Dragão

A noite avançava silenciosa, com a luz

das estrelas mal penetrando a densa

copa das árvores ao redor. O fogo

crepitava baixo, lançando sombras

oscilantes sobre o acampamento.

Cristian estava acordado, de vigia,

enquanto Alexandre e Elisa

descansavam. Arathia, como sempre,

mantinha-se um pouco afastada, os

olhos fixos no horizonte como se

esperasse algo. Sua presença trazia um

peso constante, uma tensão velada que

incomodava todos, especialmente Elisa.

De repente, um rugido ensurdecedor

cortou o ar. As árvores balançaram

violentamente quando uma criatura

colossal desceu dos céus, suas

enormes asas cortando o vento com

fúria. Um dragão, imenso e coberto de

escamas negras, emergiu da escuridão,

aterrissando com um baque estrondoso

no centro do acampamento.

— Droga! — gritou Cristian, já se

levantando e ativando sua magia de

análise. — Um dragão! E ele não está

aqui para conversar!

Alexandre sacou sua espada

imediatamente, correndo em direção ao

monstro sem hesitar. Elisa, um pouco

mais atrás, invocou suas próprias

magias, tentando preparar algum tipo de

defesa. Arathia, porém, permanecia

imóvel, observando tudo com um sorriso

enigmático nos lábios.

— Cristian! — gritou Alexandre,

desviando de uma das garras afiadas do

dragão. — O que você vê?

Cristian, com os olhos brilhando

enquanto analisava a criatura,

respondeu rapidamente:

— As escamas são praticamente

impenetráveis, mas há uma fraqueza

nas juntas das asas e na base do

pescoço! Se você conseguir acertar ali,

podemos ter uma chance!

Sem perder tempo, Alexandre correu em

direção ao dragão, desviando de suas

investidas ferozes. Ele usou sua força e

agilidade para saltar sobre as costas da

criatura, mirando na base do pescoço

como Cristian havia indicado. Com um

grito de guerra, Alexandre golpeou com

toda a força, a lâmina de sua espada

cravando-se profundamente.

Mas o dragão, em vez de cair, rugiu com

ainda mais força, balançando o corpo e

arremessando Alexandre ao chão com

um movimento brusco de suas asas. Ele

rolou pela terra, ferido, mas não

derrotado.

— Muito fraco, Alexandre — provocou

Arathia, com uma risada sarcástica. —

Achei que o "grande herói de Grisales"

fosse um pouco mais impressionante.

Cada vez que Alexandre era atingido, as

palavras de Arathia ecoavam como uma

provocação irritante. Mesmo enquanto

protegia Elisa das chamas do dragão,

ela não perdia a oportunidade de

ridicularizar as falhas de Alexandre e

seus companheiros.

— Isso está ficando ridículo — murmurou

ela, revirando os olhos.

A batalha continuava. Cristian

continuava a gritar instruções, tentando

ajudar Alexandre a encontrar novas

aberturas. Elisa lutava para manter as

defesas mágicas, mas estava ficando

exausta. O dragão era simplesmente

forte demais, e o tempo estava correndo

contra eles. O monstro parecia

incansável, enquanto eles já estavam à

beira do limite.

— Nós não vamos conseguir! — gritou

Elisa, tentando bloquear mais uma

rajada de fogo.

Arathia, até então apenas assistindo,

finalmente suspirou profundamente,

como se tivesse perdido a paciência.

— Está na hora de parar com essa

brincadeira, não acham?

Em um movimento fluido e preciso,

Arathia avançou em direção ao dragão.

Sua expressão já não carregava mais o

habitual tom de diversão. Com uma

velocidade impressionante, ela subiu

pelas costas da criatura e, com um

único golpe de sua lâmina, perfurou o

ponto exato na base do crânio do

dragão, onde nem mesmo a espada de

Alexandre havia conseguido atingir com

eficácia.

O dragão soltou um último rugido

agonizante antes de cair, morto, no chão

com um baque ensurdecedor.

O silêncio que se seguiu foi tão

profundo quanto o choque que Cristian,

Alexandre e Elisa sentiam. A força com

que Arathia havia derrotado o dragão,

depois de tudo o que eles haviam

lutado, era impressionante. Mas o que

mais os incomodava era a facilidade

com que ela havia feito isso.

— Vocês são patéticos — disse Arathia,

olhando para os três com desdém. — Se

eu não estivesse aqui, estariam todos

mortos agora.

Elisa apertou os punhos, mordendo os

lábios de raiva. Cada palavra de Arathia

era como uma faca cravada no orgulho

dela. Ela já estava enciumada por causa

de Alexandre, e agora ver aquela mulher

derrotar o dragão com tamanha

facilidade só aumentava sua fúria.

— Como ousa... — murmurou Elisa, mas

antes que pudesse continuar, Arathia a

interrompeu.

— Ousar? Eu estou aqui para garantir

que cheguem vivos à Grande Montanha.

Se forem fracos demais para isso, é

melhor voltarem para Grisales agora

mesmo.

Cristian, por outro lado, estava mais

fascinado do que irritado. Ele já sabia

que Arathia era poderosa, mas aquilo

havia sido muito além do que ele

imaginava.

— Você... — ele começou, ainda

ofegante. — Como conseguiu... com um

único golpe?

— Eu já disse — Arathia sorriu,

virando-se com desdém. — Vocês não

estão prontos. Se não fossem tão

incompetentes, eu não precisaria

interferir.

Alexandre se levantou, ainda ofegante e

com o corpo dolorido pelos golpes do

dragão. Ele olhou para Arathia,

admirado, mas também envergonhado.

— Por que você não fez isso antes? —

perguntou ele, com a voz cheia de

frustração.

Arathia lançou-lhe um olhar afiado, mas

divertido.

— Porque eu queria ver até onde vocês

chegariam antes de fracassarem

miseravelmente.

A resposta dela deixou Alexandre sem

palavras. Ele não sabia se devia se

sentir humilhado ou grato. Cristian, por

outro lado, se limitou a sorrir levemente,

admirando a maneira como Arathia

jogava com todos eles.

Enquanto eles se recuperavam do

confronto, Arathia caminhou em direção

à fogueira que Alexandre havia acendido

horas antes.

— Melhor descansarem bem esta noite

— disse ela, calmamente. — Amanhã a

jornada será ainda mais difícil.

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