Jornada

A alvorada mal havia despontado quando Cristian, Alexandre e Elisa se reuniram na entrada do palácio, prontos para iniciar a jornada até a Grande Montanha Enfeitiçada. Os três estavam equipados com suas armaduras e armas, prontos para enfrentar o que quer que surgisse no caminho. A tensão entre eles era palpável, especialmente entre Elisa e Alexandre. O ciúme e o desconforto entre os dois ainda reverberavam, mas nenhum deles ousava falar sobre isso.

Arathia apareceu em seguida, com uma armadura leve e diferente das dos cavaleiros de Fênix. Sua roupa, ágil e prática, não era feita para batalhas intensas, mas para movimentos rápidos e precisos. Ela parecia deslocada, não pela postura ou presença, mas por não se adequar ao que se esperaria de uma guerreira daquele reino. Mesmo assim, a confiança emanava dela de forma quase sobrenatural.

— Não vamos perder tempo — disse Arathia, com seu habitual tom superior. — A montanha não vai esperar por nós.

Sem mais palavras, o grupo partiu. O silêncio entre eles era pesado, mas logo os sons da floresta e das criaturas espreitando nas sombras começaram a preencher o ar.

No início, a viagem foi tranquila. Mas, ao fim do primeiro dia, monstros começaram a surgir das sombras da floresta. Criaturas grotescas, com garras afiadas e olhos flamejantes, espreitavam entre as árvores antes de avançar. Alexandre e Cristian lideravam os ataques, enquanto Elisa cobria os flancos. Os monstros eram fortes, mas não eram páreo para o treinamento e habilidades dos três.

No entanto, algo intrigava Cristian. Ele observou Arathia de perto durante as batalhas. Ela não atacava. Apenas se defendia com movimentos elegantes e calculados, desviando das investidas dos monstros com facilidade, sem jamais revidar. Quando parecia que Alexandre, Elisa ou ele próprio estavam prestes a ser golpeados de forma mortal, Arathia intervinha, eliminando os monstros com precisão assustadora. Mas somente quando estavam à beira da morte.

Depois de alguns confrontos, Cristian, intrigado, não pôde mais conter sua curiosidade. Quando tiveram uma breve pausa, ele se aproximou de Arathia.

— Por que você não ataca? — perguntou ele, encarando-a. — Notei que só intervém quando nós estamos prestes a ser mortos. Você está testando a gente?

Arathia deu uma risada irônica, os olhos brilhando de divertimento.

— Perceptivo, não? — disse ela, cruzando os braços. — Sim, Cristian, você está certo. Eu não sou uma babá. Minha função não é lutar por vocês, mas garantir que cheguem à montanha. Se vocês não forem capazes de lidar com esses pequenos desafios sozinhos, como esperam sobreviver à Provação da Verdade? Eu só me meto quando a morte está a segundos de distância.

Elisa, que ouvira a conversa, olhou para Arathia com os olhos arregalados de surpresa. Até ela, que já havia começado a detestar a presença da mulher, não esperava uma confissão tão brutal. Alexandre, por outro lado, mantinha-se em silêncio, absorvendo a informação. Sua mente estava focada na missão, mas ele começava a questionar o que realmente esperavam dele.

— Então você está aqui só para nos assistir morrer? — provocou Cristian, tentando esconder a raiva na voz.

— Estou aqui para garantir que cheguem vivos até a montanha — respondeu Arathia, sem perder o tom irônico. — O resto é problema de vocês.

A resposta dela irritou Cristian, mas também o deixou pensativo. Arathia não era apenas uma guerreira poderosa. Ela era uma estrategista, testando-os de maneiras que ele não tinha previsto. Isso a tornava ainda mais perigosa e intrigante.

Ao fim do segundo dia, o grupo parou para acampar. O clima ao redor deles já havia mudado. As árvores se tornaram mais esparsas, e o ar, mais denso, como se algo estivesse observando de longe. Alexandre, sempre prático, assumiu a tarefa de acender a fogueira. Ele usava a lâmina da espada para cortar madeira enquanto os outros descansavam.

Cristian estava sentado de costas para a fogueira, ainda de olho em Arathia, que estava à margem do grupo, observando a floresta com uma expressão indecifrável. Ela era uma enigma, e a cada nova interação, ele ficava mais certo de que ela não era apenas a oráculo de Fênix. Havia algo mais, algo muito mais profundo e perigoso.

Elisa, por sua vez, estava irritada. A maneira como Arathia falava com eles, sua constante superioridade, a deixava ainda mais furiosa. E o fato de que Alexandre parecia estar cada vez mais intrigado por aquela mulher só piorava seu humor. Ela se sentou próxima à fogueira, lançando olhares para Arathia de tempos em tempos, como se quisesse desafiá-la em silêncio.

A chama crepitava suavemente, lançando sombras dançantes nas árvores ao redor, enquanto o grupo se preparava para descansar. Mas ninguém estava verdadeiramente tranquilo. A tensão entre eles, as provocações e os segredos não ditos, faziam da fogueira uma ilha de luz em meio à escuridão crescente.

Alexandre, em silêncio, terminou de preparar o acampamento. Ele olhou para o céu escurecendo e depois para seus companheiros. Sabia que a jornada apenas começava, mas já sentia o peso da Provação que os aguardava.

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