Capítulo 5: Expectativas e Encontros

Clarisse...

O celular tocou com aquele alarme irritante. Desliguei-o, levantei-me e fui direto para o banheiro, começando a me preparar para a corrida matinal. Hoje, finalmente, eu receberia o resultado do concurso para promotora, e estava tão ansiosa que mal consegui dormir. Isso me deixou com muito sono, e acabei acordando um pouco mais tarde, mas nada como uma corrida ao som de música para despertar de vez.

Arrumei-me com uma roupa confortável e, depois de calçar os tênis, coloquei os fones de ouvido, peguei minha garrafa de água e saí do apartamento. Morar sozinha tinha suas vantagens, embora às vezes fosse um pouco solitário. Juntei minhas economias para comprar o apartamento, e meu irmão Noah encontrou este por um preço razoável. Ele acabou comprando em meu nome, já que eu estava sobrecarregada com o trabalho na época.

Parece que o antigo dono havia ficado um tempo na cadeia, então precisei fazer algumas reformas, o que fez minhas economias evaporarem rapidamente. Mas, como diria minha mãe, se você ainda pode trabalhar, não tem por que se preocupar.

Cresci em uma família grande: tenho três irmãos — Noah, Vincent e Richard — e uma irmã, Melissa. Os mais novos, Richard e Melissa, são gêmeos. Cada um seguiu sua vida, e não temos o costume de nos ver com frequência, mas sempre nos encontramos nas reuniões e festas de família.

Minha mãe, Maria Helena, sempre foi uma pessoa alegre e determinada. Mesmo quando meu pai nos abandonou logo após o nascimento dos gêmeos, trocando-nos por um 'rabo de saia', ela não se deixou abalar e jamais deixou faltar nada para nós. Nunca fomos ricos, mas ela construiu sua própria padaria e, com isso, pagou nossos estudos.

Passei pela portaria do prédio e, depois de conversar por uns cinco minutos com seu Joaquim, o porteiro, finalmente comecei minha corrida. Costumava correr 3 km, ida e volta, apenas para esquentar o corpo e manter a forma física e a saúde.

Parecendo um lugar perfeito para descansar, parei em um dos parques onde costumava ficar. Sentei-me em um dos bancos e comecei a mexer no celular, procurando o resultado. Ele seria enviado para o meu e-mail, mas a ansiedade me consumia, e eu atualizava várias vezes a caixa de entrada até que, finalmente, vi o e-mail com o resultado da minha aprovação.

Meu coração disparou, e eu não sabia se ria ou chorava. Imediatamente, liguei para minha mãe para contar a novidade. Eu sabia que ela já estaria acordada, pois sempre acorda com as galinhas. Quando eu disse a ela que tinha passado, ela ficou ainda mais animada.

— Eu sabia que você conseguiria, minha filha! — exclamou ela, sua alegria transbordando através da linha.

— Eu também não acreditei! Mas que bom que deu certo — respondi, demonstrando minha felicidade.

Nos despedimos com a promessa de nos ver no final de semana para celebrar. Tomei um gole de água, levantei-me para continuar a corrida, mas, sem querer, esbarrei em um homem — e que homem! Quando olhei para seus belos olhos azuis, quase me perdi nos pensamentos e nem percebi que nossas coisas caíram no chão. Seus cabelos pretos estavam bagunçados, mas isso só o deixava ainda mais charmoso.

— Você está bem? — perguntou ele, tirando-me dos meus devaneios.

— Estou, sim — respondi, abaixando o olhar, com medo de ele ter percebido o que eu estava pensando.

Nos abaixamos para pegar nossos pertences, e ele me entregou meu celular. Sem querer, deixei escapar um sorriso bobo ao olhar para sua camisa branca, que não escondia nem um pouco o peitoral definido. Respirei fundo, olhei para o lado e me perguntei o que estava acontecendo comigo.

— Você sempre corre por aqui? Nunca te vi antes — disse ele, sorrindo. E eu, sem resistir, sorri de volta.

— Você sempre solta essa cantada para todas as mulheres? — perguntei, me policiando e parando de sorrir.

— Só para as que são tão bonitas quanto você — respondeu ele, e senti meu coração acelerar.

Por Deus, mulher, você tem 30 anos, pare de agir como uma adolescente, pensei comigo mesma.

— Preciso ir para casa. Até mais, senhor bonitão — disse, sorrindo, para não sair por baixo.

Achei engraçado vê-lo ficar vermelho; provavelmente, ele não esperava por isso. Ele sorriu, nos despedimos rapidamente e seguimos em direções opostas. Coloquei os fones de ouvido de novo e escolhi uma música, mas, após alguns minutos correndo, percebi que esqueci de perguntar o nome dele. Fazer o quê? Teria que contar com a sorte para encontrar o senhor bonitão outra vez. Talvez eu começasse a acordar mais tarde daqui para frente. Ri sozinha e continuei minha corrida.

— Adivinha, seu Joaquim? Passei no concurso! Sou a mais nova promotora da cidade — disse, sorrindo, animada.

— Meus parabéns! Eu sabia que você conseguiria — disse ele, se aproximando para me abraçar.

— Muito obrigada. Até mais! — respondi, me despedindo, e caminhei até o elevador para subir ao meu apartamento.

Depois de um banho relaxante, coloquei uma roupa confortável e me deitei na cama, ligando para Beatrice, minha melhor amiga. Estava muito ansiosa para contar a novidade. Somos amigas desde o ensino médio, e ela se tornou uma produtora de eventos muito requisitada.

— Deixa eu adivinhar, estou falando com a mais nova promotora de FrostWood? — disse ela assim que atendeu.

— Como adivinhou? — perguntei, fingindo surpresa.

— Eu não duvidei por um segundo sequer! Você é a melhor! — respondeu ela, e pude até imaginá-la quase pulando de alegria — Onde vamos comemorar? É por minha conta!

— Não sei, podemos ir na boate de sempre. Hoje vou beber até esquecer meu nome — disse, mexendo nos cabelos e me virando na cama.

— Aí sim! Senti confiança! Às nove da noite passo aí no seu apartamento, e a gente vai encher a cara — disse ela, animada, antes de nos despedirmos.

Ao desligar o celular, a imagem do senhor bonitão voltou à minha mente. Abracei o travesseiro, pensando nele e me perguntando se ele também estaria pensando em mim. Nunca fui de me apaixonar facilmente, mas algo nele era diferente, algo que me fez querer conhecê-lo melhor.

Tentei afastar os pensamentos, contando a novidade para meus irmãos, e o dia passou rapidamente. Quando percebi, já era noite. Arrumei-me para sair com Beatrice: um vestido preto com decote em V discreto e uma maquiagem leve, já que o objetivo era diversão. Esperei minha amiga doida chegar para extravasarmos.

Clarisse

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