Capítulo - 14

Lincon

Enquanto estou imerso no meu closet, garimpando entre as calças de moletom e camisetas para Clara, meu lobo ruge em minha mente, quase como um eco ameaçador.

"Ela finalmente está em nossa casa. Quando iremos acasalar com ela?"

— Oh, céus! Fique em silêncio! Você não percebeu que ela está abalada com tudo que aconteceu? E, mais importante, há algo que a machuca — digo impaciente.

"Algo a machuca? Podemos acabar com isso?", pergunta ele, curioso, a ferocidade em sua voz transparecendo.

Eu então, repondo:

— Não sei. Primeiro, precisamos cuidar dela. E quem sabe ela nos revele o que a aflige.

"Gostei disso, isso é bom. Vamos então conversar com ela. Ande, rápido", rosna meu lobo, a ansiedade crescendo.

— Deixe a parte da interação comigo, lobo! Você é um tanto... insensível — exclamo, enquanto pego uma calça cinza e camiseta preta.

"Insensível? Sou prático. Os humanos tem a tendência de complicar tudo. Por que não resolver as coisas de forma direta?"

Solto um suspiro profundo, a frustração se acumulando. Com a roupa em mãos, sigo para o quarto de hóspedes, meu coração batendo mais rápido. Bato na porta e ouço seus passos do outro lado, cada um ressoando como um tambor em minha mente.

Quando a porta se abre, sou recebido por uma visão que me deixa sem palavras: Clara está enrolada na toalha, a pele ainda molhada e os cabelos desgrenhados.

"Eu quero acasalar, com ela!", grita meu lobo, sua excitação é palpável.

— Cala a boca! — digo firme, lutando contra o instinto dele.

Clara arregala os olhos, confusa e surpresa, ao dizer:

— O que?

Pisco rapidamente, tentando me recompor enquanto um calor constrangedor toma conta de mim e, digo:

— Me desculpe, por favor. Não foi com você... É... a roupa, eu trouxe a roupa. — Estendo as peças como se fossem um escudo. — Eu irei cozinhar algo para você. Por favor, se troque e desça.

Sem esperar pela resposta, saio rapidamente de sua presença, a vergonha me consumindo.

— Eu disse para você se manter em silêncio, lobo! Deixe a interação com ela, comigo. Viu o que você me fez passar? Agora ela provavelmente achará que eu tenho algum problema — murmuro, a frustração fervendo em meu peito.

Enquanto caminho para a cozinha, não consigo deixar de pensar no olhar de Clara, um misto de confusão e curiosidade. O que ela deve estar pensando de mim? A ideia de que ela pode me achar insano me persegue, mas o lobo em mim ressoa como uma batida constante, insistindo que devemos lutar por ela, não importa o custo.

Chego na cozinha e abro os armários, pegando algumas panelas com um misto de nervosismo e determinação. Cozinhar sempre foi a minha terapia, um ritual que me permite colocar os pensamentos em ordem. E hoje, essa tarefa ganha um significado especial: estou preparando algo exclusivamente para Clara.

"Vê se não vai deixar nada cru, hein? Tem que ser algo realmente saboroso para a nossa Clarinha", diz o lobo, a urgência em sua voz quase palpável.

— Vou fingir que não ouvi isso, lobo — respondo, acendendo o fogo com uma determinação renovada.

Enquanto a chama crepita, começo a reunir os ingredientes. O cheiro de alho e cebola fritando logo preenche o ar, trazendo um conforto familiar. Corto os vegetais com cuidado, cada movimento medido e intencional, como se estivesse desenhando um quadro.

"Se você não fizer algo perfeito, eu serei obrigado a me manifestar", ele provoca, sua presença constante na minha mente.

— A última coisa que preciso é de você se intrometendo agora — murmuro, focando na receita.

Misturo os temperos, cada pitada uma declaração silenciosa do que quero que Clara sinta: acolhimento, carinho, um toque de segurança. A cozinha, normalmente um espaço comum, agora parece vibrar com uma energia especial, como se cada ingrediente estivesse alinhado com a intenção de me conectar a ela.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***