Enquanto esperávamos, aproveitei para fazer várias perguntas sobre o que poderia ter acontecido comigo para eu ter vindo parar ali, mesmo já havendo uma santa. No entanto, tudo o que recebi foram apenas suposições: um outro mago, que não estava presente no momento, poderia ter cometido esse erro, e talvez o fato de eu não ter morrido no acidente tenha feito meu corpo mudar. Normalmente, o feitiço encontraria alguém que estivesse nos seus últimos minutos de vida.
"Então todos os erros podem ter ocorrido porque meu pai me salvou no momento do atropelamento?" Pensei, sentindo uma leve culpa se instalar. Talvez eu fosse a única que deveria ter morrido naquele fatídico dia. Adrian, como se pudesse ler meus pensamentos, me disse que eu não deveria me sentir assim. "Se eu fosse pai, faria o mesmo," afirmou com uma gentileza que me tocou profundamente e lhe gradeci com um sorriso.
O rei não parecia tão severo quanto eu imaginava, ou pelo menos estava sendo muito gentil comigo. Parecia estar tão interessado quanto eu em saber se havia algum significado mais profundo por trás da minha vinda para este mundo. As pessoas presentes na sala eram membros do conselho real, e, embora não falassem muito, observavam com atenção cada interação entre o rei e eu.
Algum tempo depois, o guarda retornou, anunciando a entrada da santa Aurora e do príncipe Louis. Aurora parecia ter a mesma idade que eu. Seus olhos verdes brilhavam com inocência e curiosidade, e seus longos cabelos loiros eram impressionantes, quase reluzentes sob a luz suave da sala. Ela vestia um vestido branco, movendo-se com graça, enquanto um sorriso tímido enfeitava seus lábios.
O príncipe Louis, por sua vez, tinha os cabelos igualmente loiros, mas seus olhos eram de um azul gélido. Ele caminhava ao lado de Aurora com uma postura arrogante, como se estivesse exibindo um troféu, enquanto ela se apoiava delicadamente em seu braço. Não soube identificar exatamente o que me incomodava neles, mas algo dentro de mim despertou uma antipatia imediata, uma ansiedade crescente que consegui suprimir a tempo.
Eles avançaram até o trono, onde todos os presentes inclinaram-se brevemente em reverência ao príncipe. Ao chegarem diante do rei, também fizeram uma reverência, o que tornou o ambiente ainda mais solene.
— Então, papai, o que deseja com a santa? — perguntou o príncipe Louis, sua voz impregnada de prepotência.
— Chamei a senhorita Aurora para que ela conhecesse a outra santa — respondeu o rei Edric com um tom grave. — Por favor, venha até aqui, senhorita Liora — ele me chamou, e rapidamente Adrian e eu nos aproximamos, nos posicionando ao lado deles.
— Outra santa? Isso é impossível. Só existe uma santa. Esta mulher deve estar te enganando, papai — disse o príncipe Louis, lançando-me um olhar de cima a baixo, repleto de desdém.
— Lave a boca antes de falar da senhorita Lili, ou esqueço que estamos na presença de Sua Majestade — retrucou Adrian, o olhar sério fixo em Louis, o que me surpreendeu. Não esperava tamanha ousadia de sua parte.
— Senhorita Lili? Já têm essa intimidade toda com ela? Não me surpreenderia se estivessem tramando algo... — provocou o príncipe, com um sorriso arrogante. Vi Adrian levar a mão à espada, pronto para agir.
— Calem-se, os dois! — esbravejou o rei Edric, com uma impaciência palpável. Ambos se curvaram rapidamente, pedindo desculpas. — Em primeiro lugar, eu chamei a santa aqui, não você, Louis. Então pare de agir como uma criança mimada e se coloque no seu lugar. Em segundo lugar, enquanto eu estiver sentado neste trono, vão me dar o respeito que me é devido, está claro?
— Sim, Vossa Majestade — responderam Adrian e Louis em uníssono.
— Ótimo. Agora vamos ao que realmente importa. A senhorita Lili... Quero dizer, senhorita Liora veio ao nosso mundo por causa de um erro no feitiço de invocação. Já ordenei aos magos que investiguem melhor, mas, por ora, quero que as duas santas trabalhem juntas, já que a senhorita Liora tem o poder de purificar as feras, o que é muito mais eficaz do que simplesmente destruí-las. Posso contar com sua colaboração, senhorita Aurora? — o rei Edric explicou, com sua voz carregada de autoridade.
— Claro, Vossa Majestade. Ficarei honrada em trabalhar com a senhorita Liora — respondeu Aurora, com um sorriso gentil.
Satisfeito com a resposta, o rei ordenou que os magos iniciassem imediatamente nosso treinamento, para que começássemos a trabalhar o quanto antes. Iríamos lutar na linha de frente, nos locais onde as feras corrompidas surgiam com mais frequência. Pouco depois, fomos dispensados, e Adrian me acompanhou até meu quarto.
— Acho que vou ter que ficar no castelo por um bom tempo — comentei, sentindo uma pontada de tristeza. — E você? Vai voltar para sua casa? — perguntei hesitante, temendo ouvir um sim como resposta.
— Na verdade, vou ficar na casa que tenho aqui, perto do castelo — respondeu Adrian, com uma tranquilidade que aqueceu meu coração. — Não se preocupe, senhorita Lili, também estarei na linha de frente. Então, nos veremos muitas vezes ainda — acrescentou, com um sorriso tímido que fez meu peito relaxar um pouco mais.
— Muito obrigada — disse, sem resistir a dar-lhe um abraço apertado, sentindo-me mais confiante ao saber que ele estaria ao meu lado.
— Não precisa agradecer, senhorita Lili. Eu sempre vou te proteger — disse ele, acariciando meus cabelos com delicadeza.
— Sabe, eu não sei o por quê, mas sinto como se já nos conhecêssemos há muito tempo — confessei, afastando-me um pouco. — Eu sei que parece loucura, mas a dor que senti ao pensar que você poderia se afastar de mim foi tão intensa...
— Eu não acho que é loucura, pois sinto o mesmo — disse ele, tocando meu rosto com gentileza. — Não sei o que pode ser, mas eu também não queria te ver partir.
— Não vou partir, eu prometo — respondi, sorrindo.
— Está bem. É melhor a senhorita descansar agora — disse ele, inclinando-se para me dar um beijo suave na bochecha antes de sair, com um sorriso brilhante.
Entrei no quarto, ainda sentindo o toque de seus lábios no meu rosto. Havia algo nostálgico naquele gesto, como se fosse um eco de tempos passados. Deitei-me na cama, sem conseguir conter o sorriso bobo, enquanto meu rosto esquentava levemente.
— Senhorita Lili! Santa Lili! Vossa majestade está apaixonada! — exclamou Liz, irrompendo no quarto, rodopiando alegremente.
— Você finalmente apareceu, mas está confusa. Eu não sou rainha para me chamar de majestade — disse, sentando-me na cama, tentando esconder o riso.
— Não é? Ah, desculpe! Nós compartilhamos a mesma memória, então acho que o fato de você ter voltado sem memória me deixou um pouco confusa... Mas não mude de assunto! Esse rostinho me diz que você está apaixonada — disse ela, se aproximando com um olhar travesso, e senti meu rosto corar.
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Jhay_Focas
Eu sabia! Ela é a rainha lá!
2025-01-22
1
Jhay_Focas
Amor de vidas passadas?
2025-01-22
1
Jhay_Focas
Ahhhh, tão fofooooo
2025-01-22
1