Capítulo 13: Segredos da Maternidade

Júlio...

Algumas semanas depois de começar a organizar minha agência e advocacia, ela finalmente ficou pronta. Não era um escritório muito grande, até porque fiz questão que fosse assim. Joshua, por mais contrariado que parecesse, aceitou minhas vontades. Ter algo grande é realmente tentador, mas eu escolhi o Direito não por querer algo grandioso; apenas queria poder defender as pessoas, já que não tive alguém para me defender do meu pai e sabia o quanto isso era ruim.

Contratamos vários funcionários, desde advogados até a equipe de limpeza, e tudo estava pronto para a inauguração. Joshua me chamou para um almoço. Achei que ele estava querendo comemorar, mas, quando cheguei ao restaurante, junto com ele estavam Henrique e Sofia, a mulher que eu pensei ser a mãe de Henrique.

— Desculpa, estou um pouco confuso. Podem me explicar o que está acontecendo? — pedi ao sentar-me à mesa com eles.

— É uma longa história, mas viemos aqui para te agradecer — disse Henrique com um sorriso brilhante.

— Agradecer? O que vocês teriam para me agradecer? — insisti, confuso, observando suas expressões como se realmente estivessem agradecidos por algo.

— Eu vou explicar — respondeu Joshua rapidamente. — Quando você achou que Sofia era a mãe de Henrique, não desconfiamos de nada. Porém, há pouco tempo, quando estávamos relembrando o passado, Sofia nos confidenciou que havia perdido um filho... — explicou ele, hesitando no final.

Sofia, percebendo o nervosismo de Joshua, começou a contar sua história, revelando uma verdade dolorosa e surpreendente. Ela compartilhou que, há muitos anos, foi enganada. Após uma noite em que agora acredita ter sido drogada, acordou nos braços de um amigo e, algum tempo depois, pensou que estava grávida dele. Embora não tenha se aprofundado em muitos detalhes, confessou que acreditava que seu filho havia nascido morto.

Sofrendo profundamente, aceitou o pequeno corpo que lhe entregaram e o enterrou. No entanto, ao compartilhar sua história com Joshua e Henrique, e ao descobrir outras informações há muito escondidas por Eloá, revelou-se que seu filho não havia morrido. Na verdade, ele foi trocado por outro bebê que já estava sem vida.

Escutando atentamente, lembrei-me de que Jennifer deveria ter colocado algo em minha bebida e pensei que poderia ser a mesma coisa. Talvez ela quisesse me levar para a cama e fingir que teve um filho meu? Não sei por que isso veio à minha mente; afinal, ela sabe que não posso ter filhos. Enfim...

— Deixa eu adivinhar... essa criança era Henrique? — questionei, olhando para os dois. Eles confirmaram. — Quem diria! Fico feliz por vocês, mas e a outra mulher, a que fingiu ser a mãe de Henrique?

— Ela me enganou por muitos anos e eu fui um idiota por não ter percebido... Se eu tivesse sido mais esperto... — recriminou-se Joshua com um sorriso amargo.

— Não fala assim, pai! Quem iria duvidar? Por mais que ela não demonstrasse amor por mim, todas as informações nos faziam acreditar que ela estava falando a verdade — disse Henrique, solidário.

— Ele tem razão, o senhor não tem culpa. Não sei os detalhes, mas se você não sabia que tinha um filho até pouco tempo atrás e se Sofia achava que tinha perdido seu filho, além de ter acordado ao lado de outro homem... é realmente difícil ligar os pontos. Me impressiona que tenham conseguido fazer isso depois de tantos anos — disse rapidamente, pensando em quão complicada era a história.

— De qualquer forma, estamos aqui não só para agradecer. Estou dando para sua agência o primeiro caso. Quero que Eloá pague por tudo que nos fez. Não me importo que ela tenha me dado um filho, mesmo que eu ame tanto o Guilherme... — disse Joshua com um olhar sério, mas parecendo realmente amar o filho.

