Capítulo - 13

Clara

Não sei se é pela grandiosidade da mansão, ou pela cena do teto do carro se afundando, deixando marcas das patas daquela criatura na lataria que ainda persiste em minha mente, ou por estar aqui, ao lado de Lincon, mas tudo isso parece ter se colapsado dentro de mim.

Enquanto sigo seus passos para entrar, a chuva torrencial ainda cai ao nosso redor, e, ao pisar no mármore do hall de entrada, meu estômago se revolta. Antes que eu possa me controlar, o vômito escapa, espirrando em um canto do chão perfeitamente polido.

A vergonha me invade, fazendo meu rosto arder. Olho para baixo, mortificada por ter sujado sua casa luxuosa.

— Me desculpe, eu... — começo a murmurar, limpando a boca com a manga da minha blusa, mas Lincon rapidamente me interrompe.

— Está tudo bem, Clara. Vamos entrar, você precisa de um banho quente e roupas secas.

Ele abre a porta, e, ainda tremendo, sigo-o para dentro. Assim que adentro, paro perto da entrada, absorvendo a magnitude do ambiente. A sala é imensa, com um equilíbrio elegante entre sofisticação e aconchego, os móveis dispostos de forma a convidar ao descanso.

Minhas mãos tremem levemente enquanto me aproximo, e sinto o olhar de Lincon sobre mim, atento e preocupado. Caminho devagar em sua direção, cada passo carregando um peso que parece maior que eu.

Sem saber como me expressar, digo, com a voz hesitante:

— Eu... sua casa é enorme. Eu nunca entrei em um lugar assim.

O brilho de seus olhos se suaviza, e ele sorri levemente, como se o que eu dissesse tivesse um significado mais profundo. A chuva ainda cai do lado de fora, mas dentro desta mansão, um calor inesperado começa a se espalhar.

— Não se preocupe, eu entendo — sua voz reverbera suavemente pelo ambiente, como se tentasse acalmar a tempestade dentro de mim.

Ele continua:

— Vamos. Irei te levar até um dos quartos de hóspedes.

Com um aceno de cabeça, sigo-o, os passos ecoando no mármore frio, enquanto ele se move com a confiança de alguém que pertence a esse espaço. Cada corredor que atravessamos é adornado com quadros elegantes e móveis de design, tudo refletindo uma vida de luxo e cuidado.

Enquanto caminhamos, meu coração acelera. O cheiro do ambiente é acolhedor, misturando notas de madeira polida e um sutil aroma de lavanda. Lincon para em frente a uma porta em um dos corredores e a abre, revelando um quarto que é como um refúgio de conforto.

— Aqui estamos — ele diz, gesticulando para dentro.

O quarto é amplo, com uma cama king-size coberta por lençóis brancos imaculados, uma poltrona aconchegante no canto e uma janela que revela a chuva caindo lá fora.

— Você pode se lavar. Vou buscar algumas roupas secas para você — ele completa, seu tom gentil suavizando minha insegurança.

Um misto de gratidão e nervosismo me invade enquanto entro no quarto. Fecho a porta e me deixo levar pela atmosfera tranquilizadora do espaço, aliviando, mesmo que por um momento, a tensão que acumulei.

Caminho até o banheiro e sou envolvida por um espaço que parece mais um spa do que um simples cômodo. O mármore brilhante e os detalhes em ouro refletem a luz suave, criando uma atmosfera quase mágica. Fecho a porta atrás de mim e deixo escapar um suspiro de alívio, mas logo meu coração acelera ao perceber que não estou com meu celular.

— Droga! — digo, dando um tapa na minha própria testa.

A frustração me invade. Aqui estou, no lar de um desconhecido, sem a menor forma de me comunicar com o mundo externo. E se ele... Bem, melhor deixar esses pensamentos de lado. Ele me ajudou, certo? Se quisesse me fazer mal, já teria tido a oportunidade.

Respiro fundo, tentando afastar os pensamentos sombrios. A mente não para: é como se eu estivesse presa em um ciclo de inseguranças. Ah, céus, preciso parar com isso.

Decido focar no que posso controlar. Com as roupas no chão, ligo a ducha e deixo que a água morna caia sobre mim. Assim que o líquido toca minha pele, sinto um relaxamento instantâneo, como se a água levasse embora não apenas a sujeira, mas também as preocupações que me atormentam.

Fecho os olhos, permitindo que a água morna envolva meu corpo, e me perco na sensação de tranquilidade. O barulho da chuva lá fora se transforma em uma espécie de música de fundo, me lembrando que, por enquanto, estou segura. Neste momento, posso esquecer a vida sem sentido que deixei para trás, mesmo que por um instante.

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