Por mais que eu soubesse que não enfrentaríamos algo fácil, quando chega a hora, as coisas sempre se complicam mais do que esperamos. A realidade é sempre mais dura do que imaginamos, mas Liz me transmitia uma paz tão grande que, finalmente, comecei a entender o que ela queria dizer quando falava que era meu guia espiritual.
Por mais difícil que fosse, ela sempre me trazia de volta à razão. Graças às suas palavras, mesmo diante do choque da cena, consegui pensar também no lado da Aurora. Afinal, assim como eu, ela também veio de outro mundo.
Tudo era novo para ela e, por mais que eu não gostasse de sua personalidade arrogante, não deveria levar isso em consideração naquele momento. Tínhamos um propósito maior e precisávamos estar unidas.
Aproximando-nos do primeiro ponto de aparecimento das feras, minhas memórias começaram a ficar confusas. Muitas informações pareciam um borrão indecifrável.
Por um momento, perguntei-me se Adrian também estava sentindo o mesmo, mas, aparentemente, as memórias voltavam mais claras para mim do que para ele.
Com as informações que Liz nos passou, tudo ficou mais fácil. Ela disse que algumas coisas descobriu enquanto estava no reino espiritual e outras por causa da proximidade com o local, como eu imaginava.
Foi um alívio, pois ela nos guiou exatamente para onde era necessário. Talvez sem sua ajuda, não conseguíssemos encontrar o lugar certo.
Ao nos aproximarmos do pilar, instruí Aurora a tocá-lo junto comigo. Na verdade, não era uma grande surpresa ela estar colaborando. Desde o primeiro dia, Aurora foi gentil e apesar de saber que Liz implicava com ela...
Bom, Liz implicava com quase todo mundo, então, às vezes, era apenas birra. Eu só esperava que Aurora continuasse ajudando; isso já era o suficiente.
As imagens que vimos ao tocar o pilar estavam carregadas de tensão. Todos se perguntavam se estávamos assistindo à última batalha entre os príncipes, aquela que trouxe a maldição ao reino. No entanto, não tivemos tempo para analisar ou questionar os detalhes.
— Todos em posição! — ordenou Adrian, quando fomos atacados, sua voz reverberando pela floresta.
Em questão de segundos, todos estavam em suas posições, lutando contra as feras. O som da batalha ecoava por todos os lados. O barulho metálico das espadas chocando-se contra as presas e garras era ensurdecedor. Ainda assim, todos esquivavam e contra-atacavam da melhor maneira possível.
Valenor usava magia de vento para arremessar as feras para longe, garantindo que qualquer uma que passasse não conseguisse nos atacar e os outros magos também o ajudavam como podiam, cada um com sua devida habilidade. Até o príncipe Louis estava nos protegendo. Observei que alguns de nossos aliados estavam feridos, mas eu precisava me concentrar.
— Vamos, vocês não têm muito tempo — disse Liz, séria.
Nosso papel não era tão difícil, pelo menos na teoria. Precisávamos nos concentrar e deixar nosso poder fluir por toda a floresta para purificar aquele ponto.
Isso era o que todos sabiam antes de eu chegar. Agora, porém, Liz me contou a verdade: aquele pilar era a fonte da maldição, então precisaríamos canalizar nossa energia diretamente nele.
— Eu... Eu acho que não vou conseguir... — disse Aurora, visivelmente apavorada.
— Você consegue, sim. Lembra do que eu disse mais cedo? Apenas pense em coisas boas. Pense que você pode ajudá-los a se libertar — falei, tentando ser o mais compreensiva possível.
O momento exigia pressa, então ela, apesar do medo, respirou fundo e tentou se concentrar. Eu também estava com medo. Contudo, tinha Liz, que de alguma forma usava sua magia para me encorajar.
Aurora, por outro lado, parecia apenas uma garota assustada. Eu não sabia sua história, mas percebia que ela estava tentando de verdade. Se eu pudesse ser um ponto de apoio para ela, pelo menos naquele momento, era o que precisava fazer.
Fechamos os olhos e começamos a nos concentrar. No início, foi difícil, mas logo senti a energia fluindo entre mim, Aurora e o pilar. Meu corpo parecia quente, como se a energia fosse demais para suportar. Apesar da dor, tentei manter a concentração.
Ouvi a voz de Liz me incentivando, assim como os comandos de Adrian e Valenor coordenando a batalha. Porém, tudo parecia um eco distante.
Senti meu corpo começar a flutuar e, de repente, estávamos acima das copas das árvores. Nossos corpos emitiam uma luz etérea, e em nossas costas surgiram asas parecidas com as da santa na fonte do castelo.
Olhei para Aurora e, como se estivéssemos lendo os pensamentos uma da outra, tocamos nossas mãos. Naquele momento, o medo desapareceu. Tudo o que sentíamos era uma imensa vontade de ajudar.
Uma paz inexplicável que guiava nossos corações. Sem entender por quê, lágrimas escorriam de nossos olhos. Era como se estivéssemos nos reencontrando após uma longa separação.
Eu sentia algo estranho, quase como se eu e Aurora tivéssemos uma conexão muito maior do que pensávamos. Um sentimento inusitado que me deixou confusa . No entanto, decidi apenas viver aquele momento, pois o mais importante agora era ajudar os que estavam lá embaixo.
Por mais que parecesse uma eternidade, na verdade, ficamos lá em cima por poucos segundos. Enquanto minha mente ainda processava tudo, uma luz forte surgiu em nossas mãos e rapidamente se expandiu, cobrindo toda a floresta. Lá de cima, vi que algo havia mudado.
Mas havia um problema: como descer? Antes que eu pudesse pensar em uma solução, senti que o tempo da magia havia acabado. Fomos lançadas ao chão em uma velocidade assustadora. Mal tive tempo de pedir ajuda a Liz antes de perceber que nossa velocidade estava diminuindo. Foi Liz quem interveio.
Antes de chegarmos ao chão, vi Louis e Adrian correndo em nossa direção. Valenor e os outros guerreiros também se aproximavam, alguns feriados, outros comemorando o final da batalha. Adrian me segurou para que eu não caísse, enquanto o príncipe fez o mesmo com Aurora.
— Acabou — disse Adrian, sua voz ainda tensa, enquanto me abraçava. — O que aconteceu? Vocês subiram de repente...
Tomada pela emoção do momento, o beijei. Não queria que ele ficasse preocupado.
— Está tudo bem, não se preocupe. Liz me protegeu — disse, sorrindo.
— Que bom que você sabe. Espero ser paga com muitos doces — brincou Liz, surgindo de repente.
— Então, essa é a Liz? — perguntou Adrian, olhando em sua direção.
— Sim, que bom que você já consegue vê-la... — respondi, sorrindo, mas logo senti meu corpo enfraquecer.
Tudo ficou escuro. Ainda ouvi Adrian me chamando e o príncipe Louis gritando por Aurora, mas depois... o silêncio tomou conta.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Kamisama
tô gostando muito dessa história
2024-12-07
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