— Não precisa dizer mais nada. Farei o que for possível e até o impossível — prometi, e um sorriso brilhante apareceu no rosto de Joshua.

Conversamos mais um pouco e eles me passaram mais informações. Não demorou muito para que eu conseguisse provar a culpa de Eloá, desenrolando o fio dessa confusão toda; era algo digno de uma novela. Saber que, na verdade, foi o pai de Joshua quem armou tudo e que Eloá era sua cúmplice foi o que mais me chocou.

Provavelmente, esse foi o motivo de ele não ter descoberto nada. Afinal, ele tinha dinheiro para esconder todas as provas do crime e, depois de tantos anos, não teria motivo para Joshua desconfiar de que Eloá não era a mãe. Tudo estava muito bem planejado, e Eloá só precisava fingir ser uma mãe amorosa quando encontrou Henrique. No entanto, não ter conseguido fazer isso foi seu maior erro.

No final, ela teve que pagar por seus crimes, além de devolver tudo o que usurpou enganando Joshua todos esses anos, pelo menos financeiramente. Seria impossível recuperar todos esses anos perdidos, mas espero que eles fiquem bem e possam aproveitar a vida a partir de agora.

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Com o passar dos meses, minha agência "Júlio Ferraz Advocacia" começou a ser conhecida. Talvez eu seja um pouco exigente, mas, quando se trata de defender meus clientes, não aceito que façam corpo mole e, principalmente, só aceito os melhores trabalhando comigo. Se alguém não se esforça o suficiente, não merece ganhar reconhecimento por se aproveitando do trabalho dos outros.

No dia 15, um domingo de julho, levei Saphira para passear, pois era seu aniversário de quatro anos. Nos divertimos muito; a levei ao parque e, como sempre, fiz todas as suas vontades. Já tarde da noite, quando Jennifer veio buscá-la, ao olhar para ela, notei imediatamente a nossa aliança de casamento em seu dedo, o que me irritou profundamente.

— Saphira, vá pegar sua mochila. Você esqueceu no seu quarto — disse, fazendo carinho em seus cabelos.

— Tudo bem, papai! — com um sorriso, ela subiu as escadas, ficando apenas eu e Jennifer.

— Me entrega! — ordenei, estendendo a mão para Jennifer assim que Saphira saiu.

— Do que você está falando, querido? — questionou Jennifer, fazendo-se de desentendida.

— Não me chame de querido e não me faça arrancar isso de você — disse, tentando controlar minha voz para que Saphira não escutasse.

Com um olhar triste, ela tirou a aliança do dedo e me entregou. Fui até a lata de lixo na cozinha e joguei a aliança lá, sem o mínimo de remorso.

— Por favor, não faça isso! — pediu ela, me seguindo, mas eu apenas ignorei.

— Ela é o símbolo do nosso amor. Eu sei que você está decepcionado comigo, mas deixe-me mostrar que sou uma nova mulher. Vamos ficar juntos e ser felizes pela Saphira.

— Qual a parte do "nunca" você não entendeu? — Se eu não amasse Saphira com todo o meu coração, eu nem olharia mais para a sua cara. Então, não pense que vai me fazer de idiota novamente — afirmei, sem expressar nenhuma emoção.

— Mas eu te amo... — tentou ela me persuadir novamente.

— Não, você ama meu dinheiro. E não pense que esqueci que Saphira tem um pai por aí que não a conhece. Eu vou descobrir quem ele é e, adivinha? Farei de tudo para que ele a tire de você — ameacei, sorrindo ao ver sua expressão assustada.

— Não, você não precisa fazer isso — pediu ela, quase chorando.

— Me dê um bom motivo para eu não fazer — disse, cruzando os braços.

— Tudo bem, eu vou contar a verdade sobre o pai da Saphira — disse ela, olhando para mim com lágrimas nos olhos.

Fiquei aguardando a nova mentira que ela tinha para contar.

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