Capítulo 19: Lutando Pelo que é Meu

Chegando à porta da casa de Jennifer, respirei fundo e toquei a campainha. Eu havia dado essa casa para ela quando nos separamos, e quando não conseguiu o que queria com Heitor, teve que voltar para cá. Era uma casa grande, com vários quartos, mas certamente insuficiente para suas ambições.

Quando abriu a porta, Jennifer parecia um pouco surpresa, já que não era dia de visita. Ignorei-a e entrei, indo até o sofá, onde a babá brincava com Saphira. Ao me ver, Saphira correu para me abraçar, e eu rapidamente me abaixei, pegando-a no colo e enchendo-a de beijos.

— Nós vamos passear, papai? — perguntou Saphira, com os olhos brilhando.

— Melhor que isso! Na verdade, o papai tem uma surpresa — respondi, sorrindo e tentando fazer mistério.

— O que é, papai? — insistiu ela, curiosa.

— A verdade é que você já passou muito tempo morando com a mamãe. O que acha de morar com o papai agora? — questionei, observando suas expressões. — Nós iríamos passar muito tempo juntos e passear sempre que quisermos.

— Sério? Eu quero sim! Não gosto de ficar longe de você, papai! — respondeu ela eufórica, pulando no meu colo em comemoração.

— Mas e a mamãe, querida? Você vai deixar a mamãe sozinha? — interrompeu Jennifer, com um sorriso amarelo.

Naquele momento, tive que me segurar para não dizer tudo o que estava entalado na minha garganta. Só de estar no mesmo ambiente que ela já me deixava enjoado.

— A mamãe pode visitar quando quiser — disse rapidamente, ao ver o sorriso de Saphira começando a desaparecer. — Tatiana, leve Saphira até o quarto e arrume suas malas. Não se esqueça de nada... A partir de agora, você vai trabalhar na minha casa, entendido? — completei, entregando Saphira para ela, que parecia animada com a nova aventura.

— Sim, senhor, com licença — respondeu Tatiana, pegando Saphira no colo e saindo.

Jennifer pensou em protestar, mas lancei-lhe um olhar sério, fazendo-a tremer e permanecer em silêncio até que a babá subisse as escadas com Saphira.

— Você não pode fazer isso! Vou chamar a polícia — reclamou Jennifer, visivelmente com raiva.

— Não posso? A partir do momento em que você mente de todas as formas possíveis, posso sim — respondi, sorrindo.

Tirei o envelope do bolso com o resultado do teste de DNA e as cópias dos documentos de Saphira, agora com meu sobrenome de volta, enquanto observava suas expressões ao perceber que eu já sabia toda a verdade. Discretamente, peguei o celular e, após iniciar a gravação, o guardei de volta no bolso.

— Não... Desde quando você sabe...? Eu posso explicar... — disse ela, apavorada.

— O que mais eu deveria saber, além do fato de que você é uma grande mentirosa? — questionei, indignado.

— Por favor, me escuta... Eu te amo... Ia te contar tudo quando te reconquistasse, mas fiquei com medo — respondeu ela, com lágrimas falsas nos olhos.

— Bom... Se você disser a verdade desta vez, toda a verdade, prometo que não vou te julgar. Afinal, deve ter tido suas razões para mentir, certo? — menti, tentando convencê-la.

Achando que eu era o mesmo bobo de antes, começou a falar. Segundo ela, quando nos conhecemos na boate, ela se interessou por mim sem pretensão, mas era mentira. Sabia que eu tinha dinheiro, e jamais ficaria com alguém de quem não pudesse tirar proveito.

Quando descobriu que estava grávida, contou logo, pois queria estar ainda mais próxima de mim. Óbvio, queria se aproveitar do dinheiro do otário aqui. Aos sete meses de gravidez, achou melhor acelerar o parto para não prejudicar o corpo, já que não queria ficar gorda.

