O Oráculo fazia um chá enquanto esperava pelo Grande Herói quando ouviu uma batida na porta. — Entre — disse o Oráculo.
Seu assistente e aprendiz, Lucas, entrou e anunciou que o Herói Alexandre já havia chegado.
Quando um homem alto, com uma barba bem feita e olhos azuis como o mar, entrou, o Oráculo entendeu o desespero de Elisa. Qualquer moça em sã consciência se apaixonaria por ele, e, além disso, era agraciado pela deusa da beleza, Jade.
— Você me chamou, Oráculo? — disse Alexandre, em sua voz grave e alta, como costumava fazer quando o assunto era perda de tempo.
— Senhor Alexandre, aqui não é um campo de batalha. Você não está falando com seu subordinado; não precisa gritar — disse o Oráculo, perturbado pela arrogância dele. — Sente-se. — Apontou a cadeira para Alexandre.
Depois que Alexandre se sentou, o Oráculo então disse: — Sua família está sob maldição. O Oráculo analisou cuidadosamente a maldição lançada pela deusa e percebeu que não era apenas uma maldição, mas sim um ninho.
Os olhos de Alexandre arregalaram-se. — Como pode falar uma coisa assim? — ele gritou, bravo. — Me admira que você, um Oráculo agraciado pela deusa Susani por ter sabedoria, não me dê um pingo se quer de esperança para mim e minha família. Vou procurar um Sábio; você com certeza é um. Quando ele ia completar a frase, o Oráculo o olhou friamente, como se seus olhos dissessem "meça suas palavras", e levantou-se, dizendo:
— É um ninho. Sem muito rodeios, ele disse, como se tirasse um espinho do dedo. Foi completamente cirúrgico com as palavras. — Assim como um pássaro faz seu ninho trançando galhos de árvores para emaranhar e ter a firmeza que precisa para ficar, é assim a maldição que caiu sobre você e sua esposa. Composta por várias maldições, ela está firme e enraizada em vocês. Ninho é só uma palavra para descrever o quanto os dois estão ferrados.
Alexandre teve um arrepio involuntário com o baque da explicação arrepiante que recebeu. Ele sabia: maldições eram piores que câncer. Se houvesse uma comparação, seria como um parasita que suga toda a vida, esperança, sorriso — tudo o que definia uma pessoa. Isso doía; ele nunca havia experimentado uma dor igual. Ele, que sempre se ferira no campo de batalha ou com monstros ferozes, nunca sentira a dor de não ter esperança.
— Sei que você e sua esposa não estão em um bom momento, mas sugiro que converse com ela. Escute o que ela tem a dizer a respeito, entrem em consenso e depois venha me ver — disse o Oráculo, bem calmo, como se a notícia da devastação que viria não fosse nada, dando a entender que sabia de algo além da maldição.
— Ok, Oráculo. Posso perguntar uma coisa antes de ir? — disse Alexandre, já um pouco passivo com a calma do Oráculo, que chegava a ser irritante. Afinal, ele acabara de dar a pior notícia para uma pessoa.
— Sim — disse o Oráculo.
— Por que está tão calmo? Em palavras resumidas, você acabou de dizer que minha família inteira vai morrer — disse Alexandre, com fúria nos olhos pela indiferença do Oráculo.
— Certo, senhor Alexandre, isso é fácil de responder. Por mais que as maldições sejam absolutas, elas podem ser quebradas, mas isso é complicado. Nada é realmente fácil, certo? — disse o Oráculo, esfregando a barba, o que fazia quando usava a sabedoria dada pela deusa.
Alexandre colocou a mão no rosto e, esfregando os olhos, disse com muita raiva: — E por que não começou falando isso, Oráculo? Sua raiva era tão grande que, se fosse um de seus subordinados, ele o estrangularia ali mesmo. "Como esse velho ousa me deixar preocupado à toa," pensou Alexandre.
— Se você não fosse tão arrogante, poderia até ter falado primeiro, mas conheço pessoas como você. São agraciadas pela deusa até demais e acham que todos são inferiores. Sei o que você tem feito com sua esposa, traindo-a sempre com outras, bebendo até cair, gastando tudo com todas, menos em casa. Aí vem até mim desesperado falando "mas o que eu fiz de errado?" Todas as suas atitudes, não só as suas, mas também as dela. Sei o segredo que você e ela escondem há anos. — disse o Oráculo.
No mesmo instante, Alexandre colocou a mão na espada, já em estado de alerta, como se visse um monstro no campo de batalha.
— Guarde sua espada, rapaz. Só lhe lembrei que nada fica enterrado de verdade — disse o Oráculo com um sorriso malicioso.
— Então, depois voltarei com minha esposa. Alexandre tirou a mão da espada e foi até a porta. Enquanto abria, olhou para o Oráculo e disse: — Agora fiquei curioso, senhor Oráculo. E saiu.
O Oráculo sabia que aquilo era uma ameaça, mas também não se importava. Ele temia mais a deusa do que qualquer pessoa.
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Atualizado até capítulo 71
Comments
Lửa
A escrita é maravilhosa, me transporta para essa história!
2024-09-27
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