CAPÍTULO 19

— Onde conseguiu tantos seguranças em pleno sábado? — Perguntei quando saímos do carro, que já estava estacionado na garagem da empresa.

— Não é tão difícil quando se tem dinheiro. — Ele respondeu rindo.

— Não estou vendo graça alguma. Aliás, eu queria ir para cada! — Me escorei no carro enquanto contava mentalmente os seguranças na parte de fora do prédio. — Não sei se percebeu, mas eu não tenho onde ficar.

— É claro que percebi... Ficará comigo. — Ele respondeu com os braços cruzados e os olhos em mim. — Na minha casa.

Nem tive tempo de reparar o quanto ele ficava deslumbrante com roupas comuns. Seu cabelo, menos arrumado do que de costume, lhe dava um ar casual que o tornava ainda mais irresistível. Vê-lo assim, tão humano, me fazia lembrar que, por trás do milionário, havia um homem comum. Um homem pelo qual eu seria capaz de me entregar por completo, mesmo sabendo que o final poderia não ser feliz. Afinal, nenhum dos meus finais foi.

— Eu estou irritada, entende? Não vou ter minha rotina graças a um bando de pessoas idiotas que simplesmente bolaram um plano de roubo e estam fazendo isso a meses. — Ele continua me olhando sério. — Me empresta o seu carro? Irei até a minha casa, vou buscar umas coisas que preciso.

— Nem sonhando. — Ele falou ainda sem tirar os olhos do meu rosto. — Você não vai sair.

— Eu não sou sua prisioneira, Scott. Se não quer me emprestar, eu pego um táxi.

Comecei a andar em direção a saída, mas fui impedida por Scott me puxando e me mantendo presa entre o corpo e o carro dele.

— Preste atenção, Thompson... Você não vai sair, entendeu? — Ele disse em um sussurro. — É perigoso e eu não quero que se machuque.

Sua voz era suplicante, a ordem dele estava mais para um pedido, como se a vida dele dependesse da minha.

— Está bem, não irei sair. — Falei o afastando de mim. — Mas que fique claro que não irá mais acontecer o que houve mais cedo.

— Fala de qual parte?

— De todas! O beijo, os toques... Quero deixar claro que ficarei aqui apenas até prenderem as pessoas responsáveis e vou ressaltar para você, eu trabalho na Grenff, você é o meu chefe e eu estou nessa situação por vontade própria mas também foi querendo ajudar a empresa. Ficarei aqui, presa com você porque eu não tenho grana para bancar aqueles caras bombados lá fora.

Sai andando em direção ao elevador, ele ficou lá parado, tentando racionar o que eu falei. Assim que ele colocou a digital as portas se abriram e chegamos ao apartamento. O fato de tudo ser tão claro e cheio de vidro, fazia eu me sentir invadida, por mais que as pessoas não vissem aqui dentro, ainda era estranho.

Se eu já não tivesse entrado aqui antes, não irei surtar, mas como já vim:

— Cadê a merda do seu sofá, Scott? — Falei com os braços estendidos para o local que ficava o sofá, que aparentemente foi trocado por um piano.

— Eu doei. Queria um piano, comprei e coloquei aí, gostou? — Ele disse ao morder uma maçã que pegou em uma pequena fruteira da ilha da cozinha.

— Não.

— Escuta, pode parar de ser fria. Eu fiz você gozar, não deveria me tratar bem, pelo menos? Eu não sou seu inimigo, Clarisse.

Ele falou tão sério que me fez repensar em como eu estava me comportando. Como uma criança.

O observei andar até o quarto, abrir a porta de vidro e a fechar. Tirou o relógio e o tênis os guardando dentro do closet, pegou duas toalhas e algumas roupas dele.

— Pegue, pode ir tomar um banho. — Ele disse ao sair do quarto.

— Sua casa é esquisita igual você, não faz sentido algum fechar essa porta de vidro do seu quarto com paredes de vidro.

— Logo logo você descobrirá o motivo. — Ele falou ao tirar o celular do bolso. — Vou fazer uma ligação na varanda, pra te dar privacidade.

— Espero mesmo que você não olhe, afinal nem para tomar banho tem privacidade.

— Thompson... — Ele sussurrou próximo ao meu ouvido. — Você é extremamente gostosa eu não vou mentir, adoraria tirar seu vestido agora mesmo. Mas vou deixar que me peça isso! — Ele disse se afastando e indo para a parte mais longe da varanda.

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