A atmosfera dentro da montanha parecia mais pesada à medida que os três amigos avançavam para a próxima caverna. Na entrada, a palavra Fraqueza estava esculpida na pedra, um lembrete sombrio do que estava por vir. Cristian olhou para Alexandre, percebendo que era a vez dele enfrentar o teste.
— Você está pronto? — perguntou Cristian, um misto de preocupação e incentivo na voz.
Alexandre assentiu, embora a apreensão o invadisse. Ele deu um passo à frente e, ao cruzar a entrada, foi imediatamente envolvido por uma névoa densa. As imagens começaram a se formar diante dele, revelando o passado.
Sete anos atrás, a cena começou a se desenrolar. Alexandre viu-se em uma batalha intensa contra uma hidra, a criatura de várias cabeças cuspindo veneno e destruindo tudo ao seu redor. Ele se lembrava da adrenalina, da luta feroz pela sobrevivência, mas também da dor. O momento mais impactante, porém, surgiu quando a visão mudou, e ele viu Elisa ao seu lado, conjurando um feitiço.
As lembranças se tornaram vívidas. Ele assistiu a Elisa, com os olhos fixos na hidra, seus lábios murmurando palavras arcanas. Mas a cena tomou um rumo sombrio quando, no momento da vitória, ele percebeu que ela havia sido influenciada por um feitiço, um plano traiçoeiro para eliminar a criatura. E ao lado dela, uma silhueta de uma criança apareceu, um retrato de inocência que o desarmou completamente.
Um frio percorreu sua espinha. A conexão entre a batalha e a criança o fez hesitar. O que isso significava? A culpa começou a se enraizar em seu coração, e as lembranças o consumiram. Alexandre sentiu uma pressão crescente em seu peito, e, em um ato de desespero, decidiu que não poderia suportar mais. Com um grito de horror, ele se virou e saiu da caverna, ignorando a conclusão do teste.
A caverna começou a tremer, a terra se agitando sob seus pés, como se estivesse reagindo à sua fuga. Cristian e Elisa, que estavam à espera, sentiram o chão se sacudir.
— Alexandre! — Cristian gritou, correndo em direção à saída, mas antes que pudesse alcançá-lo, uma luz brilhante envolveu os três.
Arathia apareceu repentinamente, uma presença imponente, e, com um gesto ágil de sua mão, teleportou todos para fora da caverna. Eles foram lançados de volta ao acampamento, o calor da fogueira imediatamente reconfortante em contraste com a frieza da montanha.
Assim que recuperaram a estabilidade, Alexandre estava em choque. Seu olhar distante e a expressão de desamparo falavam mais do que suas palavras. Ele sentou-se no chão, a respiração ofegante, e a frustração e a culpa começaram a se misturar em seu coração.
— A montanha é assim — explicou Arathia, com um tom suave, mas firme. — Ela não é realmente física; é uma prova mental. Você não falhou, Alexandre. Você apenas não estava preparado para enfrentar o que ela lhe mostrou.
— Como você pode dizer isso? — Elisa interveio, sua voz repleta de raiva. — Ele saiu antes que o teste terminasse! Isso não é fracasso?
Arathia se virou para Elisa, a expressão serena, mas determinada. — Não se deixe levar pela raiva, Elisa. A montanha expõe os medos mais profundos e as fraquezas de cada um de nós. Não é um julgamento, mas uma oportunidade de crescimento.
Cristian, ainda confuso, olhou para Arathia, buscando respostas. — E quanto ao caminho que seguimos? Era tudo falso?
— A montanha tem a capacidade de manifestar seus pensamentos e memórias, trazendo à tona o que você mais teme ou o que você mais deseja — Arathia explicou, com uma sinceridade que ressoava em sua voz. — O que viram não é menos real, mas é parte de suas jornadas pessoais.
Alexandre, lutando contra as emoções, olhou para a fogueira. O crepitar das chamas parecia distante, e ele se sentiu preso entre o passado e o presente. A imagem da criança ainda pairava em sua mente, um lembrete doloroso de sua fraqueza.
Arathia se aproximou dele, colocando uma mão reconfortante em seu ombro. — Não permita que isso o defina. Todos nós temos nossos próprios demônios. O importante é como escolhemos enfrentá-los.
— Mas e se eu não conseguir? — Alexandre questionou, a vulnerabilidade evidente em seu olhar.
— Você vai — Arathia afirmou, com confiança. — Juntos, encontraremos a força necessária.
Elisa cruzou os braços, sua fúria ainda evidente, mas algo em sua postura começou a suavizar-se à medida que ela via a determinação de Arathia. Cristian, por sua vez, observou a interação, percebendo que havia mais na guerreira de Fênix do que aparentava.
Com a montanha ainda à sua espera, os três amigos se prepararam para o que estava por vir. Sabiam que teriam que enfrentar não apenas os desafios físicos, mas também as verdades mais sombrias de si mesmos. E, juntos, estavam prontos para encarar o próximo teste, mesmo que o caminho fosse cheio de espinhos e incertezas.
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Atualizado até capítulo 71
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