Às nove horas em ponto, minha amiga doida chegou, e pegamos um táxi para nossa boate favorita. Não costumávamos sair muito, mas sempre íamos à mesma boate. Chegando lá, sentamos em uma mesa e começamos a comemorar, tomando vários drinks.
— Eu não acredito que você conheceu um homem lindo e não perguntou o nome — disse Beatrice, quando contei sobre o encontro de mais cedo.
— Nem eu acredito, acho que me perdi naqueles olhos azuis — brinquei, tomando um gole do meu drink.
— Ui, minha amiga está apaixonada — provocou ela, me empurrando.
— Tô mesmo, estou apaixonada pelo senhor bonitão, voltei a ser adolescente — disse sorrindo. Continuamos a beber, com ela fazendo inúmeras perguntas sobre o homem que me deixou caidinha.
Como prometido, bebi até esquecer meu próprio nome, e ainda assim não queríamos sair. Sorte das outras pessoas na boate que não tinha karaokê, ou iriam sair com os ouvidos doendo de tanto que eu cantaria — desafinado, claro — mas, como minha mãe dizia, o importante era tentar.
Porém, nem a bebida fez com que eu esquecesse o senhor bonitão. Vi-o sentado no balcão do bar e não resisti em ir falar com ele. Beatrice me seguiu, curiosa para conhecer o homem. Seus cabelos castanhos estavam um pouco bagunçados e, embora tivesse os olhos azuis, ela os estreitava tanto tentando enxergar que mal dava para perceber. Tentando se equilibrar, ela segurou em meu braço.
— E aí, senhor bonitão, você vem sempre aqui? — perguntei, me apoiando em seus ombros, enquanto Beatrice se sentou na cadeira ao lado.
— Vocês estão bem? — indagou ele, olhando preocupado para nós duas.
— Estamos comemorando! — falou Beatrice alto, me assustando e me fazendo abraçá-lo, rindo.
— É isso aí, estamos comemorando, e eu prometi que ia beber até esquecer meu nome — disse sorrindo, ainda abraçada a ele, sem perceber o quão próximos estávamos.
— E já esqueceu seu nome? — questionou ele, com aquele sorriso cretino que fazia meu coração acelerar.
— Faço nem ideia, gatinho — disse, dando um beijo em seu rosto. — Me traz mais um drink aí, patrão — pedi ao barman.
Ele me olhou sério e disse ao barman para não trazer minha bebida. O senhor bonitão era muito bonito, mas também era muito mandão. Reclamei, e ele me ignorou. Depois, vi que pagou minha conta. Eu estava realmente muito bêbada, só queria chamar sua atenção, mas, apesar de não me afastar, ele também não aceitava minhas investidas. Beatrice, pior que eu, já estava praticamente dormindo com a cabeça apoiada no balcão.
— Eu posso pagar minha própria conta — reclamei, tentando parecer séria e me afastando dele.
Mas acho que afastar tão rápido piorou os sintomas da embriaguez, e pensei que fosse cair, mas ele me segurou, como o belo príncipe encantado que ele era. Escutei ele dizendo algo ao barman e, após algum tempo, um dos seguranças ajudou a carregar Beatrice, enquanto ele me levava para o carro, ignorando totalmente minhas reclamações.
Já dentro do carro, ele agradeceu ao segurança e perguntou meu endereço. Me sentindo um pouco melhor, falei rapidamente, mas também perguntei se ele estava me sequestrando. Vai que o senhor bonitão era um sequestrador de bêbadas indefesas? Pensei, e comecei a rir sozinha. Ele olhou para mim sério, dizendo que estava me ajudando e que eu não precisava me preocupar. Mesmo com o álcool atrapalhando meu raciocínio, já conseguia imaginar a vergonha que sentiria no dia seguinte.
Chegando ao meu prédio, ele pediu ao porteiro para ajudar a levar Beatrice. Ela já estava no quinto sono, mas acordou quando o porteiro abriu a porta do carro. Eu sabia que não era seu Joaquim, pois ele só ficava de dia, mas não lembrava o nome dele, só sabia que era mais jovem. O porteiro ajudou a deitar Beatrice no sofá e depois saiu.
