Capítulo - 2

Lincon

Enquanto seguro os seios dela, o calor da sua pele se irradia através da fina camiseta, e o toque direto me faz perceber a ausência do sutiã. Meu coração acelera como um tambor em uma floresta silenciosa, e uma onda de instintos primitivos brota dentro do meu interior. É um chamado profundo, visceral.

Sinto meu lobo despertando, a fera que sempre esteve escondida, dentro de mim. Num movimento abrupto, retiro minhas mãos, um desespero súbito me invade, ao dizer:

— Tome mais cuidado, garota! Aqui não é um parque de diversões!

As palavras escapam de mim, mais um aviso do que uma reprimenda. O elevador chega ao meu andar e as portas se abrem como se fossem uma saída de emergência. Saio apressado, cada passo largo e firme, tentando ignorar a confusão que ela deixou em mim.

Assim que entro na minha sala, tranco a porta e me dirijo ao grande vidro que me separa da cidade pulsante lá fora. Afrouxo a gravata, sentindo o ar pesado da tensão. É nesse momento que a voz rouca do meu lobo ecoa em minha mente, um sussurro insistente que logo se transforma em um rugido interior.

"É ela... a garota, nossa companheira... Vá atrás dela! Precisamos acasalar com ela o quanto antes."

Um suspiro profundo e furioso escapa dos meus lábios, e exclamo:

— Não! De jeito nenhum! Você percebeu que ela é uma pirralha? Cheirando a leite! Eu não senti nada, e nem você!

A risada do meu lobo ressoa, profunda e poderosa, reverberando por toda a sala.

"Sentiu sim, Lincon. Assim como eu. Ela é nossa!"

Antes que eu consiga protestar novamente, ele avança, invadindo meu ser. A transformação começa, e sinto minha pele se esticar, ossos se rearranjando. Tentando resistir, murmuro:

— O que conversamos sobre a transformação aqui na empresa? Isso é inaceitável!

"Cale-se, Lincon. Sua sala é à prova de som, foi feita para isso. Eu preciso me sentir livre. Somos um, aceite isso."

Num instante, me encaro no vidro, imponente na forma de lobo. O reflexo é uma combinação do meu ser humano e da besta que me habita, um predador poderoso. Ao me virar, derrubo meu laptop e papéis, o som do caos ecoando na sala como um eco de minha luta interna.

"Você sabe que dividimos a mesma alma. Queremos ela... aquela garota! Não me importo com as regras humanas. Ela será nossa!"

A conexão com ela foi inegável, e mesmo eu, em minha forma humana, senti a atração ardente. É uma chama que queima intensamente, ameaçando consumir minha razão. Venho de uma tribo de lobos, onde cada criança é ligada ao seu lobo desde o nascimento.

Fugi daquele mundo, buscando algo além, mas sempre carregando a herança de ser filho do alfa. Agora, a sombra do passado se mistura com o presente de uma forma que eu nunca poderia ter imaginado.

Olho para o vidro, refletindo não apenas minha imagem, mas o conflito que se desenrola dentro de mim. O lobo quer romper as barreiras, enquanto minha parte humana se recusa a ceder.

Estou preso entre dois mundos, e a única coisa clara é que, de alguma forma, essa garota se tornou um ponto focal de tudo que eu sou. E, se não tomar cuidado, poderei perder mais do que apenas o controle.

O desejo de encontrá-la, de descobrir quem ela é, pulsa como um tambor na minha mente. O lobo e eu sabemos que o futuro não pode ser ignorado. Em um instante de clareza, percebo que a vida que escolhi fora da tribo pode não ser suficiente para me proteger do chamado da minha natureza.

"Ela é a chave, Lincon. E não podemos deixá-la escapar."

As palavras do meu lobo ecoam, e, contra a vontade, sinto um impulso irresistível de agir.

— Não... — sussurro para mim mesmo, enquanto a necessidade de seguir esse instinto cresce, ameaçando tomar conta.

O dilema apenas começou, e a batalha por minha alma, e pela dela, está prestes a se intensificar.

"Você ainda sente o doce aroma dela, não sente? Ahhhh... eu sinto, Lincon, e você a trará para nós."

Suas palavras parecem um mantra hipnótico na minha mente. O cheiro dela ainda está preso em mim, uma mistura de frescor e vulnerabilidade que me seduz e me perturba ao mesmo tempo.

Enquanto me esforço para retornar à minha forma humana, sigo em direção a um pequeno armário onde guardo algumas roupas para esses momentos inesperados.

— Eu não trarei ninguém, lobo. Ela é jovem demais — respondo, tentando impor uma racionalidade que parece cada vez mais frágil.

Ao abrir o armário, a visão das roupas bem dobradas me traz um breve conforto, mas a tensão persiste. Visto uma camisa limpa, o tecido contra a minha pele me lembra que ainda sou humano, apesar da luta interna. O lobo dentro de mim resiste, agitado e insatisfeito.

"Jovem demais? E quem decide isso? Nós precisamos dela! A conexão é inegável, Lincon. Não ignore o que está evidente."

Minhas mãos tremem ligeiramente enquanto coloco a gravata no lugar, uma tentativa de recuperar um pouco de controle em meio ao caos emocional. Olhando pela janela, a cidade movimentada parece distante e indiferente às minhas tormentas internas.

— Você não entende. Isso não é só sobre desejo. É sobre responsabilidade, sobre o que isso pode significar para nós. Eu não posso simplesmente arrastá-la para esse mundo.

Ele ri, uma risada grave e intimidadora que reverbera em minha mente.

"Responsabilidade? Ela é nossa companheira, a chave para a nossa verdadeira força."

Sinto uma onda de raiva e confusão. O que ele diz é tentador, mas o medo de prejudicá-la, de arrastá-la para um mundo que ela não conhece, pesa em meu coração.

— Eu não posso... — murmuro, mas minha própria voz soa fraca.

"Sim, você pode. E, a cada instante que passa, você se afasta dela, deixando espaço para que outro a reivindique."

A ideia de alguém mais se aproximando dela provoca um impulso de possessividade que eu mal consigo controlar. O lobo dentro de mim se agita ainda mais, desejando a união que ambos ansiamos.

— Está certo... — admito, sentindo a pressão crescente. — Mas se eu fizer isso, será nas minhas condições. Quero saber mais sobre ela. Quem é, de onde vem, o que deseja.

"Excelente. Mas não se esqueça: isso não pode ser adiado."

Fecho os olhos por um momento, respirando fundo. O aroma dela ainda está fresco na minha memória, e percebo que não posso ignorar a atração que me liga a ela. Essa batalha interna me forçou a confrontar não apenas meus instintos, mas a necessidade de ser mais do que um lobo fugindo do seu passado.

A luta entre os instintos e a razão apenas começou, e, com um último olhar para a cidade lá fora, sinto que a conexão com aquela garota poderá mudar tudo, para mim, para ela e para o lobo que habita em mim.

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Comments

Maria Izabel

Maria Izabel

Lincon lutando com lobo .mais já sabendo que quando o vínculo de uma companheira aparece é inevitável ❤️❤️❤️❤️❤️

2025-02-17

0

Arayana 1255

Arayana 1255

tô amando essa história, colocou nela as coisas que eu mais gosto que é lobo e um cara possessivo doido pra ter ela 😍😍

2025-01-02

3

Clara Oliveira

Clara Oliveira

sinto que a coisa vai ficar mais tensa e mais quente bora bora

2024-12-25

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