A tensão pairava no ar enquanto Alexandre, Elisa e Cristian se preparavam para atravessar o portal ao amanhecer. A proximidade da missão deixava Elisa cada vez mais inquieta, e Alexandre não conseguia entender o que estava acontecendo com ela. Ela estava distante, evitando seu toque e quase não falava. Apesar disso, Alexandre decidiu não pressioná-la. Ele sabia que todos estavam lidando com a situação à sua maneira, mas algo em Elisa parecia diferente.
— Está tudo pronto? — perguntou Cristian, ajustando sua armadura enquanto verificava os preparativos finais.
— Sim, só estamos esperando o sinal do Oráculo — respondeu Alexandre, que acabava de embainhar sua espada.
Elisa, por sua vez, estava arrumando suas roupas de viagem, mas seu olhar estava perdido. Ela parecia reciosa, como se algo a estivesse atormentando. Enquanto se preparavam, Alexandre não conseguia deixar de notar como ela evitava seus olhos, sempre olhando para o chão ou para o horizonte. Algo estava errado, e ele sabia disso, mas o peso da missão era grande demais para que pudesse lidar com mais preocupações.
Ao primeiro sinal de luz no céu, o portal começou a brilhar, emoldurado por uma névoa dourada que parecia chamar por eles. O Oráculo os aguardava na entrada.
— É hora — disse o Oráculo, sua voz ecoando como um sussurro entre as árvores. — Lembrem-se, não haverá volta fácil. Entrem preparados para enfrentar o que vier.
Os três se aproximaram do portal. Quando o atravessaram, sentiram uma estranha sensação de desnorteamento. O mundo girava ao redor deles, como se as próprias leis da natureza estivessem se dobrando. Era um efeito esperado, mas ainda assim perturbador.
Ao chegarem ao outro lado, a visão era deslumbrante e surreal. Estavam no Reino Fênix. À frente deles, se estendia uma paisagem majestosa: montanhas flutuantes cobertas por vegetação exuberante, rios de fogo dourado e, ao longe, dragões voando livremente pelo céu. O Reino Fênix era tão belo quanto perigoso.
— Isso... isso é inacreditável — murmurou Cristian, com os olhos arregalados ao ver os dragões. — Em Grisales, dragões são apenas lendas.
— E aqui são reais — respondeu Alexandre, ainda atordoado pelo cenário ao redor. Mas logo o deslumbramento deu lugar à ação quando, na confusão da chegada, viram figuras sombrias se movendo nas sombras ao redor.
— Preparem-se! — gritou Alexandre, sacando sua espada. Sua mente ainda estava confusa, e os reflexos de combate assumiram o controle. Ele avançou contra o que parecia ser um grupo de monstros, com Cristian logo atrás.
Os dois lutaram com habilidade, desferindo golpes rápidos e mortais, mas algo parecia errado. As "figuras" que enfrentavam não se moviam como monstros. Foi apenas quando a espada de Alexandre desceu em direção a uma das formas que ele percebeu o erro: eram soldados.
Antes que pudesse parar o golpe, sua espada foi bloqueada por um soldado em uma armadura reluzente, que segurou a lâmina com força suficiente para detê-lo. Alexandre arregalou os olhos de surpresa. Ninguém em Grisales conseguia igualar sua força, mas aquele soldado o havia parado com facilidade.
A visão daquele feito o fez recuar, desconfiado. Como era possível alguém igualar sua força?
O soldado retirou o capacete, revelando uma linda mulher de olhos ferozes e cabelos prateados que caíam sobre os ombros. Sua presença era imponente, como se ela mesma carregasse o poder de um dragão. Os olhos de Alexandre se fixaram nela, ainda chocado.
— Bem-vindos ao Reino Fênix — disse ela, sua voz carregada de autoridade. — Se você tivesse mais paciência, teria percebido que não somos inimigos.
Elisa, que assistia a tudo de longe, suspirou de alívio quando viu que o confronto havia cessado. Algo em seus olhos sugeria que ela sabia mais sobre o que estava acontecendo do que deixava transparecer.
Cristian, sempre cauteloso, se aproximou com cuidado. — Quem é você?
— Eu sou a capitã dos Guardiões e Oráculo de Fênix — ela respondeu com um sorriso controlado. — Meu nome é Arathia. Fui enviada pelo rei Fênix para recebê-los. Vocês são os primeiros de Grisales a cruzar o portal em muito tempo.
— O rei Fênix? — perguntou Alexandre, recuperando-se da surpresa.
— Sim, o Rei Valenor, soberano do Reino Fênix. Ele sabe por que vocês vieram e está esperando por vocês — disse Arathia, colocando novamente seu capacete. — O caminho até ele é perigoso, mas ele confiou a mim a tarefa de levá-los com segurança.
Alexandre assentiu, ainda impressionado pela habilidade de Arathia e a beleza estonteante do Reino Fênix. A missão se tornava cada vez mais intrigante, mas também mais perigosa.
Enquanto caminhavam sob a orientação de Arathia, as perguntas e as dúvidas se multiplicavam na mente de Alexandre. A maldição que ele e Elisa carregavam parecia estar ligada de forma misteriosa a esse reino. E agora, além dos desafios do portal, havia o enigma de Elisa. Algo estava sendo escondido, e ele tinha a sensação de que, no Reino Fênix, todas as respostas — tanto sobre a maldição quanto sobre sua esposa — seriam reveladas.
Ao longe, sobre o horizonte, uma cidade de ouro e fogo surgia: a capital de Fênix. E no trono, aguardando sua chegada, estava o Rei Valenor, o soberano daquele mundo encantado.
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Atualizado até capítulo 71
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