Capítulo - 17

Clara

Me levanto, um tremor percorrendo meu corpo, e envolvo os braços ao redor de mim, buscando conforto enquanto me aproximo da imensa janela. A chuva cai incessante lá fora, cada gota parecendo refletir a confusão dentro de mim.

— Clara? Não vai dizer nada? — a voz de Lincon, suave mas carregada de expectativa, me faz virar lentamente.

— Eu não sei o que dizer — respondo, minha voz hesitante. — Eu também senti algo por você, mas não sei... talvez seja apenas curiosidade. E você não pode dizer essas coisas assim, tudo está tão recente; nossos sentimentos estão confusos. Acho que estamos misturando as coisas.

Ele dá um passo à frente, a intensidade em seu olhar aumentando.

— Eu não estou misturando nada, Clara. Pode ter certeza de que o que sinto por você é real. Se não fosse, nem estaríamos aqui, tendo essa conversa. Você não percebe como tudo contribuiu a nosso favor? Estamos destinados a ficar juntos. Você é minha companheira.

Minhas mãos tremem ligeiramente, e sinto meu coração acelerar. O que ele diz parece tão profundo, mas ao mesmo tempo, a dúvida se instala em mim.

— Você tem algum problema? Costuma dizer isso para toda garota que traz aqui? — provoco, tentando esconder a vulnerabilidade que me consome.

As lágrimas começam a rolar pelo meu rosto, e sinto um misto de raiva e desespero.

— Eu não trago nenhuma garota aqui, Clara. Você é a única. Na verdade, eu não me envolvo com ninguém — sua voz reverbera, quase perdida entre o som da chuva que bate na janela.

Sem responder, com meu coração martelando no peito, decido que preciso de distância. Passo por ele, sentindo a pressão crescente no peito.

— Eu vou embora — digo, com a determinação que não sinto por dentro.

Então, ele segura meus braços, e a conexão entre nós se intensifica.

— Vai mesmo fugir de mim, Clara? Acha que é o melhor a se fazer? — A pergunta é mais um desafio do que uma súplica, e meus olhos se encontram com os dele.

Sinto como se o tempo parasse. O contato de suas mãos nos meus braços é ao mesmo tempo firme e gentil. Meu peito sobe e desce, e a intensidade do momento é quase palpável.

— Não estou fugindo — respondo, tentando manter a voz firme, mas falhando. — Só preciso de um tempo.

Ele parece relutar, seu olhar fixo no meu, buscando alguma resposta que eu ainda não sou capaz de dar. A vulnerabilidade que vejo em seus olhos contrasta com a confiança que ele exala.

— Clara, eu não quero que você se afaste. Essa conexão que estamos sentindo é rara. Por que não podemos explorar isso juntos? — Sua voz é suave, mas as palavras ressoam como uma promessa.

Fecho os olhos por um momento, lutando contra a tempestade de emoções que ameaçam me derrubar. A chuva continua a cair, e sinto que o mundo lá fora se tornou um reflexo do que está acontecendo dentro de mim.

— E se der tudo errado? — questiono, finalmente quebrando o silêncio. — E se nos machucarmos?

Ele balança a cabeça, como se dissesse que entende.

— A vida é cheia de riscos, Clara. Mas o que estamos vivendo agora pode ser algo maravilhoso, mesmo que seja assustador. O que você realmente deseja?