— O senhor bonitão vai me deixar sozinha? — questionei, com os braços entrelaçados em seu pescoço.
— Você vai ficar com sua amiga, não vai ficar só — disse ele, sorrindo, enquanto segurava minha cintura.
Fiz uma carinha dengosa para tentar convencê-lo a ficar. Sem sucesso, tentei lhe dar um beijo de despedida, mas ele não aceitou.
— Qual foi, senhor bonitão? Eu não sou bonita? Você não gosta de mim? — reclamei, parecendo uma menina mimada, e isso iria entrar na lista do porquê não devo beber assim novamente.
— Você é linda, mas agora precisa dormir. Quem sabe outra hora, quando não estiver embriagada — disse ele, me fazendo sorrir.
Ele me levou para dentro de casa, pegou um papel em uma mesinha e escreveu algo, mas não consegui ler. Depois, se despediu de mim com um beijo na testa.
— Era pra ser na boca, senhor bonitão — disse, apontando para os lábios. Ele apenas sorriu e saiu, fechando a porta.
Me sentindo um pouco frustrada e, talvez, até um pouco envergonhada, tranquei a porta e fui para o quarto, me jogando na cama e apagando na mesma hora.
Já era quase meio-dia quando acordamos. Com a cabeça latejando, tomamos um remédio e preparamos um café forte para tentar aliviar a ressaca. Sentamos no sofá, tomando o café, e, após alguns minutos, com a dor começando a passar, olhamos uma para a outra e começamos a rir.
— Amiga, nunca mais me deixa beber assim, pelo amor de Deus — disse ela, rindo, mas logo sentiu a cabeça doer novamente.
— Depois dessa noite, eu nunca mais quero ver álcool na minha frente. Passei a maior vergonha na frente do meu bonitão — disse sorrindo.
— Olha... ontem era “senhor bonitão”, agora é “meu bonitão”? Aconteceu algo quando eu estava dormindo? — questionou ela, curiosa.
— Não aconteceu, nem vai acontecer. Não tenho cara de olhar pra ele depois de tudo — respondi, envergonhada pelas coisas que fiz e falei.
— Mulher, só dele ter trazido nós duas em segurança já mostra que é um homem bom e decente, principalmente por não ter se aproveitado da sua embriaguez — disse ela, com um olhar sério, e eu concordei. — Esquece essa vergonha e tenta encontrar ele de novo.
Quando ela falou isso, lembrei do bilhete que ele escreveu. Coloquei minha xícara de café na mesa e fui até o outro móvel, encontrando o bilhete.
— "Deixei meu número para que me avisasse se estivesse bem quando acordasse. Estarei esperando sua mensagem ansiosamente. Atenciosamente, Júlio, o 'senhor bonitão'" — li em voz alta.
— Que fofo, amiga! Manda uma mensagem logo, não perde tempo — disse Beatrice, animada, quase se engasgando com o café.
Rindo dela, procurei meu celular e mandei uma mensagem, agradecendo por ele ter nos ajudado e dizendo que estávamos bem.
"Fico feliz em saber. Mas tome cuidado para não beber tanto da próxima vez, é perigoso uma moça tão bonita como você nesse estado."
Foi a mensagem que ele mandou de volta. Fiquei em dúvida se era uma bronca ou uma cantada. Impaciente, Beatrice tomou meu celular para ler e começou a rir, dizendo que estava apaixonada ao ver meu rosto ficar vermelho. Eu já havia admitido, ela não precisava ficar me lembrando.
Beatrice
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Atualizado até capítulo 41
Comments
Maria Lima De Souza
Eu não bebo nada que contenha álcool, horrível o sabor, credo.
2025-01-02
0
Erlete Rodrigues
esperando os acontecimentos
2025-02-19
0
Edmeia Calmerio
torcendo por esses dois..acho que ela também , é decepcionada no amor .bora autora unir esses dois.bjos.
2025-02-02
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