Capítulo - 10

Lincon

Sem pensar duas vezes, corro atrás de Clara assim que o elevador volta. A adrenalina pulsa nas minhas veias enquanto chego à garagem do prédio. Pego meu carro e saio em alta velocidade, determinado a encontrá-la.

A cidade, antes vibrante, agora é um caos. A tempestade pinta tudo de um cinza profundo, e a chuva despenca, como se o céu estivesse chorando.

"Por aqui, Lincon... o cheiro dela vem dessa direção", meu lobo sussurra, sua voz ressoando na minha mente como um instinto primitivo.

Dirijo com os olhos fixos ao redor, cada rosto que passa se torna um mistério. A visão dela, com os olhos vermelhos e as lágrimas escorrendo, queima na minha memória. Um desejo insaciável de abraçá-la me consome, mas o elevador a levou para longe de mim, novamente.

"Se concentra, vira à esquina na sua frente", meu lobo ordena, e sigo seu comando, o desespero apertando meu peito.

O pensamento de que ela pode estar em perigo sob essa tempestade, me deixa inquieto. Então, ao passar por um beco, vejo alguns homens. Meu coração acelera, e a voz do meu lobo grita:

“Aqui! Ela está aqui!”

Dou ré no carro, os pneus gritando no asfalto molhado. Afrouxo minha gravata, a tensão se acumulando em cada músculo do meu corpo enquanto saio do carro e sigo em passos firmes na direção deles. À medida que me aproximo, vejo Clara encurralada contra o muro, cercada por esses malditos.

Mas, para minha surpresa, ela não demonstra medo. Seu olhar parece distante, como se estivesse em outro mundo, alheia à ameaça ao seu redor. Quando nossos olhos se encontram, algo treme dentro de mim; é como se sua alma me implorasse por ajuda.

— Vai, para o carro, Clara — minha voz sai baixa e profunda, um pedido desesperado.

— Qual é, playboy? Acha que pode chegar aqui e estragar nossa brincadeira? — um dos homens ri, desdenhoso.

Levanto a cabeça lentamente, fixando meus olhos nele. A raiva cresce, e com firmeza, digo novamente:

— Vai para o carro, agora, Clara!

Desta vez, minha voz ressoa mais alta e autoritária. Ela pisca, como se despertasse de um transe, e então corre em direção ao meu carro. O som da porta se fechando ecoa na tempestade, um alívio momentâneo.

A chuva cai intensamente sobre nós. Começo a desabotoar lentamente minha camisa, a sensação da água fria contra minha pele me revitaliza. Eles se aproximam, alguns armados com porretes, prontos para o confronto.

Quando estou apenas de cueca, a transformação começa. Ossos se estalam e ecoam pelo beco, um som que se mistura ao tamborilar da chuva. Meu corpo se contorce e se expande, a fúria crescendo em mim.

"Eu quero estraçalhar cada um deles, só por terem pensado em tocá-la", meu lobo rosna ferozmente, uma promessa de violência.

A raiva queima dentro de mim, e, finalmente, estou pronto para protegê-la a qualquer custo. E assim faço. Quando meu lobo emerge, imponente e poderoso, o rosnado furioso ecoa pelas paredes do beco. Os homens, com os olhos arregalados de terror, recuam instintivamente, um deles gaguejando:

— Que porra é essa?

Mas não dou tempo para que digam mais nada. Com um movimento rápido, avanço sobre eles, minha presença tomando conta do espaço. O trovão racha o céu, e aproveito a explosão do som para uivar fortemente, um grito primal que reverbera no ar, liberando a fera que reside em mim, ansiosa e furiosa para lutar por Clara.

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