Na manhã seguinte à feia discussão que teve com Alexandre, Elisa levantou cedo para preparar o café dele, como sempre, e tinha esperança de que o seu humor estivesse melhor. Foi até a cozinha com os empregados e perguntou se podia ajudá-los. Os empregados deram espaço, como sempre, para ela fazer o café da manhã.
Depois que terminou de preparar, o mordomo Marcos ajudou Elisa a pôr a mesa.
— Obrigada, Marcos — agradeceu Elisa, como sempre.
— Senhora, não precisa agradecer. É só a minha obrigação — respondeu Marcos, como sempre fazia quando ela o agradecia por executar seu trabalho.
— Mesmo assim, obrigada. Por gentileza, chame o Alexandre — disse Elisa.
— Não precisa, já estou aqui — disse Alexandre, alto, já aparecendo na porta da sala de jantar, onde a mesa havia sido posta. — Elisa, pra que tudo isso? — disse Alexandre, perplexo com tanta comida para um café da manhã.
— O que sobrar, os empregados vão comer. Fiz para nós e para eles — disse Elisa, satisfeita pelo bom trabalho que fez.
— Tudo bem — ele não queria outra discussão feia com ela. — Então vou comer — disse Alexandre, sentando-se na cadeira enquanto Marcos o ajudava a empurrar para frente. Também fez o mesmo para Elisa e depois se retirou. Elisa não ficava feliz; em tempos, Alexandre parecia de bom humor. Explorações de terreno sempre o animavam, por isso ela aproveitou a oportunidade de fazer um café especial. Depois da noite anterior, revirando o passado como um gato revira lixo, ela estava feliz por pelo menos hoje não acordarem já brigando.
Depois que terminou seu café, Alexandre se dirigiu à carruagem que o esperava do lado de fora da mansão. Antes de entrar, olhou para trás e viu Elisa, esperando pelo menos uma despedida. No fundo, Alexandre tinha sentimentos por ela, mas sua mágoa era maior.
— Sopa de camarão — disse Alexandre para Elisa.
Logo, Elisa entendeu e abriu um sorriso. — Vou dar meu melhor quando você voltar — disse Elisa, mais que feliz. Isso era o mais próximo de um "até logo" que ela ia receber de seu marido. Ele falar que queria seu prato favorito quando voltasse alegrou-a.
— Assim espero — disse Alexandre, antes de entrar na carruagem.
Depois de uma hora e meia, sua carruagem chegou ao acampamento mais próximo da Floresta de Ina. Descendo da carruagem, Alexandre logo percebeu muita magia ao redor da floresta e, no centro, algo que emanava. Ele não sabia o que era, mas sentia essa energia.
— Senhor — disse o general do reino, se curvando, que estava ali para apoiar o Herói.
— Descanse — disse Alexandre, para deixar a conversa menos informal. — Qual é a situação? — perguntou ao general da linha de frente.
— Grande Herói, parece que os monstros estão protegendo algo — disse o general da linha de frente, Ruan.
— Protegendo? — Alexandre perguntou retoricamente. — Desde quando monstros têm inteligência para isso?
— Calma, senhor Herói. Eles são monstros, não burros — falou uma voz conhecida vindo de trás. Alexandre virou-se para confirmar quem era e realmente era conhecido: o segundo príncipe de Grisales, Cristian Citian Grisales.
— Fala sério, isso não é passeio escolar — disse, rindo pela pessoa que acabara de encontrar.
Mesmo sabendo que ele já tinha vinte e cinco anos, Alexandre não deixava de zoar sua aparência juvenil.
— Fala isso porque sabe que sou mais bonito que você, sendo eu dois anos mais jovem — disse Cristian, num tom brincalhão.
— Verdade, eu não posso competir com a joia do reino — disse Alexandre, sabendo que Cristian odiava esse apelido. — Como posso ser útil, joia? — perguntou Alexandre com sarcasmo.
— Francamente — disse Cristian, esfregando os olhos com os dedos. — Vim aqui para a confirmação do portal — disse Cristian, sem rodeios e sem perder tempo.
Os olhos de Alexandre ficaram impassíveis. — Um portal aqui, nessa floresta? — perguntou Alexandre, que nem tinha encontrado para explorar. — Isso é um problema.
Portais eram ligações de dois mundos diferentes que a deusa criava; não havia aviso de antecedência, eles simplesmente apareciam e desapareciam de uma hora para outra. Por serem imprevisíveis, eram considerados perigosos, mas o reino analisava o portal um de cada vez para descobrir se ele seria momentâneo ou fixo, o que não dava muito trabalho, já que demorava muito tempo para existir um portal fixo.
— Parece que esse é fixo — disse Cristian, indo mais para perto do limite do acampamento e da floresta.
— Que droga — disse Alexandre, sabendo que um portal fixo em uma área de monstros, sendo colocado pela deusa, era problema na certa. Um pensamento veio à mente: "Será que não é por causa da maldição de Elisa?".
— Senhor, há mais de dez anos não aparece um portal fixo. Tem certeza? — perguntou Ruan ao segundo príncipe.
— Sim, eu tenho — disse Cristian, com convicção. Afinal, foi por isso que ele foi requisitado. Sua dádiva, dada pela deusa Susani, era a avaliação, e sua precisão era assustadora. Tanto que, quando viu Alexandre de costas antes de eles conversarem, percebeu que ele estava sob maldição, isso pelo alto grau de seu poder. Poderia ser comparado ao Oráculo ou a um Sábio, dando origem ao apelido "joia do reino".
— Bom, e então o que faremos? — disse Alexandre, já preparando a armadura para combate, já imaginando que os monstros deviam ser eliminados primeiro. E se realmente era um portal fixo, então do outro lado tinha outro reino; era isso que um portal fixo representava: ou uma amizade com outra civilização ou uma guerra. — Ruan tem razão, já tem muito tempo desde o último portal fixo, que nos permitiu ir para o reino de Trola. Com certeza, esse é encrenca — disse Alexandre, colocando a espada na cintura.
— Você tem razão — disse Cristian, também preparando sua armadura. — Mas não sinto presença negativa do portal. Mesmo assim, não vamos baixar a guarda, afinal — parou Cristian, olhando fixo para Alexandre. — Isso é suspeito. Às vezes a deusa só quer ser sádica.
Alexandre desviou o olhar de Cristian, quando notou que ele estava falando da maldição lançada em sua família.
— Então você viu — disse Alexandre, indo para uma das barracas estratégicas no acampamento.
— Você está fedendo, com o cheiro da deusa — disse Cristian. — Não sei o que você fez, mas está estampada a fúria dela.
— Te respeito muito, Cristian, mas não é da sua conta — disse Alexandre, pegando um mapa na barraca para se localizar na floresta. — Vou limpar a área para você trabalhar — disse Alexandre, seguindo rumo à floresta para combater os monstros.
Com o rosto de Alexandre parecendo uma incógnita, Cristian viu que isso não era mesmo para ser discutido naquele momento. Alexandre já deixara claro que não queria falar sobre isso.
Levantando a mão para o alto em sinal de rendição, Cristian disse: — Ok, vou esperar até que o local esteja seguro.
— Faz bem — disse Alexandre, já cruzando a fronteira do acampamento com a floresta.
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Atualizado até capítulo 71
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