Após a partida de Arathia, o clima de tensão e incerteza pairava sobre o grupo. Alexandre, Elisa e Cristian seguiram adiante, guiados por um instinto que os levava cada vez mais fundo na montanha. Logo, eles se depararam com uma caverna. Na entrada, uma inscrição em pedra dizia apenas uma palavra: Busca.
Cristian, que havia expressado a palavra durante a travessia do rio, sentiu um frio na espinha. A caverna parecia pulsar com uma energia sombria, e ele não pôde deixar de pensar que era ele quem deveria enfrentar o primeiro teste.
— Eu vou entrar — anunciou, a voz firme, mas seu olhar traía um certo receio.
Alexandre e Elisa trocaram olhares, compreendendo que o momento era crítico para Cristian. Com um aceno de cabeça, eles concordaram, e Cristian se virou, adentrando a caverna.
Assim que cruzou o limiar, a escuridão o envolveu. O eco de seus passos parecia se dissipar, e, de repente, o ambiente se transformou. Cristian se viu em uma sala iluminada por uma luz estranha, que emanava de um pedestal no centro. No entanto, o que mais chamou sua atenção foram as visões que começaram a fluir diante de seus olhos.
Primeiro, ele viu a si mesmo em um estado de delírio. A expressão em seu rosto era de pura loucura. Ele estava cercado por livros e pergaminhos, a sede insaciável de conhecimento o consumindo. Gritava perguntas sem sentido, buscando entender os mistérios do universo, mas suas palavras se tornavam gritos de um lunático. A caverna parecia refletir o seu desejo mais profundo, mas também o seu maior medo.
E então a cena mudou. Ele viu o rei de Grisales, ferido e em agonia. O momento de dor estava claro na imagem, e Cristian sentiu um golpe no coração ao perceber que ele era a causa daquele sofrimento. As lembranças de sua busca por poder, de seus experimentos com magia e de sua incapacidade de controlar as forças que invocou voltaram à tona. O rei, que uma vez confiou nele, agora estava caindo em desespero, o que fez Cristian sentir-se pequeno e impotente.
— Não! — Cristian gritou, sua voz ecoando na caverna. — Eu não queria isso! Eu só queria ajudar!
A angústia e a culpa dominaram-no enquanto ele via as consequências de suas ações. Cada ferimento que o rei sofria parecia ser causado por ele, e a realidade era um monstro devorador que ele não poderia enfrentar.
Enquanto isso, do lado de fora, Alexandre e Elisa estavam em expectativa. O tempo se arrastava, e Cristian não retornava. A preocupação aumentava, e Alexandre decidiu que não poderia deixá-lo sozinho em uma provação tão dolorosa.
— Cristian! — chamou Alexandre, mas sua voz ecoou apenas na escuridão.
Por fim, Cristian caiu de joelhos na visão, lágrimas escorrendo pelo seu rosto. Ele não conseguia lidar com a verdade que estava sendo revelada a ele. A culpa o consumia, e ele se sentia como um traidor não apenas para com o rei, mas também para com seus amigos.
— Cristian! — a voz de Elisa finalmente penetrou em sua consciência. Ela o havia seguido até a entrada da caverna. — O que está acontecendo?
As palavras dela pareciam ter um efeito. A imagem se desfez e, lentamente, a caverna começou a se desvanecer, trazendo Cristian de volta à realidade. Ele se levantou, o olhar confuso e perdido.
— Eu... eu vi coisas — ele respondeu, a voz embargada. — Coisas que eu nunca quis ver. Coisas que não consigo esquecer.
Alexandre e Elisa o cercaram, a preocupação estampada em seus rostos.
— O que aconteceu? — perguntou Elisa, sua expressão cheia de compaixão.
Cristian hesitou, a dor em seus olhos revelando mais do que suas palavras poderiam expressar. — O rei... eu causei o sofrimento dele. O que eu busquei, o conhecimento... me levou a isso.
Os três ficaram em silêncio, absorvendo a gravidade das palavras de Cristian. O teste não era apenas sobre a busca por conhecimento; era uma prova de que o poder vem com um preço, e nem sempre é fácil de suportar.
Finalmente, Alexandre falou, com uma firmeza que transmitia apoio. — Não podemos deixar que isso defina quem você é, Cristian. Precisamos seguir em frente. Juntos.
A determinação nos olhos de seus amigos deu a Cristian um fio de esperança. Embora seu segredo tivesse sido revelado, ele sabia que ainda havia um caminho a seguir. Com a força renovada, ele respirou fundo, pronto para enfrentar o que mais a montanha tinha reservado para eles.
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Atualizado até capítulo 71
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