— Você é louca? Colocou a vida da sua filha em risco por vaidade? — indaguei furioso, mas mantendo o tom de voz baixo para não chamar a atenção de Saphira no andar superior.

— Ela não correu risco, nasceu saudável — respondeu ela, como se fosse algo normal.

Respirei fundo, tentando manter a calma, e deixei que continuasse.

— Quando você me deixou, fiquei com raiva. Um dia conheci Heitor, que me contou o quanto te odiava por ter tirado Amanda dele e porque seu pai gostava mais de você do que dele — explicou ela, mechendo-se de forma ansiosa.

Foi aí que comecei a entender o motivo do ódio de Heitor, mas ainda assim, não justificava tentar destruir minha vida.

— Ele me propôs mentir, dizendo que Saphira não era sua filha. Também subornou um juiz para tirar seu nome dos documentos e comprou testemunhas para alegar que você era um homem desequilibrado, incapaz de cuidar dela. Assim, dificultaria suas tentativas de conseguir a guarda ou até mesmo de se aproximar de nós, além de garantir uma ordem de restrição contra você — continuou ela, escolhendo cuidadosamente cada palavra.

Eu não sabia se sentia mais raiva dela ou de mim naquele momento, mas precisava manter a calma e o foco no meu objetivo ao confrontá-la.

— Então vocês armaram contra mim? Você me odiava tanto assim? — questionei, tentando manter a firmeza na voz.

— Não, eu juro que não sabia dessa parte. Ele disse que apenas queria que você se afastasse de mim e de Saphira, para se passar pelo pai dela e te fazer sentir mal... Essa é toda a verdade — disse ela, finalizando.

— Ótimo. Nunca mais fale comigo a não ser que seja algo realmente importante sobre Saphira. E não pense que vai ficar frequentando minha casa com a desculpa de vê-la — disse, após pegar o celular e parar a gravação.

— Espera! Você disse que não ia me julgar! Por favor, sei que errei, mas você tem que me perdoar...

— Não estou te julgando, mas o juiz vai, ao ouvir toda essa história — disse, mostrando o celular com a gravação. — E nem pense em tentar algo, porque seu riquinho de merda está preso, e não serei bondoso se tentar me afastar de minha filha outra vez.

Ela arregalou os olhos, assustada, e tentou tomar o celular da minha mão. Obviamente, não deixei. Sorrindo, me afastei e subi até o quarto de Saphira para ajudá-la a terminar de arrumar as malas. Peguei tudo, e quando não havia mais nada, levei as malas até o carro. Jennifer, impotente, apenas assistiu enquanto saíamos.

Deixando Saphira e Tatiana em minha casa, pedi para ela cuidar de Saphira por mais um tempo, pois eu precisava resolver outro problema.

— Para onde você vai, papai? — perguntou Saphira, curiosa.

— O papai tem outra surpresa. Eu queria esperar para contar, mas o papai descobriu que tem mais cinco filhos e que você tem cinco irmãos. O que acha disso? — perguntei, abaixando-me para ficar na altura dela.

— Que legal! Quando vou conhecer eles? — perguntou ela, surpresa, mas feliz.

— O mais rápido possível. Vou conversar com a mãe deles, e quando tudo estiver resolvido, seremos uma família completa — disse, sorrindo. Ela me abraçou, aquecendo meu coração.

Aliviado por ela ter aceitado bem seus irmãos, fui ao encontro de Clarisse. Consegui o contato de sua amiga Beatrice por Maria Helena e combinei com ela para que marcasse um jantar em um restaurante, sem que Clarisse soubesse que o encontro seria comigo. Assim, poderíamos ter uma conversa reservada, e eu torcia para resolvermos tudo sem precisar recorrer à justiça, como fiz com Jennifer.

Nota: Eu vi vocês julgando o Júlio, sendo que em nenhum momento ele disse que ia tirar os filhos da Clarisse 🫣🤫🤭

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