Assim que entrei no décimo andar, tudo parecia tranquilo, pelo visto, o esse é único andar não afetado pelo novo CEO.
Caminhei até Donna que estava de cabeça baixa massageando as têmporas.
— Bom dia, Donna! — Falei e a mesma tomou um susto ao me ver aqui. — Ainda bem que não te demitiram, você é a funcionária mais antiga daqui.
— Não podem me demitir, querida.
A olhei confusa, Donna sempre aparenta estar bem, tem a pele bem cuidada apesar de ter idade para ser minha mãe, — ela mesmo me confessou outro dia — sempre está impecável de bela e aparentando ser jovem, só que hoje, ela está com um coque mal feito e quase sem maquiagem.
— Não me diga que esta sem salto, Donna? — Ela deu um sorriso falso. — É claro que não podem te demitir, essa empresa cai se você sair daqui.
— Obrigado pelo carinho, Clarisse! — Ela se esticou em sua cadeira para apertar minha mão.
— Que bom que está calma... Pois preciso falar com o nosso novo chefe. — Os olhos apertados dela se arregalaram.
— Não, deixe-o se acomodar antes, ele acabou de chegar e... — A Interrompi levantou a minha mão e mostrando o envelope.
— A Sra. mais do que ninguém sabe que eu me dedico inteiramente a essa empresa todos os dias desde os meus vinte anos e então, eu não acho que ele tenha o direto de me demitir de uma forma tão... Grosseira!
Ela aliviou o rosto, pegou o ramal em sua mesa e ligou para dentro da sala ao lado.
Esse andar era completamente vazio, haviam algumas salas vazias, umas plantas artificiais espalhadas, a mesa da Donna ficava ao lado da grande porta preta que dava para a sala do chefe. O Sr. Samuel quis pintá-la pois dizia ficar secando as costas da secretaria dele, então ele pintou antes que precisasse pedir o número de Donna.
— Pode entrar... — Donna me disse que um tom estranho.
Parei em frente a porta, respirei fundo antes de dar duas batidas e girar a maçaneta adentrando a sala onde Sr. Samuel tanto nos alegrava.
— Eu preciso falar com o Sr. Cooper agora! — Falei assim que vi o homem em pé de costas para a porta mexendo em alguns pertencentes do Samuel na estante.
— Sinto muito, mas ele não está disponível. — Calmo, mas com um toque de ironia.
— Como assim, não está disponível? Ele não pode simplesmente se aposentar sem uma explicação, todos os funcionários aqui amavam o Sr. Cooper! — Falei exasperada.
— A questão aqui é que você não aceitou ser demitida, é que ele não o fez. Eu fiz. — Ele ficou de frente e cruzou os braços me analisando de cima a baixo. — E a decisão final agora é minha.
— Quem... Você pensa que é exatamente? —Perguntei ainda chocada com a beleza estonteante que o homem em minha frente de cabelos e olhos castanhos possui.
— Scott Cooper. O novo CEO. — Respondeu ele com um sorriso ligeiramente provocador.
— Ah claro, isso não muda o fato de você é um crápula que acabou de chegar e começou a demitir pessoas sem motivo plausível, as pessoas iram odiar te ter como chefe. — Respondi surpresa, mas sem sequer demonstrar alguma fraqueza.
— Digamos que o motivo é corte de gastos. Mas se quiser se sentir melhor, pode pensar em como essa revista vai se modernizar sem tantos pesos mortos. — Ele disse ao desabotoar o palitó e se sentar em sua imensa cadeira.
O que tem de lindo tem de arrogante.
— Corte de gastos? Em uma empresa como a Grenff? Estamos no top um global a muitos anos, somos uma revista referência para todo o mundo! Como acha que iremos acreditar nessa sua desculpa esfarrapada? — Eu disse jogando o envelope e o papel em cima da mesa dele. — E essa merda aí? Não sabe fazer uma demissão como ser humano? Era só fazer uma reunião com todos que sairia menos feio para você.
Ele abriu a boca algumas vezes e a fechou em seguida.
— Você pode ficar aí, com toda a sua pompa, sua cadeira grande e confortável, mas destruí os sonhos das pessoas lá embaixo, te torna inferior a tudo que há de mais pior. — Lágrimas de raiva começaram a rolar pelo meu rosto. — Eu me dedico sete dias por semana a essa empresa, não mereço sair da forma que estou saindo agora! Mas espero de coração, que não precise de mim para nada... Passar bem.
Deixei a sala dele o mais rápido que pude.
— Clarisse! — Donna falou ao se levantar da cadeira.
— Donna, não quero falar agora... — Falei ao apertar rapidamente o botão para chamar o elevador.
— Sua mãe ligou, disse que você não atendeu o celular, parece que seu pai passou mal e ele a quer ver.
Meu coração deu alguns pulos. O elevador demorou demais então desci pelas escadas o mais rápido que pude, passei em minha sala, peguei minhas coisas, o máximo que pude e saí em direção ao estacionamento, seria uma hora de carro até a casa dos meus pais, então não passei nem em casa antes, fui direto para lá.
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Atualizado até capítulo 61
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