Capítulo 11

Alexia.

— Você tem ideia de quanto me preocupo com o seu emprego, minha filha? – mamãe comentou ao se acomodar no sofá.

— Eu sei, mamãe. Mas sei me cuidar, não se preocupe.

Lancei um sorriso para ela. A noite já havia caído e eu passei toda a tarde ali. Agnes, minha irmã mais velha, estava sentada no sofá, enquanto Luna, sua filha, repousava com a cabeça em seu colo, distraída com o celular.

Meu pai estava na cozinha, preparando o jantar, ele amava cozinhar. Enquanto isso, eu levava outro biscoito à boca, relaxando na poltrona. Hoje era meu dia de folga, e eu realmente precisava disso. A situação com Bruno estava insuportável; ele havia voltado a ser aquele chato de sempre.

Tem um ditado que diz: “A bebida, antes de te matar, te humilha”? Isso é bem verdade. Eu não devia ter me deixado levar e ter beijado o Bruno; isso só tornou nossa convivência ainda mais complicada.

Só queria deixar aquele dia para trás.

— Alexia, ouvi dizer que seu chefe se aposentou. É verdade? – Agnes me questionou.

— Ah... sim, o Isaac realmente se aposentou.

— Sério, filha? Puxa, que pena! Ele era tão gente boa. E quem está no comando agora? – minha mãe perguntou.

— Hã... agora é o Peter Hamilton. – ao mencionar seu nome, um gosto amargo surgiu na minha boca.

— Seu ex-chefe? Ele não te dispensou? Espero que não faça isso de novo.

— Relaxa, mãe. Estou cumprindo com minhas obrigações direitinho.

— E da última vez também fazia. E o que aconteceu? Ele te demitiu na primeira chance. – meu pai comentou da cozinha.

— Não se preocupem. Ele não vai me demitir. – assegurei. Preciso ir, amanhã tenho que chegar cedo no departamento.

Me despedi deles e segui para o meu carro. Liguei o motor, sentindo algumas lágrimas escorrerem pelo meu rosto. Seguir em frente sem deixar o passado para trás é realmente um desafio.

Bati com força no volante, tomado pela raiva, e aumentei o volume da música. Ao chegar em meu apartamento, fechei a porta de forma brusca, segui até onde estava minha adaga e peguei uma garrafa de vinho, indo em seguida para a cozinha para abri-la.

Desviei a garrafa para a boca e bebi uma boa quantidade. Então, me atirei no sofá.

...[...]...

Minha mente estava um turbilhão, e não era por causa de uma bebedeira, tampouco poderia atribuir isso ao álcool, mas sim aos pensamentos frenéticos que, de vez em quando, me roubavam o sono.

Cheguei ao escritório do FBI usando uma calça de linho preta, uma camisa de gola alta branca e um blazer preto por cima. Para completar, um par de óculos escuros me ajudava a disfarçar as olheiras.

— Você confundiu o FBI com uma passarela? — brincou Yuri, divertido.

— Eu ia perguntar se alguém tinha morrido. — Alanes riu.

— Oi pessoal, bom dia! Vamos dizer que eu bebi um pouquinho a mais ontem à noite.

— Sei. Nós combinamos de sair para um barzinho hoje, já faz um tempo que não fazemos isso. — comentou Alanes.

— Meu Deus, vocês só me convidam para essas coisas. — respondi, entrando na sala e deixando os dois rindo atrás de mim.

Ao entrar no meu escritório, encontrei Bruno já sentado com seu olhar entediado, mexendo no notebook. Ele levantou os olhos, fez aquela típica expressão de olhar, desviar e olhar novamente.

Sentei-me à minha mesa e liguei o MacBook, e nem trocamos um "bom dia". Se é assim que vai ser, que assim se faça. Meu e-mail já continha os resultados da perícia, além dos relatórios que Yuri havia deixado sobre a minha mesa.

Não foram encontradas segundas impressões digitais, exceto as da vítima, e o DNA que foi coletado sob a unha de Jolie era dela mesma.

— Isso está errado... — murmurei. — Não tem como o DNA ser da própria Jolie. Os resultados foram manipulados, há um traidor entre nós. Precisamos agir rápido.

— Ah, é? E como você planeja fazer isso? Perguntando para cada um "você é o traidor?"

— Por que você é tão idiota?

— Estou sendo racional — respondeu ele.

— Você está se comportando como um idiota, como sempre. — Tive que elevar o tom e me levantei da cadeira, sentindo uma vontade imensa de dar uma lição naquele rostinho bonito e arrogante.

— Não estou nem um pouco interessado em discutir com você, Alexia. Se acredita que há um traidor, beleza, vamos investigar. Mas não adianta sair fazendo perguntas sem sentido.

— E você realmente pensa que eu faria isso?

Ele não respondeu, apenas continuou digitando no MacBook.

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