Capítulo - 12

Lincon

Assim que acabo com esses infelizes, um alívio sombrio se instala em mim, e a adrenalina ainda pulsa nas minhas veias. Visto-me rapidamente, as roupas colando à pele, enquanto o som distante das sirenes da polícia se intensifica, ecoando como um aviso de que o tempo está se esgotando.

Corro em direção ao carro, cada passo carregado de urgência. Ao entrar, meus olhos se encontram com os de Clara, que está encolhida no banco de trás. Sua expressão é uma mistura de confusão e medo, e por um instante, tudo parece congelar entre nós.

Mas não há tempo para palavras. Arranco com o carro, as rodas cantando enquanto saio rapidamente desta cena caótica, mergulhando no trânsito denso da cidade. A respiração pesa em meu peito, cada inalação uma luta contra a tensão que se acumula. O motor ronca sob pressão, e as luzes da cidade se tornam um borrão ao meu redor.

Depois de alguns quarteirões, finalmente quebro o silêncio opressivo que nos envolve. Minha voz sai baixa, mas carregada de preocupação:

— Você está bem, Clara? Está machucada? Eles tocaram em você?

Meus olhos estão fixos nela pelo retrovisor, buscando qualquer sinal de alívio ou conforto. Clara, com uma mão trêmula, ajeita uma mexa de cabelo atrás da orelha, e nesse gesto simples, percebo a fragilidade dela.

Ela nega com a cabeça, mas as palavras não saem, e a tensão no ar permanece palpável. É visível que ela está abalada, presa em um turbilhão de emoções que mal consegue compreender.

O silêncio se arrasta, e o peso da situação nos envolve como uma névoa. Tento encontrar as palavras certas, mas tudo o que sei é que precisamos de um lugar seguro, longe do barulho e da dor.

— Vamos para minha casa — digo, tentando transmitir confiança, mesmo que minha própria insegurança se misture ao ar pesado do carro.

O caminho à frente parece um labirinto, e enquanto dirijo, o medo de que o passado ainda nos alcance me acompanha a cada curva. À medida que nos aproximamos da minha casa, aciono um botão no painel do carro.

O portão da minha propriedade se abre lentamente, revelando a entrada rodeada por árvores altas e sombras dançantes sob a chuva incessante. O som dos pneus do carro cortando o cascalho molhado ecoa ao nosso redor, misturando-se ao tamborilar da chuva.

A mansão se ergue à nossa frente, imponente e silenciosa, como uma fortaleza contra a tempestade que nos cerca. Suas linhas elegantes e janelas iluminadas contrastam com a escuridão do céu carregado. É um refúgio, mas também um lembrete do isolamento que criei ao meu redor.

Percebo que Clara se inclina para a frente, aproximando-se do vidro do carro. Seus olhos brilham com uma mistura de curiosidade e admiração enquanto ela observa a propriedade. O rosto dela, ainda pálido, ganha uma nova expressão, como se a grandiosidade da mansão a afastasse, mesmo que por um momento, do terror que acabamos de vivenciar.

— Uau, é… é enorme — ela murmura, a voz quase abafada pelo som da chuva.

Sorrio levemente, embora o peso do que aconteceu ainda esteja presente. O contraste entre a beleza da casa e o caos que deixamos para trás é quase surreal.

— É um lugar seguro — respondo, tentando oferecer um pouco de conforto. — Vamos entrar.

Estaciono o carro em frente à porta, o motor ainda funcionando enquanto o som da chuva se intensifica. O ar ao nosso redor parece carregado de expectativa. Clara ainda está fascinada, mas consigo ver a sombra da angústia em seu olhar.

Enquanto a chuva continua a cair, sinto que, ao cruzar o limiar desta porta, estaremos deixando para trás não apenas a tempestade, mas também os fantasmas que nos perseguem.