CAPÍTULO 16

Eu me segurei, me segurei de uma forma que nunca precisei para não jogá-la na minha cama e a fazer delirar, mas o pouco de controle que tive foi graças a ela, que não demonstrou o mínimo de reação ou interesse pela minha proposta nada discreta. Na noite de ontem ficou bem claro para mim que Clarisse nunca seria minha e que eu não teria mais permissão para invadir o espaço dela assim como fiz ontem.

Estou me arrumando para sair, precisava achar alguém que estivesse disposta a me ajudar. Liguei para Math, o único amigo que tenho e agradeci mentalmente por ele estar casado e ter comprado uma casa fixa aqui em Ottawa. Ele aceitou ir comigo em uma balada que abriu uns dias atrás, claro que levaria a Linda com ele, além de esposa ela era amiga dele, sua companheira... Algo que eu já quis muito, hoje eu já não tenho tanta vontade em ter alguém ao meu lado.

[...]

Assim que entramos na balada já bateu o arrependimento em mim, meus olhos foram direto na morena que reconheci de longe graças a tatuagem com a bandeira da Grécia em suas costas nuas graças ao vestido dela.

Procurei uma mesa mais afastada possível dela e nos sentamos.

— Achei que você quisesse esquecer alguém... — Linda falou rindo da minha situação.

— Querida, não o martilize mais! — Math me olhou e depois virou para Linda e os dois riram ainda mais.

— Se vocês forem ficar rindo de mim, prefiro ir embora...

Não demorou muito para Tess se aproximar, a reconheci pelo perfume horrível que ela sempre insistiu em usar. Cheiro de velório.

— Olá, faz tempo que não vejo vocês... Nunca mais apareceram na Grécia... — Ela falou e pude ver para onde ela travou os olhos, a chave do meu rolls-royce em cima da mesa. — E você, Scott? Namorando muito?

— Na verdade, Tess... — Math falou tentando me livrar dela.

Parei de ouvi-los quando meu olhar foi para a porta da balada e por ela passou a mulher que com certeza quebrará o meu coração em vários pedaços, mas eu já estava em completo despero para ter o mínimo de atenção dela. Assim que ela entrou, acompanhada de uma outra com os cabelos cacheados e curtos — que jurei já ter visto antes — Ela me viu, travou ali mesmo na entrada. Meu pensamento foi tão rápido que me levantei e fui até elas.

— Oi. — Ela me cumprimentou completamente seca.

Ela estava impecavelmente naquele vestido preto com brilhos espalhados, ele tinha um corte no final em V, onde deixava boa parte da coxa para fora. Seu cabelo estava solto e pela primeira vez sem cacho algum, completamente liso e o que sempre me chamou mais atenção nela, Clarisse não usa maquiagem. O máximo é o que estou vendo hoje, um gloss e um rímel? A beleza dela anda maltratando meu pequeno coração.

— Escuta, Thompson... Aquela ali atrás é a Tess. — Ela deu uma esticada para o lado, a olhou e voltou a prestar atenção em mim. — Ela me traiu com Frederico.

O queixo dela caiu e a amiga dela ficou com cara de espanto.

— Você tem problemas maiores, lisse... Nos vemos amanhã, eu dou um jeito de ir embora depois. — A moça abraçou Clarisse e saiu dançando pela balada.

— O que quer de mim?

— Que finja que estamos juntos!

— Que? Claro que não! — Ela bufou tirando algumas mechas da franja e jogando para trás. — Eu não tenho culpa que você se envolveu com alguém desse tipo...

— Eu sei, claro que sei... Mas ela enlouqueceria em saber que estou com alguém...

— Se você prometer que será só essa noite, eu topo.

— Sim, será.

Segurei a mão de Clarisse e a levei até a mesa, Tess ainda estava em pé ao lado de Linda e me analisava da cabeça aos pés fazendo o mesmo com Clarisse.

— Boa noite... — Clarisse os cumprimentou tímida.

— Galera, essa é a Clarisse! Clarrisse, esses são Math e Linda, são os amigos que te falei.

— Muito... Muito prazer! — Math falou cumprimentando ela e cutucando a Linda com o Cotovelo.

— Oi, ouvir falar de você... Você ainda mais bonita pessoalmente. — Linda falou com um sorriso sincero.

— Eu sou a Tess... Muito prazer! — Tess falou alto o suficiente para todos ouvirem.

— Oi, Tess.

Se tem uma pessoa para bater de frente com a Tess é a Clarisse, mas apostaria minha fortuna que Clarisse a deixaria calada em questão de segundos.

[...]

Tess saiu de perto assim que percebeu que estava sobrando, a conversa fluiu leve e boa, mesmo com o som alto da boate. Assistir de perto meus amigos felizes e Clarisse sorrindo sem preocupações ou implicações, me fez pensar que se eu tivesse alguém comigo, não seria tão ruim assim.

— Vocês me dão licença? Vou ao banheiro! — Clarisse falou se levantando.

— Por que não foi com ela? — Math perguntou para Linda.

— Por que estou doida para saber o que rolou aqui. — Ela disse abafando um risinho. — Era ela que você queria esquecer?

— Era. A vi ali na porta e pensei que poderia mexer com a cabeça da Tess.

— Você ainda sente raiva da Tess, não é? — Math falou com um ar de preocupação.

— Até que não, mas não a quero dando em cima de mim.

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