra que foi demitida da CIA por ter estragado uma operação e quase causado uma morte.
— Olha só. — Fui em direção a ela, aproximando-me. — Você não tem nada a ver com a minha vida. E não tem direito de me julgar. Pode ter suas opiniões sobre mim, mas a verdade é que você não sabe nada.
Lancei as palavras em sua direção e passei por ela, esbarrando intencionalmente no ombro dela. Entrei no elevador e subi para o andar onde estavam as salas e as mesas dos agentes. Era o andar que supervisionava todo o Estados Unidos.
Coloquei minha jaqueta de frio e segui em direção ao hospital para coletar o depoimento de Julie. O que sabíamos até então era que ela estava se comunicando com um homem pela Internet. Estávamos nos aproximando cada vez mais da solução desse caso.
No carro, Bruno e eu permanecemos em silêncio absoluto; já fazia uma semana que tínhamos voltado ao ponto inicial, limitando nossas conversas ao estritamente necessário. Não deveria me sentir incomodada, considerando que essa sempre foi nossa dinâmica - dialogávamos apenas quando realmente havia uma necessidade.
— Vá colher o depoimento dela — ele comentou, enquanto destravava a porta do veículo.
— E para onde você está indo...?
— Vou ao local do crime.
— Mas Bruno, você não pode fazer isso. A perícia está em andamento, é perigoso.
— Alexia, por favor, me faça esse favor.
Olhei para ele com intensidade, repleta de raiva, e saí do carro batendo a porta com força. Entrando no hospital, apresentei minha identidade e o crachá do FBI à recepcionista, que prontamente me forneceu o número do quarto onde Jolie se encontrava.
Ao entrar no quarto, encontrei-a sentada, com o olhar fixo na parede branca. Por que será que os adolescentes são tão obstinados e insistem em se comunicar com estranhos na internet?
— Olá, meu nome é Alexia. Sou agente do FBI e gostaria de fazer algumas perguntas. Vamos lá?
Ela concordou com a cabeça, e eu fiz todas as indagações necessárias, anotando tudo em meu caderno. Ela descreveu o que recordava sobre o homem: alto, cabelos pretos, olhos castanhos e pele morena. Ele se apresentava na internet como L.C.
Fui conversar com a médica que a atendia, e ela me informou que Jolie havia sofrido uma série de contusões e lesões nas costelas, mas que não foi vítima de abusos. Isso me trouxe um certo alívio, pois ninguém merece passar por uma situação assim.
Depois, dialoguei com os familiares e retornei ao departamento, já passava das sete da noite. A maioria dos agentes estava se retirando. Bruno não estava presente. Eu gostaria de me desculpar mais uma vez pelo que disse, mas ele não me dava a oportunidade. Eu me sentia péssima.
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Atualizado até capítulo 37
Comments
Fatima Maria
EITA QUE É UM JOGO DE XADREZ. ENTTRE ALEXIA, BRUNO, CIA E FBI. COMO VAI TERMINAR?¿
2024-11-14
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